INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR UNYAHNA 

 COMO EDUCARE CONSULTORIA E ASSESSORIA PÚBLICA

VERONILDE DANTAS DOS SANTOS

ATIVIDADES E ESTRATEGIAS: FATORES FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE APRENDIZAGEM DO ENSINO DA MATEMÁTICA.

ESPLANADA – BAHIA

MAIO /2012

ATIVIDADES E ESTRATEGIAS: FATORES FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE APRENDIZAGEM DO ENSINO DA MATEMÁTICA.

PRODUÇÃO CIENTÍFICA: artigo

Trabalho de conclusão do curso de Gestão da Aprendizagem em Matemática apresentado a Faculdade Unyahna, sob a orientação da Professora Vania Conceição Rocha para obtenção do título de Especialista em Gestão da Aprendizagem em Matemática.

ESPLANADA – BAHIA

MAIO /2012

VERONILDE DANTAS DOS SANTOS

ATIVIDADES E ESTRATEGIAS: FATORES FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES DE APRENDIZAGEM DO ENSINO DA MATEMÁTICA.

Aprovado em:_____/_____/_______.

                                                                        Nota:__________________________.

BANCA EXAMINADORA

ESPLANADA – BAHIA

MAIO /2012

“Se realmente entendemos o problema, a

                                                                  resposta virá dele, porque a resposta não

                                                                  está separada do problema”.

                                                                  (Krishnamurt)

Atividades e estratégias: fatores fundamentais nas relações de aprendizagem do ensino da matemática.

Veronilde Dantas dos Santos 

Professora de Matemática da Rede Pública

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar reflexões sobre as razões que levam os educando do 1º ano do Ensino Médio Inovador a apresentarem dificuldades na aprendizagem do ensino da Matemática, e possíveis explicações que sirvam de alternativas para amenizar ou superar esse fato. A metodologia empregada foi através da abordagem qualitativa, e a atividade realizada foi através de observação e entrevista com professores e alunos de uma escola Estadual do Município de Entre Rios, que nos proporcionou compreender a dificuldade demonstrada pelos alunos no estudo dessa disciplina.  Por fim são apresentadas algumas possíveis reflexões, apoiadas em pesquisas e teorias que visam encontrar meios e/ou formas para amenizar as dificuldades em assimilar os conceitos de Matemática encontrados. Daí a necessidade do educador ter acesso e conhecimento das teorias de aprendizagem, como também uma melhor definição sobre a prática pedagógica utilizada.

Palavras – chave: Dificuldade de aprendizagem, matemática, aluno.

Activities and strategies: key factors in the relations of the academic learning

Of mathematics.

ABSTRACT

This article aims to present reflections on the reasons why the student of 1st year of high school to submit innovative learning difficulties in mathematics education, and possible explanations that serve as alternatives to mitigate or overcome this fact. The methodology used was through the qualitative approach, and the activity was conducted through observation and interviews with teachers and students at a state school in the city of Entre Rios, which gave us to understand the difficulty shown by students in the study of this discipline. Finally we present some possible reflections, supported by research and theories that seek to find ways and / or ways to ease the difficulties in assimilating the concepts of mathematics found. Hence the need for educators to access and knowledge of learning theories, as well as a better definition 

of the pedagogical practices used.

Key - words: Difficulty learning, math, student.

1. INTRODUÇÃO

Os problemas que se levantam no processo de ensino da Matemática são muitos, diversos e complexos. Avaliações nacionais divulgam os baixos índices de acertos dos alunos nas provas de matemática em diferentes regiões do Brasil. 

A população, de um modo geral, apresenta pouca eficácia de seu aprendizado escolar nessa disciplina, ou em outras áreas de conhecimento que demandam e exigem algum raciocínio acadêmico mais elaborado.  A pesquisa está fundamentada em reflexões sobre as concepções de avaliação da aprendizagem e tem como questão: O que fazer quando o aluno não compreende um conteúdo estudado?

Nessa área do conhecimento, as dificuldades apresentadas podem ocorrer não pelo nível de complexidade ou pelo fato de não gostar da disciplina, mas também por fatores orgânicos, psicológicos mentais, ambientais e pedagógicos que envolvem uma série de conceitos e trabalhos que precisam ser desenvolvidos. Compreender as múltiplas relações que envolvem as questões sobre dificuldades de aprendizagem na matemática bem como analisar suas evidências em atividades desenvolvidas pelos alunos do ensino médio foi objetivo de estudo nessa pesquisa. As inquietações aqui vivenciadas serviram como mobilização para um estudo voltado à questão da dificuldade do aluno frente aos conceitos matemáticos, até como forma de entendê-lo enquanto parte do ensino aprendizagem.

