COTRIM, Nayara Antunes
[email protected]
Orientadora: NOBRE, Elma Maria
[email protected]
Instituição: Faculdades Integradas do Norte de Minas ? FUNORTE / SOEBRAS.
Montes Claros / MG, Brasil

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de identificar as principais dificuldades, quanto ao emprego dos elementos coesivos sino e pero da língua espanhola, encontradas por discentes do período X do curso de letras português/espanhol de uma faculdade particular de Montes Claros- MG, a partir de aulas expositivas e orientações realizadas pela docente responsável pela disciplina de língua espanhola e de textos produzidos pelos acadêmicos. Para a realização desta pesquisa, foram escolhidas aleatoriamente 10 (dez) produções textuais dos alunos deste período para posterior análise. Este artigo tem como apoio os pesquisadores: Koch (A coesão textual e O texto e a produção de sentidos), Koch e Travaglia (A coerência textual), Torrego (Gramática didáctica del español), Geraldi (Prática da leitura na escola), entre outros.

PALAVRAS - CHAVE: Coesão, Coerência, Sino, Pero, Elementos Coesivos, Produções Textuais.

RESUMEN

Este artículo tiene el objetivo de identificar las principales dificultades, en cuanto a la utilización de los elementos de cohesión sino e pero de la lengua española, encontradas por estudiantes del período X del curso de letras portugués/español de una facultad particular de Montes Claros-MG a partir de clases expositivas y orientaciones realizadas por la maestra responsable por la asignatura de lengua española y de textos producidos por los académicos. Para la realización de esa investigación fueron seleccionadas aleatoriamente 10 (diez) producciones textuales de los alumnos de ese período para posterior análisis. Este artigo tiene como soporte los pesquisidores: Koch (La cohesión textual y El texto y la producción de sentidos), Koch y Travaglia (La coherencia textual), Torrego (Gramática didáctica del español), Geraldi (Práctica de la lectura Hem la escuela), entre otros.

PALABRAS - CLAVE: Cohesión, Coherencia, Sino, Pero, Elementos de Cohesión, Producciones Textuales.


1 - INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo identificar as principais dificuldades encontradas pelos acadêmicos de um período X do curso Letras Português/ Espanhol de uma faculdade particular de Montes Claros- MG tendo como foco principal as dificuldades apresentadas na aplicação dos conectores sino/pero na escrita de textos em língua espanhola.
Sabe-se que nos níveis fundamental e médio de escolas públicas, geralmente o ensino da língua estrangeira restringe-se ao inglês tornando então mais dificultosa a vida acadêmica do aluno, especificamente os do curso de letras espanhol, visto que a língua estrangeira alvo é o referido idioma.
Devido à falta da língua espanhola nas escolas da rede pública, torna-se mais difícil o ensino/aprendizagem porque de um lado há o professor que tem que fazer um esforço maior e ter mais paciência para que o acadêmico assimile melhor o conteúdo, e do outro o acadêmico que, devido à falta de conhecimento prévio, tem certa dificuldade para que haja um pouco de domínio da disciplina.
Considerando a importância do espanhol no mundo globalizado e essas limitações do espaço ensino-aprendizagem desse idioma, é que se decidiu abordar essa temática.
Para a realização desse artigo, foi utilizada a experiência pessoal de acadêmica no período para que se relembrasse do método de trabalho do docente responsável pela disciplina de língua espanhola. Sendo que após várias atividades orais, o professor orientou os alunos a escrever textos sobre o tema discutido em sala de aula e que contivessem os conectores sino e pero; destes textos produzidos pelos acadêmicos foram selecionados aleatoriamente 10 (dez) para ser o corpus da pesquisa. A identidade dos autores das produções textuais foi preservada.
Para que fosse possível a realização desse processo, foi utilizado basicamente o método bibliográfico e explicativo, e a pesquisa teve como apoio os pesquisadores Ingedore Koch (O texto e a produção de sentidos, A coesão textual), Koch e Travaglia (A coerência textual), Leonardo Gomes Torrego (Gramática didactica del español), João Wanderley Geraldi, Graça Paulino, entre outros.
Esta pesquisa baseia-se principalmente em experiências acadêmicas na tentativa de compreender as dificuldades apresentadas na escrita de produções textuais do ponto de vista da coerência e coesão, atendo-se, sobretudo, aos conectores em estudo.



