Vamos brincar com a conta de identidade da economia real em macroeconomia para entendermos porque o governo constituiu o caos aéreo?

Para basearmos nossa análise, primeiro temos que entender a dinâmica em uma economia de mercado. Quando eu trato de mercado, entendemos que a economia gira em equilíbrio entre demanda e oferta. Que o saldo do estado é zerado, ou seja, não existem déficits nem superávits, a poupança privada é totalmente revestida para investimento e que não existe escassez interna. Nesse primeiro momento não avaliaremos o setor externo.

Diante desta colocação, entenderemos o que se passa no Brasil quando tratamos de aeroportos e empresas aviárias.

Em economia real trabalhamos com a seguinte identidade: S(Y ? T) + T = I(r) + G. Onde S é símbolo de poupança; Y é o produto dessa economia; T é a receita do governo, ou seja, tributos; e I(r) é o investimento influenciado pela variável exógena r, que significa taxa de juros. Para quem não sabe, variável exógena é àquela manipulável pelo governo, enquanto a variável endógena é a resposta de dada política. Por exemplo: se aumentarmos os juros, o que ocorrerá com o investimento? Ele reduzirá. É assim que funcionam as variáveis econômicas.

Nota-se que a poupança é o "resto" do produto subtraído da receita governamental. Sendo assim, um aumento nos impostos, reduz a poupança.

Fazendo uma distribuição idêntica entre as contas, perceberemos que: [S(Y ? T) ? I(r)] é o resultado econômico dos agentes privados e (T ? G) é a poupança governamental.

Pois bem. Ao fazermos esta distribuição percebemos claramente que aumento nos tributos reduz a poupança privada, já que o produto é a resposta econômica quando amplicamos variáveis exógenas. Mas, para ocorrer compensação, o juro tem que ser ampliado para não impactar na disponibilidade privada de recursos. Quem perde nessa economia é quem não tem capital para investir em títulos que são pagos por esses juros.

Nesse caso, aumenta a demanda por títulos pagos por altas taxas de juros, reduzindo o nível de investimento econômico e a geração de emprego e renda. Isso olhando pelo lado da demanda privada por recursos.

Olhando pela ótica do estado. Um aumento nos tributos eleva a poupança do governo e para ter compensação, aumentam os gastos governamentais dependendo da resposta da economia privada, pois a curva de equilíbrio é: [S(Y ? T) ? I(r)] = (T ? G). Só que o governo, já que ampliou poupança, deve elevar os gastos com investimento, já que a iniciativa privada está imóvel nessa dinâmica. Sua absorção interna foi reduzida e cresceu a demanda por títulos públicos, já que a definição dos juros é uma política de estado.

Aí que nasce o problema. O governo elevou o investimento público para suportar a elevação da demanda agregada pelo serviço aviário brasileiro? Infelizmente não. Ocorreu o inverso. O governo elevou gastos de custeio, inibindo mais ainda o setor privado que, sem mobilidade, ampliou a procura por títulos públicos cada vez mais atrativos.

Com a facilidade nos pagamentos privados para comprar passagens (podendo ser dividido sem juros até em 10 vezes), a camada da população mais pobre, que sofre com a elevação dos juros, consumiu esse serviço e reduziu sem bem-estar com ampliação das dívidas. O governo alavancou a demanda agregada sem elevar a oferta, ampliou os créditos para endividamento e reduziu a poupança privada.

Desta forma, em um mercado mais fechado e com uma curva de oferta inalterada, a demanda prejudicará a economia de mercado, já que foi ampliada, para elevação dos preços praticados nesse serviço. É assim que nascem as inflações que vivemos no momento. Fora outros fatores agregados que influenciam os preços para cima.