Um questionário foi elaborado para investigar junto a alunos e professores do ensino médio na área de Matemática a fim de compreender melhor as dificuldades de aprendizagem nessa disciplina. Neste trabalho, analisaremos as possíveis causas que estão relacionadas com os fatores internos ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática e que dizem respeito ao aluno, ao professor e as práticas pedagógicas que contribuem com maior intensidade para ocorrência dos insucessos vivenciados.

2. CONCEITO DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem consiste num processo de transformações que podem ser provocadas por estímulos perceptíveis e mediadas por emoções, e ocasionam mudanças no comportamento de um indivíduo. O processo de aprendizagem não se explica a partir de uma única teoria de aprendizagem, entretanto, pode ser caracterizada através dos resultados de articulação de fatores internos e externos de cada pessoa, das estruturas cognitivas e modo como toma posse dessa aprendizagem. 

Sabe-se que o ensino aprendizagem é um processo que se desenvolve lentamente, ao longo de um período de experiências e de interações. Assim, todas as pessoas são capazes de aprender, cada uma a sua maneira podem e devem encontrar soluções para os seus questionamentos advindos ou não de situações/ problemas. Essas soluções surgem através de mobilizações de conhecimentos precedidos de experiências anteriores ou do momento. Desse modo, o ensino deve assumir várias formas durante o seu desenvolvimento.

 Dentro desse aspecto, percebe-se que o processo de ensino aprendizagem tem como base as tentativas e erros do aluno, e como esse elabora o seu próprio conhecimento. Para Monteiro e Pompeu Jr. (2001, p. 64), “[...] ambos, professor e alunos, devem buscar a superação do conhecimento que possuem a fim de se modificarem e de transformarem a sociedade em que vivem”. Uma vez que as melhorias no ensino não dependem unicamente dos professores, mas também da família, e acima de tudo, dos educandos que devem trazer para dentro do espaço escolar seus conhecimentos prévios, suas dúvidas e aspirações.

Porem, não existe um modelo pronto e acabado que possamos seguir e solucionar os desafios do ensino da matemática. Segundo os PCN’s (p. 42) “(...) conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa a sua pratica”.

O dialogo entre professores e alunos, a cerca da compreensão em relação aos conteúdos estudados deve ser constante.  Uma vez que a formação, método de ensino e avaliação aplicados pelo professor podem auxiliar ou prejudicar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Logo, para que exista a compreensão do conteúdo estudado pelo educando, é necessário que este se sinta motivado e encorajado a aprender.

Segundo a concepção de Fernandez (1991) a aprendizagem baseia-se em hierarquia de experiências e dá-se em espiral dialética, com funções superpostas e interligadas. No decorrer dos anos novas maneiras de ver e conceber a aprendizagem foram-se estabelecendo e determinando etapas características da educação. Essas etapas foram denominadas de concepções.

 Diferentes concepções epistemológicas de desenvolvimento e aprendizagem têm levado a práticas pedagógicas distintas, e algumas delas podem ser encontradas no cotidiano escolar.

2.1. Teoria inatista

A teoria inatista relata que os indivíduos biologicamente já nascem programados para se comunicarem através da linguagem oral. Os postulados inatistas afirmam que o ambiente contribui na formação (bom, mau, racional, ativo ou passivo) do homem em relação com o meio.

Na educação, a aplicação dessa concepção produz imobilismo e resignação, pois considera o resultado do ensino aprendizagem uma ação exclusiva do aluno, uma vez que educador e unidade escolar estão isentos dessa responsabilidade. O processo de ensino e aprendizagem nessa concepção é justificado através das práticas espontaneístas, ou seja, a aplicação das características inatas é reforçada.

 Assim, os problemas relativos as dificuldade de aprendizagem advém do aluno.

2.2. Teoria ambientalista

Essa concepção, preocupa-se em explicar os comportamentos observáveis do educando, desprezando a análise de outros aspectos da sua conduta tais como: o raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre outros. A concepção ambientalista também chamada de behaviorista ou comportamentalista focaliza na experiência do aluno o conhecimento e a formação dos seus hábitos. Assim, conclui-se que a aprendizagem acontece através das experiências vividas pelo sujeito no ambiente em que vive. 