2-PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

2.1-A LEITURA

De acordo com Barthes e Compagnon (1987) apud Paulino; Walty; Fonseca e Cury (2001 p.11) a definição de leitura na enciclopédia é vaga, tendo o leitor que decifrar o que o autor quis dizer no texto.
O texto tem o papel de propor um sentido que pode ser aceito ou não dependendo do ponto de vista do leitor, que é também um produtor de sentidos.
Graça Paulino (2001 p.14) afirma que:

O ato de ler é motivado por um desejo e, ao mesmo tempo, atravessado pelo inconsciente. Isso significa que o leitor não controla todas suas ações; antes investe no texto seus medos, suas angústias, suas fantasias, suas esperanças...

Quer dizer que o leitor, quando se depara com o texto a ser lido, já traz dentro de si um conhecimento de mundo adquirido em suas relações sociais, suas fraquezas e dificuldades, expectativas que podem ou não ser boas e isso vai depender de como o texto é apresentado ao leitor.
A maneira como a leitura é trabalhada nas escolas é de fundamental importância, já que é assim que se percebe o progresso do aluno, ou seja, se será um leitor crítico ou não. Às vezes, a postura da escola quanto ao ensino é tão rígida que o aluno não consegue ter prazer na leitura. É importante que o professor, ao fazer a proposta de leitura, dialogue com os alunos a fim de que os mesmos, se não conhecem o assunto, passem a conhecê-lo e o torne de mais fácil compreensão.
A autora Marisa Lajolo (1982 p.59) apud Geraldi (2003 p.91) diz que

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura, que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.

Na afirmação supracitada percebe-se a importância que a autora dá à criticidade do leitor, ou seja, o leitor não deve ser omisso com o texto. O leitor tem que ter consciência de que a leitura é o encontro com o autor, esse se dá pela forma da escrita. O leitor deve ter maturidade ao ler um texto, ler nas entrelinhas, isto é, não só o que está explícito, mas as ideias nele contidas.
De acordo com Ingedore Koch, o texto tem a óptica do contexto e condições sociais do autor, é uma unidade de comunicação, possui referências com a realidade, faz referência à comunicação, realiza alguma intenção, tem que possuir uma boa formação, isto é, tem que ser linear e coerente. Também deve haver uma sucessão de unidades linguísticas, ou seja, os elementos gramaticais não podem ser escolhidos aleatoriamente. E deve também ser escrito segundo as regras gramaticais.

2.2-A COERÊNCIA TEXTUAL

A coerência textual está ligada ao sentido empregado no texto e também ao sentido construído pelo interlocutor de ordem cognitiva (que são aspectos mentais, ou seja, tudo aquilo que é processado no cérebro), como se refere Koch e Travaglia (2004 p.21):

A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto.

Também de acordo com Koch e Travaglia, a coerência não está somente no texto, mas também deve ser construída a partir dele. De acordo com o exemplo apresentado por eles no livro "A coerência textual" (20041): (1) "Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa". Nota-se que há falta de sentido na frase do ponto de vista que não há possibilidade de conter uma mesma realização acabada em um primeiro momento e ao mesmo tempo não acabada num segundo, o que fatalmente acarreta incoerência inaceitável na construção textual para o entendimento do texto.
Já na sequência abaixo transcrito da obra A Coerência Textual:










