FAMÍLIA AGRA
Essa família também não possui Brasão nem em Portugal nem no Brasil, mas tem Brasão, Escudo e Armas na Itália e na Espanha. Considera-se a mesma independência socioeconômica da família Alencar para arcar com as despesas próprias de imigração para a América, tendo em vista que a autonomia de cada família era atestada e garantida por autorização imperial para entrar em territórios e mares do domínio de determinada dinastia ou império.
Em consulta a The Historical Research através do Projeto Imigrantes " o apelido Agra tem uma origem toponímica,ou seja, deriva-se do nome do lugar de procedência ou residência do seu primeiro portador. Neste caso, existe um agregado chamado Agra na Província de Pontevedra, pertencente à região da Galícia, lugar do qual esse apelido Agra e suas variantes Agra e Agraz podem ter se originado, uma vez que em Galícia existem imigrantes oriundos da cidade de Agra. A doutora em Filosofia Grace de Jesus Alvarez cita esse apelido e nos fornece a seguinte informação:" esse apelido aparece já em 1251 em um documento que confirma que Martin Agraz morava na Província de Santader " Segundo ela deriva do vocábulo "agro" que em latim significa "campo". Os etimólogos Joan Corominas e J. A Pascual citam o vocábulo "agro" com as acepções de ?extensão de terra labrania ou lavrada?, ?território de uma cidade?, que deriva do latim "ager", "agri" que significava ?campo?. Entrou no idioma com a segunda acepção como término de história de uma terra da antiguidade e depois se tem usado na forma culta da vida moderna, sem dúvida na Galícia onde tem se popularizado na primeira acepção. Encontram-se documentados no Archivo General Militar de Segovia, os seguintes registros de portadores do apelido Agra: na Cavalaria de 1801, Marcos Agra Montenegro; na Infantaria, Jacob Agra em 1813; Pedro Agra Arieaga em 1815; Francisco Agra em 1824; e na Artilharia outro Francisco Agra em 1815. Esta também aparece documentado no Catálogo de Passageiros das Índias, um registro de 1563, onde consta o seguinte: " Francisco de Ayllon Agrás, natural de Corral de Almaguer, solteiro, filho de Francisco de Ayllón Agrás e de Dona Leonor Briceño, em Guatemala, foi recebido como criado do licenciado Briceño, em 13 de outubro. Seu Brasão de Armas é da Espanha, que se apresenta em ouro, um leão em azul. O leão simboliza um espírito generoso e guerreiro e denota vigilância, domínio, majestade e bravura.
No caso, tanto Alencar quanto Agra já tinham tradição de migrar, tendo passado por último de Espanha para Portugal, por ocasião das guerras mouras onde prestaram serviços a diferentes reinos e morgados. As famílias Angelim e Lustosa figuram também entre as famílias que possuem várias procedências: italiana, espanhola e portuguesa, tendo combinações de brasões nas cidades de onde saíram por último. Os lugares: Agra, na Índia, Itália e Espanha associa-se ao apelido Agra; Alenya e Lencastro, na Espanha, em Portugal associa-se à Alenquer e no Brasil Alencar, a Angelim e Lustosa, nobres na Itália e na Espanha, os quais eram convidados de honra de Portugal, cavaleiros com topônimos que trazem a identidade dessas famílias e contam suas histórias de tradição em guerras, cargos, funções e ocupações que dispensavam passaportes e outros brasões.
Consta nos documentos históricos que a família Agra tem primeira origem habitacional proveniente da cidade de Agra, na Índia, geralmente composta de navegadores, mercadores de especiarias da índia, feirantes e comerciantes de gado vacum e muares tanto na Itália quanto na Espanha e, por último, em Portugal. Esse nome também está presente em crônicas e descrições de viagens de reconhecimento e em expedições, no reino unido de Espanha e Portugal e nas colonias recém-descobertas nas costas da África, bem como no Novo Mundo da América. Há historiadores que afirmam o contrário, que os Agras eram navegadores espanhóis que entraram na Índias em busca de especiarias, fundaram a cidade de Agra, importante centro de comércio livre e lá se aliaram aos portugueses. O que importa é que se confirma a relação de Agra com a Índia, comércio, pecuária,guerra e religião.
Os Agras surgem na história do sertão de Pernambuco já com os sertanistas brasileiros: paulistas, mineiros, paraibanos e baianos que se unem a militares descendentes de portugueses para rasgar as entranhas do sertão, margeando o rio São Francisco até alcançar as chapadas do Pajeú e Araripe, como tropeiros de boiadas e rebanhos de cavalos e muares. Como a base estratégica da ocupação do interior de várias províncias do nordeste, principalmente do Ceará e Pernambuco, era a Casa da Torre de Garcia D?Ávila, com sede na Bahia, havia o propósito de delimitar as terras do sertão para a pecuária, nessa ação e missão, junto com esses sertanistas estão os Agra, uns militares, outros boiadeiros, além de colonos e vaqueiros; uns vem do litoral para o sertão do nordeste, outros vão para o sertão do sudeste e do sul, com o intuito de comercializar gado, muares e couro, bem como artefatos de feiras, contribuindo na colonização. De São Paulo, Minas, Bahia, Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco a pecuária e comércio tem sido as atividades mais comuns da família Agra, enfrentando montes e vales levando boiada, contando com sua experiência em desafiar a caatinga fechada do sertão nordestino, abrindo estradas e descobrindo olhos d?água e áreas para o descanso de tropas e tropeiros. Em Parnamirim, entre as fazendas da família Agra consta:

Fazenda Saco: no Humaitá, vizinha do Belmonte. Primeira fazenda de Martinho que por herança ficou com o casal Martinho Martiniano da Costa Agra e Ana da Costa Agra. Casa de Martinho - construída no espaço onde hoje é a casa de Givoneide Cabral, na rua Coronel jambo, foi a primeira casa da cidade, a casa grande. Depois vieram a casa da Fazenda Belmonte e da Fazenda Cachoeiro.