Portanto, o comportamento do homem é explicado pelas observações não aceitando a interferência dos aspectos de conduta (emoções, raciocínios, sonhos entre outros). Considera importante a proposta pedagógica que está voltada para o experimento, comprovação, avaliação, uma vez que essas tendem ao controle do comportamento e aprendizagem do aluno.    

2.3. Teoria sócio-interacionista

Para os interacionistas, meios e sujeitos são influenciados entre si, ocorrendo assim às modificações no homem que concebe a aprendizagem como um fenômeno que se realiza na interação com o outro. E essa interação deve acontecer dentro da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que é definida como a distancia entre o conhecimento já conquistado e o que está a adquirir. Nessa concepção a aprendizagem dá-se em contextos históricos, sociais e culturais e a formação de conceitos científicos ocorre a partir de conceitos do quotidiano. 

A aprendizagem é resultado de processos de interações, ou seja, há participação de sujeito com sujeito e sujeito com o meio. O educador é visto como agente da mediação, cabendo a ele a tarefa para mediar e criar estratégias que levem ao ensino aprendizagem do aluno. Neste sentido, o discente interage com o seu meio social de forma crítica e criativa e é responsável pelo conhecimento construído. 

3. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem podem ser consideradas como algo que absorve uma diversidade de problemas educacionais. Inúmeras definições para a problemática em questão são apresentadas por parte de estudiosos e pesquisadores que tinham a preocupação de que houvesse a aprendizagem por parte dos alunos.

De acordo com BRANDÃO & VIEIRA (1992), o termo aprendizagem e suas implicações (dificuldades e distúrbios) trata de uma defasagem entre o desempenho real e o observável de uma criança e o que é esperado dela quando é comparada com a média das crianças de uma mesma faixa etária, tanto no aspecto cognitivo como em uma visão psicométrica. O estudo em questão representa um campo bastante amplo e complexo, que abrange fatores socioculturais, econômicos, pedagógicos, psicológicos e familiares. Além de inviabilizar a assimilação e retenção das informações.

 Para SCOZ (1994 p.30), os problemas de aprendizagem são considerados, não como o contrário de aprender, mas como um processo diferente deste, um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar um determinado tipo de comportamento que determina o não aprender e que cumpre assim uma função positiva. 

No ensino aprendizagem, o sucesso ou o fracasso é determinado por uma multiplicidade de fatores, e quando se privilegia a análise de um deles corre-se o risco de estar excluindo outros. Este problema não tem como foco o sujeito aprendiz, mas sim um conjunto de fatores e de sua inter-relação, que envolvem direta ou indiretamente esta complexa teia.

Não é fácil encontrar uma definição clara e abrangente para designar os problemas de aprendizagem. Sabemos que a escola deve garantir aprendizagens e valores fundamentais, nela os alunos podem aprimorar seus conhecimentos científicos, interagindo na sociedade em que vivem de modo a se tornarem cidadãos atuantes e críticos.

 Frequentemente questionamentos são feitos sobre o papel de cada um nesse processo e de como solucionar os fatos. Entretanto, para compreender essas dificuldades faz-se necessário uma investigação sobre os sintomas diferenciados apresentados pelos alunos, e no modo como os mesmos processam esses dados.

4. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA

As dificuldades envolvidas no ensino e aprendizagem e os baixos índices divulgados pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) das escolas transformam a disciplina da matemática numa área de preocupação. Isto provoca um questionamento do ensino e da aprendizagem nessa disciplina. Dessa forma, entende-se que o pensamento matemático exige de cada sujeito um grande empenho acerca da abstração e formalização desses conceitos.

 A Matemática ocupa um lugar essencial nos currículos escolares, mas, em contrapartida, podem-se observar elevadas taxas de reprovação e de insucesso, desprazer e, ou frustração, na aprendizagem e no ensino dessa matéria. (VASCONCELOS, 2009). Nota-se então, que as dificuldades de aprendizagem se manifestam por diferentes motivos, sejam esses de ordem biológica, psicológica ou até mesmo hereditária. 