(2) O Show

O cartaz
O desejo

O pai
O dinheiro
O ingresso

O dia
A preparação
A ida

O estádio
A multidão
A expectativa

A música
A vibração
A participação

O fim
A volta
O vazio

O texto acima foi criado a partir de uma proposta de um modelo de Affonso Romano de Sant?Anna mostrando que mesmo uma lista de palavras sem nenhuma ligação sintática e sem nenhuma explicação quanto à relação entre elas, pode-se perceber a unidade de sentido estabelecido pelos seus componentes. O que faz com que o texto tenha sentido é o conhecimento prévio que o leitor tem do que seja um show, ou seja, está arquivado em sua memória um modelo de um show, desde a divulgação, até o sentimento de vazio quando tudo acaba e o espectador volta para sua casa. A partir de outro exemplo escrito por esses autores na mesma obra, eles apresentam o mesmo texto, porém de forma descritiva fora do modelo citado acima. Observe:

(3) O Show

Sexta-feira Raul viu um cartaz anunciando o show de Milton Nascimento para a próxima terça-feira, dia 04/04/89, às 21h, no ginásio do Uberlândia Tênis Clube na Getúlio Vargas. Por ser fã do cantor, ficou com muita vontade de assistir à apresentação. Chegando em casa, falou com o pai que lhe deu dinheiro para comprar o ingresso. Na terça-feira, dia do show, Raul preparou-se, escolhendo uma roupa com que ficasse mais à vontade durante o evento. Foi para o UTC com um grupo de amigos. Lá havia uma multidão em grande expectativa aguardando o início do espetáculo, que começou com meia hora de atraso. Mas valeu a pena: a música era da melhor qualidade, fazendo todos vibrarem e participarem do show. Após o final, Raul voltou para casa com um vazio no peito pela ausência de todo aquele som, de toda aquela alegria contagiante.

É preciso salientar que tanto no texto (1) quanto no texto (2) a falta ou presença de conectores, que são elementos de coesão (que será abordado a seguir), não prejudica o sentido do texto, ou seja, há coerência.





2.3-A COESÃO TEXTUAL

A coesão textual é estudada dentro do ramo da Linguística, mais especificadamente na Linguística Textual, que aborda os fenômenos sintático-semânticos entre os enunciados, ou seja, os fenômenos que descrevem a relação das frases entre si e o significado das palavras respectivamente. Segundo Koch (2007, p.45):

Podemos conceituar a coesão como fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados entre si, por meio de recursos também linguísticos, formando seqüências veiculadoras de sentidos.

Pode-se salientar que a coesão é o conjunto de conectores que, ao serem inseridos de forma correta no texto, dá a ele a coerência esperada. Em Koch (2005, p.13), há um exemplo que define bem a importância da coesão textual para um texto:

Os urubus e sabiás

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles, haveriam de se tornar grandes cantores. E para isso fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros...

No exemplo citado acima, se pode observar que o texto não é um amontoado de frases sem nexo, ou uma soma de frases isoladas, essas frases são entrelaçadas por chamados recursos de coesão textual. De acordo com Halliday & Hassan: "a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro", ou seja, para que haja coesão é necessário que os enunciados tenham ligação entre si, visto que uma oração não faz sentido sem a outra. Os conectores estabelecem a relação entre elementos do texto, correlacionam o que está para ser dito com o que já foi dito. A coesão divide-se em duas ramificações: a coesão referencial e a coesão seqüencial.
Basicamente, a coesão referencial está ligada à disposição dos elementos coesivos no texto, em que um elemento faz remissão a outro no texto. O primeiro elemento é chamado forma referencial ou remissiva e o segundo elemento de referência ou referente textual. O elemento de referência/ referente textual pode ser representado por um nome, um sintagma, um fragmento da oração ou um todo enunciado.
Pode-se tomar, por exemplo, a frase: (1) O homem subiu rapidamente as escadas. Lá em cima (2) ele descobriu que estava no andar errado. Em (1) o elemento é denominado forma referencial, e em (2) o termo é o elemento de referência, ou seja, remete a um elemento que já foi dito.
Já a coesão seqüencial subdivide-se em sequenciação parafrástica e sequenciação frástica. A sequenciação parafrástica dá-se quando o autor utiliza de formas diferentes a serem percebidas pelos leitores. Para isso utiliza-se de artifícios que são chamados de elementos de recorrência que, de acordo com Koch (2000 p. 51 a 54), são:
1 ? Recorrência de termos: "reiteração de um mesmo item lexical" geralmente usado para idéia de continuidade ou enfatização. Por exemplo: "E o trem corria, corria, corria...".
2 ? Recorrência de estruturas: "usa-se as mesmas estruturas sintáticas, preenchidas com itens lexicais diferentes". Como o exemplo de Gonçalves Dias:



(1) Nosso céu tem mais estrelas, (2)
(1) Nossas várzeas tem mais flores, (2)
(1) Nossos bosques tem mais vida, (2)
(1) Nossa vida mais amores. (2)

Em (1) tem-se a mesma estrutura sintática e em (2) são os itens lexicais diferentes usados no preenchimento da estrofe.
3 ? Recorrência de conteúdos semânticos-paráfrase: "mesmo conteúdo semântico apresentado sob formas estruturais diferentes", significa que o autor usa o texto de um outro, com palavras diferentes, o que é muito recorrente em trabalhos acadêmicos.
4 ? Recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou supra-segmentais: o autor utiliza características da poesia como: o ritmo, a rima, a assonância, a aliteração, etc.
5 ? Recorrência de tempo e aspecto verbal: é fator coesivo a partir do momento em que o autor indica ao leitor/ouvinte que se trata de uma seqüência, principalmente temporal, a partir do modo em que a seqüência verbal é utilizada.
A sequenciação frástica se dá pelas relações gramaticais formadas por marcas lingüísticas, que são os elementos coesivos, tornando o texto mais rápido e de leitura mais eficiente.

2.4-OS CONECTORES

De acordo com Daniel Mazzaro, para se estudar os conectores é necessário primeiramente definir a ideia de vocabulário, pois geralmente quando uma pessoa é questionada a respeito do que seja vocabulário, ela se remete somente àquelas palavras que têm maior carga semântica, por exemplo: os substantivos, os adjetivos, os advérbios, as expressões e os expletivos. De acordo com Sousa, vocabulário são palavras contextualizadas, não funcionam isoladamente, mas em combinação com outras palavras. Mazzaro diz que quando se delimitam as classes gramaticais, chama-se de vocabulário fechado, ou classes de palavras fechadas porque é um léxico limitado. Diz também que quando há dificuldade da definição de vocabulário há também dificuldade de ensino/aprendizagem das palavras.
Fazem parte do vocabulário também os conectores, que de acordo com Portolés apud Mazzaro (1998) são:

Son unidades lingüísticas invariables, no ejercen una función sintáctica en el marco de la predicación oracional y poseen un cometido coincidente en el discurso: el de guiar, de acuerdo con sus distintas propiedades morfosintácticas, semánticas y pragmáticas, las inferencias que se realizan en la comunicación.

Estas unidades linguísticas são usadas principalmente para que um texto seja coerente, tem o papel de relacionar umas palavras com outras para que as frases não fiquem soltas ou isoladas no texto.
Este trabalho tem um enfoque no uso dos conectores da língua espanhola os quais foram utilizados na produção de textos nesse idioma que aqui será chamado de LE. No espanhol as conjunções são classificadas em coordinantes e subordinantes .
As conjunções coordinantes abrangem as palavras de mesmo nível, não têm nenhuma relação de dependência. Dividem-se em: copulativas, disyuntivas, adversativas, consecutivas e explicativas .
As conjunções subordinantes unem uma oração subordinada a uma palavra ou a outra oração. Dividem-se em: completivas, consecutivas, causales, finales, concesivas, temporales, modales, condicionales e comparativas.
Para a análise de dados será dado enfoque às conjunções adversativas sino e pero da LE, sendo que a conjunção pero "introduz uma ideia que contrasta com outra anterior" como mostra o exemplo, tengo una piscina en casa, pero, no sé nadar . Ou limita a ideia anterior, como no exemplo a seguir: Tu hermano no há llegado, pero sí tu cuñada . Este elemento de coesão tem o valor da conjunção mas da língua portuguesa, por exemplo, intenté ayudarte pero me equivoqué .
O conector pero também pode ser usado para acrescentar uma ideia que contrasta com uma outra ideia negativa anterior na oração, por exemplo, Jane no habla español, pero lo comprende .
Já a conjunção sino que, não apresenta um correspondente na língua portuguesa, causa grande dificuldade na aprendizagem do aluno; é uma conjunção usada para fazer uma correção. Nega-se um elemento de uma ideia e o substitui por outro, como no exemplo a seguir: Jane no hablaba español sino inglés.
Há também uma particularidade acerca do uso do conector sino, que é a ocorrência desse elemento coesivo introduzindo um verbo conjugado. A este caso, usa-se sino que, como evidencia a seguinte oração: El ladrón no huyó por la ventana, sino que estuvo escondido en la casa hasta que llegó la policía .
De acordo com Romanos e Jacira (2004, p.319):

