A família tem sido discutida sob diferentes enfoques e definições, causando, assim, muitos debates em torno de seu referencial e processo de análise. As várias disposições sobre a família existem e ao mesmo tempo se alimentam mutuamente através de diálogos opostos, colocando os pesquisadores em debates, confrontando teorias, análises econômicas e culturais, estudos diacrônicos e sincrônicos e abordagens quantitativas e qualitativas. Estes debates polêmicos têm proporcionado um crescimento de todas as áreas envolvidas, (ao rejeitarem modelos simplistas de análise.)

Todos coincidem, porém, com abordagens diferentes, na ideia da família como uma instituição mediadora entre o indivíduo e a sociedade, submetida às condições econômicas, sociais, culturais e demográficas, mas que também tem, por sua vez, a capacidade de contribuir com a sociedade.

A História da Família, que no início da década de setenta se apresentava com contornos mal definidos, chegou aos anos noventa renovada, movimentando-se de uma visão limitada da família como uma unidade imóvel no tempo, para ser examinada como um processo ao longo da vida inteira de seus membros. Passou do estudo das discretas estruturas domésticas para a investigação das relações da família forte com o grupo de parentesco mais vasto e do estudo da família como uma unidade doméstica distinta para um exame da interação familiar com os mundos da religião, trabalho, educação, instituições correcionais e sociais e com os processos tais como de migração, industrialização e urbanização.

No Brasil, os historiadores da família estiveram atentos ao debate teórico que se verificava nos meios acadêmicos europeus e norte-americanos, a partir dos anos setenta. Poupando nossas especificidades históricas, adaptaram e desenvolveram metodologias próprias à documentação disponível. Assim, nas últimas décadas, as pesquisas na área têm surpreendido em relação ao nosso passado e as novas visões sobre a sociedade brasileira.