Exuberante entendimento.

Sou ateu.

Não tem como não ser.

Um ateu epistemológico.

O mundo se explica por ele mesmo.

Com seu olhar leptossômico.

É fascinante a explicação.

A origem de tudo.

Remonta-se ao princípio da inexistência.

O que significa a distância do tempo.

Lexiogenicamente.

 O fundamento da única lei.

O resto é diversidade da mesma coisa.

A ideia de Deus é absurda.

Explicarei o motivo.

Lépido.

 Imagina o nada.

 A ausência de tudo.

Liame ao insignificado.

Então a mais absoluta inexistência.

Uma força também inexistente.

Peremptória.

Por ela mesma se fez toda poderosa.

Essa força se autodeterminou Deus.

Latíbulo.  

Essa concepção é um grande delírio.

Acreditar em Deus é estar perto da loucura.

Certa imprecação.

É perder todos os fundamentos da razão.

Como algo sem ser nada se faz todo poderoso.

Só de pensar em Deus, perde todo sentido racional.

Imperscrutável ao entendimento.

Mas se Deus não existe.

Nada também poderá existir.

Mesmo tendo existência.

Esse preceito é verdadeiro.

Improfícuo ao destino do homem.

Tudo que existe não existe.

É uma brincadeira imaginar a existência.

O homem imagina e cria fantasias.

Indeléveis ao  mundo incomplexo.

Por medo transforma as mesmas em verdades.

Inimagináveis.

Então o homem imagina que tem uma alma.

O homem não tem nada.

Tem apenas linguagem.

Ter  linguagem foi um fato fenomenal.

Porém ímprobo.

Se não tivesse seria igual um chimpanzé.

Viveria nas florestas.

Jamais imaginaria Deus.

Alma e céu.

Tudo isso não passa de ignorância.

 Na verdade tudo que existe,

Resultou de um único princípio.

De um só átomo.

Precedente a ele mesmo.

Da particularidade dele.

Pela evolução.

Surgiu a diversidade de tudo que existe.

Mas na prática tudo volta para o princípio.

Primordial da realidade material.

 Tudo deteriora e recicla na matéria.

Pela mudança de estado.

Um determinado homem e uma barata.

Mortos.

Tem a mesma função na natureza.

Que é servir o princípio da reciclagem.

Tudo volta para ser aquilo que se constituiu.

Como entendimento do possivelmente  verdadeiro.

A verdadeira razão de ser da natureza.

Precípua a sua lógica.

Porque a mesma pensa tão somente nela.

A natureza existe para ela.

Preceptiva ao seu fundamento monômio.

Tudo que produz pelo principio replicativo.

Assim procede com a finalidade de produzir.

Exatamente seus insumos.

Ínclitos a deterioração.

Somos tão somente a inanição.

Quando a mim sou apenas uma partícula de insumo.

Como poderei ter validade.

Orgulhar da sabedoria.

Admirar o brilho do sol.

Cultuar a imensidade do escuro.

Até desejar atingir os múltiplos universos.

O destino é tão comum quanto à ilusão.

Perfunctório a sápida predestinação.

 Se tudo isso representa uma grande bobagem.

Viver a vida.

É viver aquilo que não significa nada.

É perder a existência no vazio.

No vácuo da imaginação intempestiva.

Acreditar em cada coisa louca.

Reencarnar no delírio da ilusão.

Ressuscitar quando não se tem nem mesmo.

A alma.

Viver clandestinamente.

Na dor.

No sofrimento.

Na aceitação da estupidez humana.

E no descobrir de algo.

Quase que indescritível.

Mas que tem apenas uma razão.

Para poder ser.

O significado do nada.

Isso aqui não chega ser nem mesmo uma passagem.

Porque é naturalmente a ausência dela.

Algo que só poderá ser entendido.

Por uma profunda intuição.

Sequer metafísica poderá ser.

Distante do mundo teutônico.

Aquela que revela tudo da exuberância do nosso nada.

Edjar Dias de Vasconcelos.