Sino es una conjunción adversativa típica del idioma español. La construcción en que se utiliza parte siempre de una negativa: primeramente se dice lo que no es para, a continuación, afirmar lo que es. Ese procedimiento proporciona un tono enfático a la afirmación, y la enfasis es, en efecto, una de las marcas de la cultura española reflejada en el idioma.

Por exemplo, no intentó ayudarte sino fastidiarte.


3-ANÁLISE DE DADOS

Serão abordadas aqui as dificuldades encontradas pelos acadêmicos do período X, de uma faculdade particular de Montes Claros, na produção de textos, levando em consideração a habilidade de utilização dos conectores sino e pero da língua espanhola.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999 p.139):

O processo ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem, consideradas em um processo discursivo de construção do pensamento simbólico, constitutivo de cada aluno em particular e da sociedade em geral.

Estas propostas também são muito importantes para o ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira, então para isso a professora primeiramente realizou aulas para que os alunos se inteirassem do assunto a ser abordado. Ela também propiciou aos acadêmicos, conhecimento de mundo sobre a temática estudada, trabalhando dois textos expositivos em espanhol; passou também para eles textos que faziam referência ao tema proposto, que eram dois jornais da cidade de Montes Claros, fazendo um confronto entre os periódicos e outros meios de comunicação de massa quanto ao seu papel de bem informar à sociedade.
Após a leitura dos textos, houve um momento para o conhecimento a respeito de como funciona o jornalismo, abordado por um professor do curso de jornalismo, o qual salientou como realmente os jornais são feitos: cada seção, desde a primeira página até o horóscopo.
Então os alunos foram levados a refletir sobre a qualidade dos textos jornalísticos, e foi proposta a análise de dois jornais locais para que eles aplicassem a aula da professora na prática.
Analisaram tanto a diagramação, quanto a qualidade textual dos jornais escolhidos, debateram sobre qual seria o melhor jornal, em matéria de nível de interesse dos assuntos abordados, organização textual,ortografia, coesão, coerência, etc.
Em seguida, a docente fez uma revisão dos conectores em estudo, a partir de atividades orais e escritas. Nesse momento, foi retomado o tema solicitado para a produção e, consequentemente, houve a escrita dos textos.
Após a observação das referidas produções textuais, foi constatado que as mesmas apresentam coerência e demonstram o conhecimento de mundo dos alunos em relação ao tema proposto. Já com relação ao emprego dos conectores em estudo, não houve a mesma regularidade como será apresentado a seguir.
No texto 1, há o emprego dos dois conectores; todas as vezes que o conector pero foi utilizado, foi empregado corretamente como, por exemplo, no trecho a seguir:

El periódico era considerado el medio de comunicación más completo y eficiente, capaz de llevar al lector informaciones com prestigio, pero analizando el Periódico de Noticias y el Gazeta Norte Mineira percebimos que hubo una caída en su calidad.