Na escola, o conhecimento matemático se forma a partir das relações pedagógicas com o envolvimento de professores e alunos. No entanto, a aprendizagem dessa disciplina é constituída de um conjunto de ações premeditadas, determinadas pelo professor. Assim, as dificuldades de aprendizagem podem emergir dos diferentes motivos e, por consequência, da divergência de sentidos que professores e alunos atribuem à atividade de estudar matemática.

Através de estudos, observa-se, que o aluno em perfeita condição neurológica, pode e deve desenvolver todas as suas habilidades e competências, porém isso já  não acontece com aquele que apresenta as características da discalculia. Essa dificuldade é causadora de um déficit específico da matemática que afeta a habilidade do aluno ao lidar com os números. Esse não apresenta habilidades para executar operações matemáticas/aritméticas e também com raciocínio lógico. 

Pesquisas apontam a discalculia como causadora de vários elementos abrangentes das seguintes áreas de estudo: a Neurologia, a Lingüística, a Psicológica, a Genética e a Pedagógica. Dessa forma, o professor ao deparar-se com alunos que apresentam déficit de aprendizado, precisa dispensar maior atenção a esse aluno e daí poder identificar as dificuldades ali apresentadas.

Assim, encontrar uma definição precisa para designar “problemas de aprendizagem” na disciplina de Matemática ou outra qualquer, não é fácil. Para SCOZ (1994 p.30), os problemas de aprendizagem são considerados, não como o contrário de aprender, mas como um processo diferente deste, um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisou adotar um determinado tipo de comportamento que determina o não aprender e que cumpre assim uma função positiva. Tal realidade envolve mudanças significativas nos sujeitos que fazem parte do processo de aprendizagem.

O fator determinante das dificuldades apresentadas pelos alunos com relação à matemática advém também da ausência de uma relação mais próxima entre tal disciplina e o dia-a-dia. Sabemos que é preciso inovar o ensino da Matemática, mostrando ao aluno cada vez mais a importância dessa área do conhecimento no cotidiano da população.  

Muitas dessas dificuldades estão relacionadas à prática do professor em sala de aula. O processo de desenvolvimento também difere de pessoa para pessoa, algumas aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar. É preciso que o educador faça uma analise da turma e faça adaptações nas práticas pedagógicas conforme a necessidade de cada uma. Nesse sentido, as mudanças de estratégias de ensino podem e devem contribuir na aprendizagem do ensino da matemática.

 O professor ao rever a metodologia de sala de aula, poderá detectar as dificuldades de aprendizagem e evitará diferentes rótulos visualizados injustamente durante todo o processo de avaliação. Pais e educadores devem procurar auxilio o mais rápido possível, evitando o fracasso dos mesmos. Terezinha Carraher, no seu livro “Na vida dez, na escola zero” (2001), destaca que, muitas vezes, os alunos não aprendem matemática na escola, mas usam a matemática no seu dia-a-dia com sucesso.

Os alunos quando portadoras de discalculia, não conseguem identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, compreender conceitos de medida, sequenciar, assimilar conceitos matemáticos, entre outros. Portanto, se fazem necessárias reflexões que permitam a dinamização do ato de ensinar e aprender matemática.

5. REFLETINDO SOBRE A NECESSIDADE DE DIVERSIFICAR ATIVIDADES E ESTRATÉGIAS NAS AULAS DE MATEMÁTICA 

Não existe uma única forma para se conceber um conceito matemático. Isso se deve ao fato de existirem diferentes concepções filosóficas, e por isso se torna possível falar de diferentes práticas/estratégias educativas. O saber matemático constitui-se de noções objetivas, abstratas e gerais, e não ha como negar a intermediação da subjetividade e da particularidade na elaboração das atividades desenvolvidas pelo homem. Porém é preciso ampliar as estratégias de ensino e diversificar as metodologias para que essa aprendizagem seja prazerosa e significativa para o aluno.

O professor ao lecionar com a disciplina de Matemática deve recorrer ao conhecimento: da ciência, do currículo, dos alunos, de si (quando prepara e conduz o processo de ensino aprendizagem), como também dos processos cognitivos e afetivos presentes na aprendizagem de cada educando. Os conceitos estudados devem ser contextualizados, tentando desde então, relacioná-lo a uma situação do cotidiano que seja mais compreensível para o aluno. 

 Na aprendizagem da matemática, é necessário que o desenvolvimento do raciocínio-lógico, que é uma das competências que o ser humano precisa adquirir, seja trabalhado além de muitos outros conceitos cognitivos. Assim, a valorização do raciocínio lógico e argumentativo torna-se objetivo de sala de aula.

