Este é um poema selecionado pelo autor de sua primeira fase, infância de sua poesia. Nele (poema) as questões radicais do Sujeito se elaboram de modo a ganhar sua forma de expressão propriamente poética: transformar o enigma em manifestação estética. Enigma do Homem, do Sujeito, enigma este que se confunde com sua própria formação, logo, sem solução definitiva! O Poeta não deixa de ser uma espécie de Édipo, aquele que reconhece que é ele mesmo sua própria esfinge! "Decifra-te ou te devoras". Produzido em 1994, quando o autor tinha ainda 11 anos de idade, um dos raros poemas dessa fase que vem brindar os leitores (também um dos poucos que o poeta recita de cor). É um poema ainda imaturo, verdade é, mas cosidere-se a tenra idade do jovem autor, ainda um menino engatinhando e tropeçando nas pernas das letras. Entretanto é extremamente precoce ao se admitir o que há de significativo na história da literatura para poetas dessa faixa etária, sobretudo na atualidade. Aprecieis.

1994

Em minha poesia
expresso minha angústia e dor
talvez nem seja bom poeta
por não saber bem falar de amor
não penso frases perfeitas
apenas transbordo no papel
sentimentos
em forma de poema
que fluem em meu pensamento
as pessoas muitas vezes não compreendem
o que minhas letras querem dizer
se alegria pode ser tristeza
e angústia possa ser prazer
só tenho um [verdadeiro] concorrente
a quem nunca irei odiar
meu concorente sou eu mesmo
a quem devo superar
chegara ao fim de mais uma poesia
seu limite
a conclusão
restaram apenas sentimentos ocultos
atrás de uma expressão

FELLIPE KNOPP