FAMÍLIA E ESCOLA: UMA INTERAÇÃO NECESSÁRIA

 

Idanir Ecco[1]

Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo.  (J. Petit Senn)

            Família e Escola. Duas instituições sociais que, pela sua função de educar, marcam a vida dos indivíduos. Sim, quem educa deixa “marcas” no outro! Dito doutra forma: a educação que vivenciamos influencia-nos por toda a vida.

            Os estudantes que, na escola, são acompanhados/orientados por seus pais ou responsáveis revelam melhores resultados quanto ao processo de ensino-aprendizagem. Esse registro, passível de observação, permite-nos concluir, assertivamente, que é praticamente impossível a escola educar seus pupilos, sozinha; de modo que a responsabilidade educacional familiar é única, sem substituição.

            Perguntemo-nos: o que todos ansiamos, desejamos acima de tudo? Na condição de pais, o que mais queremos, desejamos para nossos filhos(as)? A resposta óbvia é: a felicidade, isto é, que sejam afortunados, humanos autenticamente realizados.

            A provocação acima encaminha para outra indagação: o que é essencial para existirmos jubilosamente, para vivermos bem e felizes? É plausível apontar que o essencial esteja no respeito, na união fraterna, na paz, no trabalho, na religiosidade, na liberdade, em ter saúde, dinheiro... No entanto, conforme atestara o filósofo alemão Martin Heidegger (um dos pensadores fundamentais do século XX), em Ser e Tempo (1927) e reiterado pelo teólogo brasileiro, escritor e professor universitário, Leonardo Boff (expoente da Teologia da Libertação no Brasil), na obra Saber Cuidar (1999), a essência da vida humana encontra-se basicamente no cuidado. O cuidado é o suporte para a saúde, a paz, a liberdade, o respeito, pois denota responsabilização, preocupação, zelo, envolvimento.

            Possivelmente, esteja você se perguntando: mas qual a relação do cuidado com o tema proposto nesta reflexão? Para responder a essa interpelação basta compreender que o ato de educar é um ato de cuidado. A ação educativa, em síntese, é um processo de inserção, de preparação dos indivíduos afim de que possam viver bem em sociedade. E a referida socialização efetiva-se a partir de duas etapas denominadas de: Socialização Primária, responsabilidade da família e Socialização Secundária, compromisso das demais instituições sociais (Escola, Igreja...).

            A família é a base principal para a formação e o desenvolvimento da criança e do adolescente, pois é espaço institucional para a vivência de valores, de orientações para um bem viver em sociedade e exercer a cidadania mediante a assimilação de normas de conduta. Neste sentido, o escritor espanhol e professor de filosofia Fernando Savater, na obra O Valor de Educar (2005, p. 58) afirma: “Se a socialização primária tiver se realizado de modo satisfatório, a socialização secundária será muito mais frutífera, pois terá uma base sólida sobre a qual assentar seus ensinamentos; caso contrário os professores ou companheiros deverão perder muito tempo polindo e civilizando [...] quem deveria estar pronto para aprendizados menos elementares”.

            O fortalecimento da interação colaborativa entre as instituições familiar e  escolar é a alternativa viável para que ambas consigam superar limites e dificuldades no processo educacional de filhos e alunos, em benefício social e escolar das crianças, adolescentes e jovens. Em fim, para que a escola possa exitosamente cumprir com suas responsabilidades, torna-se decisivo o apoio e a presença participativa da família ou dos responsáveis pelos educandos.



[1] Mestre em Educação UPF/RS e Professor da URI Erechim/RS. [email protected]