Como dito anteriormente, o conector da língua espanhola pero é um conector que tem um correspondente em língua portuguesa que é a conjunção mas, então devido a haver essa correspondência é mais fácil a utilização e a possibilidade de erro é menor.
Já o conector sino, que não tem o correspondente na língua portuguesa, é de mais difícil o uso, como no trecho a seguir:

En la primera página del Gazeta no hay muchas reportajes, sino que hay dos imágenes grandes que ocupan mucho espacio, mientras que en el periódico de Notícias posee un número más grande de informaciones y imágenes.

No trecho apresentado acima, o autor do texto tenta usar o conector sino, mas não alcança seu objetivo visto que não consegue passar a ideia de retificação, de correção proposta pela conjunção. Ele deveria utilizar o conector pues que significa pois, e assim daria a este trecho a coerência necessária.
No texto 2, há também o uso correto da partícula pero como no exemplo abaixo:
Los periódicos locales Jornal de Noticias y Gazeta tienen cómo función informar y convencer la población sobre las noticias que ocurren en nuestra región, pero las dos midias no presentan a la sociedad noticias de calidad...

Contudo, mesmo com um bom nível lexical, uma boa organização textual, este texto não apresenta o uso do conector sino não correspondendo à proposta inicial realizada pela docente responsável pela disciplina de LE.
O texto 3 já evidencia bem o sentido de adversidade proposto pela conjunção sino, como no exemplo abaixo: "Si creemos que el periódico no es solo más un medio de comunicación de masa, sino uno de los medios más accesibles a la población...".
Também há o correto emprego do conector pero como no exemplo citado abaixo: "... presentan temas interesantes, revelan textos bien desarrollados, pero con muchos errores de ortografía.".
Apesar de possuir uma pequena dificuldade acerca do léxico, o texto 4 apresenta o uso correto do elemento coesivo sino como no trecho abaixo:

Su papel en las democracias modernas no es solo como agente de fiscalización de las acciones, sino agente de información al público y también agente de democratización de las relaciones sociales.

O conector pero também está correto ao longo da produção textual. O trecho abaixo exemplifica bem a utilização: "La mídia impresa estimula la alfabetización, pero no es lo que acontece entre los periódicos de Montes Claros".
O autor do texto 5 não conseguiu utilizar corretamente o conectivo sino. Nas duas vezes em que foi empregado, foi usado com a função do elemento pero, como nos exemplos abaixo:

Me gusta más el periódico Jornal de Notícias sino las fotos podrían ser mayores y con menos colores". "Las noticias del periódico Jornal de Notícias presentan una cosa peculiar que es que al leer, nosotros podemos tener sorpresas con el empleo de algunas notas sino que no hay nada que me llamó la atención en Gazeta....

Quanto ao uso do conector pero, o mesmo foi bem empregado, como no trecho a seguir:

Las noticias urgentes tienen fotos grandes y las menos importantes son presentadas con menos énfasis pero tengo que decir que tienen una argumentación idéntica las notícias, pues la paragrafación son respetadas....

Na produção textual de número 6, há a utilização correta do conector sino, como apresenta o trecho abaixo: "En el periódico Gazeta no hay muchas reportajes sino imágenes...".
O elemento de coesão pero foi empregado da forma correta, como mostra o exemplo a seguir: "La población norte mineira intenta buscar todos los días información interesante en los periódicos, pero ni siempre tiene resultados satisfatorios."
É sabido que há certa dificuldade no tocante ao item lexical, porém essa dificuldade não interfere na coerência da produção textual deste autor.
O texto de número 7 não apresenta problema quanto ao uso do léxico nem quanto ao uso dos elementos coesivos sino e pero, como nos exemplos citados abaixo:



El Jornal de Noticias, a pesar de cometer errores gramaticales, tiene textos más interesantes y con géneros textuales variados, preocupándose en informar y convencer al lector. Ya la Gazeta no se preocupa mucho con eso, sino que se preocupa más en entretener y divertir al lector.
El periódico Jornal de Notícias tiene más calidad, es mejor que la Gazeta, pero los dos aún tienen que mejorar en muchos aspectos para que puedan cumplir bien su papel.