Para desenvolver a competência da matemática através de uma aprendizagem significativa é necessário que o conceito matemático seja acompanhado de situações do cotidiano, ou seja, em que o mesmo seja efetivamente aplicado. O trabalho com a resolução de problemas amplia os valores educativos do saber matemático do educando, e o desenvolvimento dessa competência contribui na sua formação. 

Buscar problemas que permitam mais de uma solução, que valorizem a criatividade e admitam estratégias pessoais de pesquisa, se faz necessário.  Quando o sujeito passa a ter um domínio sobre um determinado saber, é possível desencadear uma ação mais transformadora, geradora de novos saberes.

A memorização e a repetição também fazem parte do processo de aprendizado, desde que precedidas de entendimento. Depois que os alunos compreendem o processo do cálculo sobre o conceito estudado, é muito importante que o processo da memorização seja concretizado para que os mesmos não fiquem presos apenas no papel e quando forem realizar qualquer cálculo mental, seja até mesmo um simples cálculo, sintam-se incapazes de realizá-lo. 

De fato, o conhecimento matemático não se consolida como um rol de ideias prontas a serem memorizadas, muito, além disso, é um processo significativo de ensino que deve conduzir os alunos à exploração de uma grande variedade de ideias e de estabelecimento de relações entre fatos e conceitos de modo a incorporar os contextos do mundo real, as experiências e o modo natural de envolvimento.

Por memorização, entende-se: capacidade que o aluno tem de reter, recuperar, armazenar informações no cérebro (que estará fazendo uso por diversos momentos em sua vida), e será adquirida com o processo de repetição. Quando bem desenvolvida e fundamentada a memorização só trará benefícios aos alunos, iniciando pela sua confiança própria que aumenta ao conseguir realizar suas próprias atividades a partir de seu conhecimento adquirido. 

Estudos nos mostram que a manipulação de materiais e o uso de jogos, quando bem planejada se caracteriza uma indispensável estratégia para o desenvolvimento de habilidades tais como: observação, análise, levantamento de hipóteses, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização. O trabalho com jogos requer um bom planejamento das ações e intervenções que deverão ser praticadas, e com isso poderá vir a gerar um aprendizado. Sabe-se que através dos jogos os alunos compreendem e utilizam melhor as regras necessárias ao processo ensino-aprendizagem.

Segundo Kishimoto (2005) os jogos de construção são considerados de grande

importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver as habilidades da criança”.

Também, não se pode afirmar que a tradicional aula de giz e quadro negro seja a metodologia mais eficaz para transmissão do conteúdo, contudo é fato que a mesma não deva ser dispensada, uma vez que nenhum material é válido por si só, mas reforçado. Também é preciso variar nas metodologias, com a utilização de outros recursos, para que assim possamos atingir a aprendizagem da maioria de nossos alunos. 

Observa-se que uma importante proposta para a formação dos conceitos Matemáticos, seria a compreensão do professor como mediador do processo de construção do conhecimento do aluno. E é através  da criação de situações pedagógicas que sirvam para exercitar a capacidade dos alunos para pensar e buscar soluções sobre os problemas apresentados que a mediação acontece. Partindo dessas discussões, a prática de todo educador deve fundamentar-se nas seguintes competências: planejamento do ensino aprendizagem, facilidade para transpor essa aprendizagem e avaliação de todo esse processo de aprendizagem.

Diante dessas discussões, torna-se indispensável que se crie um espaço onde o aluno seja sujeito da sua própria aprendizagem e professores possam planejar suas aulas com atividades não apenas voltada para o desenvolvimento do conteúdo específico, mas também de habilidades que enriquecerão a formação geral do aluno. Diante destes princípios significativos, o processo metodológico e político no ensino da Matemática tem que ser contemplado com novas práticas que atendam as perspectivas de seus educandos, estimulando-os e motivando-os de forma consciente.

6. DIAGNÓSTICO DA PESQUISA 

O estudo baseia-se numa pesquisa de abordagem qualitativa, na qual se relata os resultados obtidos apoiados na aplicação de questionários. Como afirma Oliveira (2002, pg. 114) os estudos descritivos permitem ao pesquisador a obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam no aparecimento de determinado fenômenos.