Nas ruas Coronel Jambo e Dr. Miguel foram construídas as primeiras casas dos seus filhos. Toda em construção de alvenaria que contrastava com as casas dos escravos que ficaram na mesma rua e a construção era de taipa. Dos prédios antigos da cidade hoje restam poucos os novos donos foram reformando e os prédios perdendo a arquitetura primitiva. Os antigos prédios foram construídos com barro e areia devido a dificuldade de encontrar cimento. O tijolo era muito grande por isso as paredes são bastante largas, isso você pode observar em alguns prédios antigos ainda existentes no centro da cidade. (Portal da Prefeitura de Parnamirim-Pe,2009).

Das famílias que colonizaram o sertão do Brasil, especialmente em Pernambuco os descendentes da família Agra, considerados fundadores e pioneiros da antiga cidade de Leopoldina, atual município de Parnamirim. Esta família veio para o Brasil em quatro levas: a primeira, no final do projeto das capitanias hereditárias e começo do Primeiro Governo Geral, com Tomé de Sousa, o qual confiou a administração das terras do sertão à Casa da Torre, com sede na Bahia, de quem, Agra e Alencar arredendaram inicialmente e depois compraram fazendas e propriedades para a criação de gado. Isto como parte da estratégia lusitana de ocupar a colônia tanto para recuperar o fracasso dos donatários no trabalho na agricultura, quanto para defender a religião e consolidar a monarquia. Depois, no Segundo Governo Geral de Duarte da Costa, mais pessoas com esse sobrenome entraram no Brasil, em diversas regiões, cuja tendência da época era a exploração das terras do interior para cultivo de algodão e cana, mas continuando com capitanias e o sistema de sesmeiros. E, por último, no Terceiro Governo Geral de Mem de Sá, com a finalidade de desenvolver a pecuária, demarcar e defender os rios e as florestas do Brasil, prestando serviço à coroa portuguesa, mudando nomes de rios, vilas e cidades para a toponímia portuguesa; além de ter, em suas atribuições, a missão de perseguir índios bravos e negros fugidos pois faltavam braços para a lavoura, contando com o apoio de tenentes, coronéis, majores e capitães da milícia portuguesa.
Mais tarde, surgiram outras combinações dessa família: Costa Agra, Agra Rêgo, Sampaio Agra, Barros Agra, Sá Agra, Araújo Agra, Rodrigues Agra, Agra Soares, Agra de Alencar, Agra Corrêia de Sá, Agra Correia da Silva e Agra Correia de Sousa, vindos de diversos pontos da Europa e do próprio Brasil, do litoral para o interior, com outras famílias com as quais também se relacionaram, tais como: Lima, Carvalho, Miranda, Albuquerque, Cavalcanti, Cabral, Pires, Sá, Angelim e outras, tanto em negócios, na agropecuária como no comércio, do mesmo modo que ocorreu com as famílias da Fazenda Panela D?água de Belém do São Francisco, da Fazenda Grande de Cabrobó, da Fazenda Nova de Floresta e da Fazenda de Santana em Parnamirim.(Documentos de genealogia pernambucana)
Há artigos de genealogia portuguesa que narram a trajetória dos mouros que aceitaram participar da ocupação do Novo Mundo. O procedimento era: iam para a Europa, de lá eram repatriados para o Brasil, África e outras colonias descobertas pelos portugueses e espanhóis. Eram camponeses, a maioria de religião muçulmana, sem linhagem portugesa, isto é, de descendência moura, como eram conhecidos os cristãos novos (judeus convertidos). Sua origem, no caso dos Agra, é indiana, talvez da região onde hoje, na Índia, há uma cidade com este nome. Pela literatura genealógica desse nome são importantes cavalheiros do periodo medieval e grandes comerciantes e navegadores que abasteciam o comércio das feiras nos portos de Galiza, Espanha e Portugal. Como esse sobrenome é toponímico, isto é, origina-se do lugar em que viviam os ancestrais, os imigrantes assumiam outra identidade ao chegar às colonias conquistadas, utilizavam os topônimos do local da última origem ou da primeira moradia para esquecer o passado ou para começar uma vida nova.
No Brasil, a família Agra era composta, inicialmente, por fazendeiros, vaqueiros, feirantes, comerciantes e, mais tarde tomaram liderança e passaram a atuar na política e em outros ramos de atividade. Atualmente, em Pernambuco, há Agras juízes, médicos, advogados, professores, empresários, cientistas e em muitas outras profissões de iniciativa privada. Em Parnamirim, a família Agra ainda se dedica à pecuária, embora estejam presentes em diversas atividades, as quais já tenham certa tradição, tais como: defesa, educação, cultura, comércio, feiras livres e viagens. Nomes de destaque dessa família Agra ainda há em Parnamirim, os descendentes do Tenente-Coronel Martinho da Costa Agra, entre estes Hermógenes Martiniano da Costa Agra, seus netos e bisnetos e a lembrança da professora Francina da Costa Agra,nascida em 1908, citada por vários entrevistados, da qual consta no livro de registros da Igreja de Leopoldina, son nº 72 , batizada pelo vigário Joaquim Torres e no seu registro de batismo constando como padrinhos Antonio de Sá Neves e Etelvina Hermínia Agra Lustoza, sendo seus pais Martiniano da Costa Agra e Raimunda Idalina da Costa Agra.