FAMÍLIA FERRAZ

FERRAZ é um sobrenome português, considerado como sendo o patronímico do latim Ferraci. Entenda-se patronímico como "o filho de", assim o filho do senhor Ferraci era conhecido como Ferraz, o nome Ferraci deriva de Ferrato, antigo soldado que possuía armas brancas ou armadura de ferro. Como variante deste sobrenome foram documentados Ferrat e Feraz. Sobre esta família destaca-se a influência política no interior de todo o nordeste, principalmente no sertão de Pernambuco, em cidades como: Belém do São Francisco, Flores,Cabrobó e Floresta. Nesta região há a reserva de serra Negra, que pertenceu à Casa da Torre, adquirido no final do século XVIII pelo capitão João Rodrigues de Moraes. Em 1849, a serra abrigou os rebeldes chefiados por Francisco Barbosa Nogueira Paz, Serafim de Souza Ferraz e José Rodrigues de Moraes, que reagiam às investidas das forças do Governo, durante o movimento praieiro em Pernambuco. Desta família, em Floresta destacou-se Serafim de Souza Ferraz, fazendeiro, político, administrador, delegado, Comandante de Batalhão da Guarda Nacional, líder e chefe de família numerosa, enfim uma das figuras públicas mais extraordinárias de Floresta. Filho único de dona Margarida Maria da Silveira e de Antônio de Souza Ferraz, nasceu em 1804 e foi criado pela tia Eugênia, irmã do seu pai. Era bisneto do capitão Jerônimo de Souza Ferraz, tronco da família Ferraz de Floresta. (Extraído do Pronunciamento de Leonardo Gominho).
Segundo conta Leonardo Gominho, em seus artigos publicados na internet, que Serafim Ferraz tinha personalidade fortíssima, desde cedo se firmou como líder político na sua terra, a Fazenda Grande, que pertencia ao município de Flores. "Possuía terras nas fazendas Navio, Poço do Fumo, Mari, Mulungu, Olho d`Água da Canabrava, Curral Novo, Caldeirão, Retiro, Poço Novo e Serra do Arapuá, na localidade Mameluco. Nomeado capitão por José da Costa Nunes, capitão-mor de Flores, Serafim aliou-se ao coronel cearense Joaquim Pinto Madeira e a outros líderes locais, todos denunciados em 1831 como "inimigos da Constituição" outorgada pelo primeiro Imperador do Brasil. Aos 27 anos de idade, ele começou a destacar-se nos movimentos políticos.
Em 1837, com pouco mais de 30 anos de idade, foi nomeado Tenente-coronel Comandante do Batalhão de Tacaratu, da Guarda Nacional. Serafim de Souza Ferraz foi Delegado de Polícia na Comarca de Flores. Na década de 1840, ao lado do major José Rodrigues de Morais e do tenente-coronel Francisco Barbosa Nogueira Paz, perseguiu o célebre cangaceiro Luiz Manuel Frazão, que havia assassinado algumas pessoas no município de Flores. Em 1842, por ocasião do movimento de Exu, quando liberais cearenses quiseram fazer um levante, dali partindo "para vir produzir o incêndio ao Ceará", como disse o historiador cearense João Brígido, Serafim deu todo apoio, abrigando em sua fazenda Navio os líderes do movimento, depois destes terem sido presos pelos irmãos, coronéis e conservadores Simplício e Manuel Pereira da Silva e de terem sido libertados em Flores por Nogueira Paz, liberal, amigo e correligionário de Serafim. Afirma Gominho que os laços políticos e de amizade entre Serafim de Souza Ferraz e Nogueira Paz levaram a Fazenda Grande a dar seus primeiros passos em busca da autonomia política, pois em 1846, Nogueira Paz, então deputado provincial, apresentou na Assembléia projeto de lei, elevando a Fazenda Grande à categoria de vila. Através da lei nº 153, de 31 de março daquele ano fora criada a vila de Floresta e empossada a primeira Câmara Municipal de Floresta, que tinha funções administrativas e deliberativas da qual Serafim de Souza Ferraz foi presidente. Em janeiro de 1849, tomaram posse os vereadores da segunda Câmara Municipal de Floresta, sendo mais uma vez, Serafim, o presidente.
Rompendo a Revolução Praieira, em 1848, no início da perseguição aos liberais, Serafim e Nogueira Paz, injustamente acusados de mandantes da morte do Padre e Juiz de Paz Joaquim José de Veras, aliaram-se a amigos e correligionários, entre os quais o major José Rodrigues de Morais, travaram combates em Flores, nas caatingas do riacho do Navio e na serra Negra, empolgando a alma do sertanejo. Os conflitos envolvendo o 5º Batalhão de Fuzileiros, o Corpo Fixo do Ceará, o contingente do 4º Batalhão de Artilharia, as forças alagoanas estacionadas em Tacaratu, os guardas nacionais sob o comando dos irmãos e coronéis Manuel e Simplício Pereira da Silva, a numerosa família Campos e parte da família Magalhães, de Serra Talhada, provocou a morte de Nogueira Paz e a prisão de Serafim.
Com a transferência da sede do município de Floresta para Tacaratu, em 1849, castigo imposto aos liberais de Flores e de Floresta, Serafim de Souza Ferraz continuou na Presidência da Câmara Municipal, com ligeiras interrupções, até 1856, passando-a então ao amigo e correligionário José Rodrigues de Morais.
Por decreto de 14 de março de 1860, o Imperador Pedro II conferiu-lhe o título de Oficial da Ordem da Rosa. O juramento foi prestado aos 8 de maio de 1862, no Palácio Imperial, no Rio de Janeiro, por intermédio do seu procurador, José Ildefonso de Souza Ramos, que era o Presidente da Província. "Esta honraria ? disse Álvaro Ferraz ?, conferida depois das lutas da serra Negra, é suficiente para comprovar a estatura moral e o elevado prestígio daquele chefe liberal". Serafim de Souza Ferraz era casado com dona Margarida de Souza e Silva, ou Margarida de Souza Ferraz, Guida. Deixou 10 filhos, entre eles Francisco Serafim de Souza Ferraz, primeiro deputado florestano e o Coronel Fausto Serafim de Souza Ferraz, primeiro prefeito do município de Floresta,que faleceu em 1867, aos 63 anos de idade.Em Flores, Floresta e Tacaratu estão os principais núcleos urbanos formados pela família Ferraz, dedicada às atividades agropastoris, ao comércio, aos seviços públicos e à política.