A fim de analisar os problemas evidenciados na área de conhecimento da Matemática, foi aplicado um questionário a 02 professores licenciados em Matemática e com alguns alunos de 04 turmas do ensino médio de uma escola pública com o intuito de observar as suas percepções sobre os possíveis fatores que possam relacionar o insucesso desses educandos. O questionário foi elaborado e aplicado a 30 alunos/as do 1º ano do Ensino Médio, dos quais 50% têm entre 15 e 16 anos; 35% entre 17 e 18 anos e 15% possui idade equivalente a 20 anos ou mais. Observa-se que 90% deles/as são estudantes oriundos de escolas públicas.

A coleta de dados trás abordagens sobre os seguintes aspectos: dificuldades de aprendizado, conduta dos alunos; conduta dos professores; métodos e técnicas de ensinos utilizados nas aulas de Matemática. Inicialmente a pesquisa teve inicio com a teoria da abordagem, paralelamente, foi prestado esclarecimentos à escola e convite aos estudantes a participarem da mesma. 

Em contato com os indivíduos da pesquisa, foi acertado dia e horário para a realização dos questionamentos, desde então professores e alunos foram entrevistados.

Desse modo, o processo metodológico está organizado nas seguintes etapas: (1) levantamento e revisão bibliográfica com a consulta em livros, (2) leitura e esclarecimento das questões propostas; (3) distribuição do questionário e recolhimento após 20 minutos, (3) comparação, interpretação e análise dos dados e materiais selecionados. Visando a preservação da identidade da instituição e dos sujeitos pesquisados, os mesmos não serão identificados. Após a análise dos dados, observa-se o registro das entrevistas efetuadas:

6.1. Dificuldades no aprendizado

Os alunos citaram os seguintes fatores que vem a favorecer a não aprendizagem dos conceitos matemáticos estudados pelos mesmos: bagunça na sala de aula, e até mesmo nos pavilhões da escola, aluno não se sente a vontade para questionar sobre a matéria, professor não é paciente com os alunos, tarefa de casa não é cobrada pelo educador, linguagem utilizada pelo professor para explicar o conteúdo é muito confusa e distante do cotidiano gerando assim falta de estimulo para estudar os conceitos matemáticos como esses são apresentados.

Os professores pesquisados consideram que alguns fatores tendem a contribuir para a dificuldade dos alunos no aprendizado da Matemática, tais como: defasagem bastante acentuada entre os conteúdos matemáticos ministrados no ensino fundamental, dificuldade de abstração pelos educandos em relações aos diversos conceitos apresentados uma vez que os mesmos estão envolvidos em várias ideias e todas devem ser bem compreendidas, pouco ou quase nenhum desejo por parte dos alunos em conceber o conhecimento.

6.2. Conduta dos alunos

A pesquisa revela que: o aluno tem pouca participação em sala de aula, alguns repetem as informações que são transmitidas durante as exposições de sala pelo professor, quase que não faz nenhum questionamento durante as aulas, não suporta situações que o faça refletir, gosta de atividades que venham acompanhadas de um modelo, é pouco criativo, ou seja, muitas vezes não se apropria de desenhos para encontrar estratégias e assim poder solucionar um problema proposto.

6.3. Conduta dos professores

Pelos relatos apresentados, observa-se que: O professor não consegue conceituar uma das dificuldades da matemática (discalculia), há presença de pouca atividade grupal realizada em sala, a intervenção entre professor/aluno ocorre o mínimo possível, não há propostas de situações problemas que não exijam uma resposta única evitando assim uma fixação rotineira dos mesmos, objetivos propostos nas diversas atividades citadas não trazem certa clareza, a metodologia usada algumas vezes não é apropriada para a compreensão e acompanhamento pela turma, faz pouco uso de atividades com objetivos desafiantes, ao preparar e desenvolver as atividades ignora os alunos que mais necessitam de orientação, pois dedica boa parte da sua atenção aos que já tem um bom desenvolvimento. 