O texto 8 apresenta bom nível lexical e também a utilização correta dos conectores propostos pela docente ao início do trabalho (sino e pero). Seguem abaixo os trechos para exemplificação desses elementos de coesão:

No sólo de propagandas o exaltación de personas viven los periódicos, sino de informaciones que puedan ayudar en el desarrollo de una ciudad, apuntando a los lectores lo que está bueno o malo.
Aspectos como educación, salud y cultura también deben ser valorados, pero los periódicos Gazeta Norte Mineira y Jornal de Notícias no utilizan mucho de estas prácticas.

O texto de número 9 apesar de apresentar problemas no tocante à utilização do léxico, não apresenta problemas quanto ao uso dos elementos coesivos propostos. Como no exemplo a seguir:

Los periódicos cumplen bien su papel de informar, pero aún hay mucho que mejorar.
El Jornal de Notícias, em cambio, tiene muchas ilustraciones, las cuales están mejores distribuídas en la página, pues posee una mejor diagramación, y sus reportajes no son vulgares, sino relevantes.

O texto de número 10 possui muitos problemas gramaticais, desde o léxico até o uso do elemento coesivo sino, já o conector pero é utilizado corretamente. O trecho a seguir ilustra bem essa utilização:

El Jornal de Notícias en su primera página debido a presentar más asuntos, su aparencia quedó tumultuada, sino bien distribuidas. Pero el Gazeta aposta en el visual, contiene menos materia

Ao invés de utilizar o conector sino nessa frase, o autor deveria empregar a partícula de negação não, que ilustraria bem o objetivo pretendido por ele.
De acordo com a análise dessas produções textuais tem-se a tabela abaixo que comprova a incidência de problemas quanto ao emprego dos conectores sino e pero.












Texto 1 Texto 2 Texto 3 Texto 4 Texto 5 Texto 6 Texto 7 Texto 8 Texto 9 Texto 10
Uso correto do conector Sino X X X X X X
Uso correto do conector Pero X X X X X X X X X X

De acordo com a tabela acima, pode-se comprovar que a maior dificuldade encontrada pelo acadêmico está principalmente no tocante à utilização do elemento coesivo sino de língua espanhola; esta inadequação tem como causa o fato de não haver em língua portuguesa um correspondente para melhor assimilação. Nota-se que é um tipo de erro recorrente nas produções textuais. Uma questão importante a ser observada é que tal inadequação se deve ao fato de o acadêmico se apoiar na língua materna para escrever seus textos.
Barbiere Durães aponta que:

La interferencia interlingüística es la principal fuente de errores, como resultado de un continuo conflicto entre las estructuras de la lengua materna y las de la lengua extranjera que el alumno experimenta durante el proceso de aprendizaje de esa lengua extranjera.

De acordo com Castillo, a interferência acontece em qualquer grau de aprendizado de uma língua estrangeira, aqui língua espanhola, visto que são comuns as semelhanças aparentes tanto na língua espanhola quanto na língua portuguesa.
Também de acordo com a autora, quando o estudante depara com um novo idioma, ele encontra aspectos mais fáceis e mais difíceis. Os aspectos mais fáceis geralmente têm características parecidas com a língua materna, e os que não possuem características parecidas com a língua materna se tornam mais difíceis. É o que ocorre com as conjunções aqui abordadas; o conector pero em sua significação possui semelhanças com a língua portuguesa, por isso há maior compreensão. Já o conector sino, que como foi dito anteriormente, não há correspondente na língua portuguesa, por isso possui maior dificuldade de assimilação.
A interferência interlinguística é tão presente nos textos que como se pode observar, apenas seis autores conseguiram empregar com propriedade o elemento de coesão sino. Pode-se comprovar então o seguinte fato:

Uso correto do conector Pero 100%
Uso correto do conector Sino 60%



4-CONCLUSÃO

Essa pesquisa cujo tema é "Fatores de textualidade: coesão e coerência na produção de texto em língua espanhola" teve como objetivo identificar as dificuldades encontradas pelos acadêmicos no momento de empregar os elementos coesivos sino e pero da língua espanhola nas produções textuais.
É sabido por experiência, que os acadêmicos quando ingressam em uma faculdade de ensino superior, para um curso com o enfoque em língua estrangeira, a maioria deles vem sem o conhecimento prévio do idioma.
A maior parte dos acadêmicos é de classe trabalhadora dispondo assim de pouco tempo de dedicação para a aprendizagem de um idioma estranho ao seu. Há também outros fatores que dificultam essa aprendizagem tais como fatores sociais, financeiros, culturais, etc.
Há também os aspetos físicos da instituição de ensino que não facilitam a aprendizagem da língua estrangeira como, o acervo bibliotecário que é insuficiente, às vezes o processo de estágio possui várias deficiências. E principalmente é de chamar a atenção que mesmo com todas as dificuldades presentes, os acadêmicos não buscam outras estratégias para que haja melhor aprendizagem, pois sabemos que estes são os protagonistas do processo ficando assim o ensino-aprendizagem com algumas falhas.
Geralmente os acadêmicos se apóiam na língua materna para a escrita de suas produções textuais, visto que a língua espanhola possui muitas semelhanças com a língua portuguesa causando assim os erros mais frequentes analisados ao longo dessa pesquisa.
Nota-se que para o aprendizado de uma língua estrangeira há vários aspectos relacionados com a personalidade de um aluno como, por exemplo, a empatia, a extroversão, a idade, a motivação, a inteligência, etc., e cabe ao acadêmico descobrir qual desses aspectos se relaciona com sua personalidade para que este invista nele, melhorando assim o resultado do processo ensino-aprendizagem.


5-REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação; TECNOLÓGICA, Secretaria de Educação Média e. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999.

CASTILLO, Marlén Díaz. La interferencia lingüística. Tipos de interferencia. Diponível em:<http://www.monografias.com/trabajos70/interferencia-linguistica-tipos-interferencia/interferencia-linguistica-tipos-interferencia2.shtml> acessado em 09 Mar. 2010.

DURÃES, Adja Albino Barbieri. La interferencia como causa de errores de brasileños aprendices de español. SEDYCIAS, João (org). O ensino do espanhol no Brasil: passado, presente, futuro. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELLOS, Ana Cistina de. Manual de Normatização de Publicações Técnicos-Científicos. 8ª Ed. Belo Horizonte: Ed UFMG, 2007.

GERALDI, João Wanderley. Prática da leitura na escola. In: _ (org). O texto na sala de aula. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2003.

KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2004.

KOCH, Ingedore Vilaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2004.

KOCH, Ingedore Vilaça. O texto e a produção de sentidos. São Paulo: Contexto, 2007.

MAZZARO, Daniel. La enseñanza de los conectores: ¿cómo hacerla? In: Actas del IV Simposio Internacional de Didáctica del Español como Lengua Extrangera José Carlos Lisboa. Rio de Janeiro: Instituto Cervantes, 2007.

MAZZARO, Daniel; COSTA, Elzimar Goettenauer de Marins. La complejidad de la oposición en español: una perspectiva semántico-pragmática. In: Caligrama: revista de estudos românicos. Belo Horizonte: 2006.

PAULINO, Graça; WALTY, Ivete; et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001.

RAYA, Alonso Rosario; CASTRO, Alejandro Castañeda; et al. Gramática básica del estudiante de español. Barcelona: Difusión, 2006.

ROMANOS, Henrique. Espanhol expansión: ensino médio: volume único/ Romanos e Jacira. São Paulo: FTD, 2004.

SEÑAS: diccionario para la enseñanza de la lengua española para brasileños/ Universidad de Alcalá de Henares. Departamento de Filologia; tradução Eduardo Brandão, Cláudia Berliner. -2ª ed, - São Paulo: Martins Fontes, 2001.

TORREGO, Leonardo Gómez. Gramática didáctica del español. Madrid: SM, 2007.