Muitos estudos estão sendo realizados, na área da saúde, sobre a importância da espiritualidade no tratamento e prognóstico dos pacientes. Sabe-se, no entanto, que estudar e falar sobre espiritualidade é um desafio, porque, embora instigante, é ao mesmo tempo perigoso, por nos conduzir a um campo que transcende o que a ciência consegue explicar.

            Quando se fala em espiritualidade, estamos nos referindo a uma dimensão do humano - que pode ser chamada de alma -, a qual busca a sua interioridade, exercitando a sua capacidade de entrar em contato com Deus. Em sendo, assim, podemos inferir que a espiritualidade está relacionada à fé do indivíduo, pois nela reside a maneira como cada indivíduo vive sua fé, o que possibilita, inclusive, ter vários tipos de espiritualidades, dentro de uma mesma religião.

            Mas, o que é fé? Como defini-la, se é algo tão abstrato quanto à espiritualidade? Fé é a atitude interior daquele que crê. Tanto a origem da palavra fé (emunah), quanto da palavra crer (he’èmîn), vem do hebraico e significa firmeza, persuasão. Por isso, cabe questionar se é a fé ou a espiritualidade que ajuda no prognóstico do paciente.

           Penso que, muitas vezes, esses conceitos acabam por se misturar, uma vez que a linha que os separa é muito tênue.

            Como psicóloga clínica, percebo, em meu consultório, a diferença que existe no tratamento e no prognóstico dos pacientes que exercem sua fé, daqueles pacientes que se dizem ateus ou que até acreditam em Deus, mas estão com sua fé adormecida.

            A fé pode ser vislumbrada como o fio que liga o homem a Deus e que permite àquele expressá-la por meio da espiritualidade, de modo a humanizar-se, melhorando a sua sensibilidade para consigo, para com os outros e para com Deus.

            Por meio do binômio, fé-espiritualidade, o homem conseguirá desenvolver um estilo de vida saudável; consequentemente, terá uma melhor qualidade de vida; logrará o equilíbrio entre as três esferas que o constitui (mente, corpo e espírito), adoecendo menos e, quando acometido de uma enfermidade, encontrando força para  com ela melhor lidar.