6.4. Métodos e técnicas de ensinos utilizados nas aulas de matemática

Como afirmam os professores, as formas de trabalho mais utilizadas em sala de aula é através da exposição oral da matéria, exercícios do livro didático e resumo no quadro sobre o conceito estudado. Embora reconheçam que a estratégia utilizada condiz com a pedagogia Tradicional, dizem os mesmos que quando tentam introduzir estratégias diferenciadas que possam estimular mais o aluno para a aprendizagem dos conteúdos apresentados em sala, esses não respondem ao que foi exposto, demonstrando desinteresse, preguiça, barulho, inquietude e reclamam o tempo todo. Nesse sentido, citam como exemplo o trabalho com a calculadora, que pode ser um valioso instrumento para verificar e corrigir resultados além do ganho no tempo disposto na execução dos cálculos. É notório o desinteresse demonstrado pelos alunos em buscar por hora à aplicação de suas demonstrações, desde então, os professores dizem focar a aula na pedagogia tradicional.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos realizados neste trabalho proporcionou a visualização critica sobre as dificuldades dos alunos em assimilar os conceitos matemáticos. Dessa forma, nos dias de hoje, compreender que a aprendizagem baseada em informações acumulativas tende a formar/mediar cidadãos desprovido de exercerem até as mais simples atividades do dia-a-dia. Sabe-se que a educação contemporânea requer um novo ensino/aprendizagem, porém alguns professores persistem ainda em desenvolver ações voltadas para memorizações, ações essas que não fazem sentido para o aluno, não havendo nenhuma relação que possa priorizar o seu contexto. Constata-se, também, que o desenvolvimento de atitudes e capacidades intelectuais de cada indivíduo pode ser comprometido, toda vez que o processo de ensino aprendizagem ocorrer através do acumulo de informações em regras e conceitos.

 Desde então, o modo do ensino e aprendizagem em Matemática não precisa se reduzir à mera exposição de informações, mas ser orientado de forma que o aluno possa ser envolvido diretamente na construção desse conhecimento. Para que isso ocorra, o professor pode valer-se de diferentes recursos como jogos, desafios, tecnologias de informação, uso da calculadora, pesquisas, relatórios, história da Matemática e também resolução de problemas desafiantes que estejam contextualizados ao cotidiano.

 A escola por sua vez deve garantir aos alunos o desenvolvimento do raciocínio lógico de diversas formas possíveis. Um trabalho conjunto entre sistema de ensino, professores, alunos e pais se faz necessário para que a problemática do ensino aprendizagem da Matemática seja tratada e acompanhada, buscando assim alternativas que possam desenvolver o individuo dentro desse contexto. 

O processo ensino/aprendizagem deve valer-se de métodos que possam facultar a motivação/assimilação desse aprendizado no que tange as habilidades dos alunos nessa área do conhecimento (Matemática). Contudo, questões relacionadas à percepção, abstração e distúrbios de aprendizagem precisam ser diagnosticadas e acompanhadas pelos profissionais da área educacional, a fim de encontrar soluções para a aprendizagem dos alunos. É preciso também que toda a equipe escolar contemple as diversas dimensões da vida do aluno, percebendo-as como mais um instrumento para seu desenvolvimento integral, visto que as dificuldades de aprendizagem não têm como causa geradora apenas um fator.

Assim, espera-se que as informações registradas nessa pesquisa, possam desafiar os educadores a refletirem sobre as dificuldades encontradas no ensino aprendizagem da Matemática, bem como produzir caminhos pedagógicos diferenciados para prevenção das mesmas.

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA:

BRANDÃO, A e VIEIRA, C. Definições e Indefinições da Aprendizagem.  São

Paulo: Summus, 1992.

CARRAHER, Terezinha. Na vida dez, na escola zero. São Paulo. Ed. Cortez,          2001.

COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. Editora Ática, 1999.

DANTE, Luiz Roberto. Didática da resolução de problemas de matemática. São Paulo: Ática, 1989.

DIENES, Zoltan P. Aprendizado moderno de matemática. 3. ed. Rio de Janeiro:Zahar, 1974.

FERNÀNDEZ, A. A Inteligência Aprisionada – abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre. Art Med, 1991.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

GOMES, Ana Maria Salgado; TÉRAN, Nora Espinosa. Dificuldades de Aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. São Paulo: Cultural S/A, 2009.

 KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.

8. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

MONTEIRO, Alexandrina; POMPEU Jr., Geraldo. A matemática e os temas transversais. São Paulo: Moderna, 2001.

PCN - Parâmetros curriculares nacionais: Matemática/ Secretaria de Educação

Fundamental – Brasília: MEC/ SEF. 1998. 148p.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 2ª ed. Editora Vozes: Petrópolis,1994.

VASCONCELOS, Cláudia Cristina. Ensino aprendizagem da matemática: velhos problemas, novos desafios. Revista Millenium n o 20. São Paulo, 2009.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1998.