EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
Nazaré, 25-01-1995

Pobres brasileiros,
Escravos da agiotagem internacional.
Como se não bastasse
Roubam-lhe a dignidade,
Arrancam-lhes suas crianças,
Extirpam-lhes os órgãos
Que servem para transplantes,
Às crianças do primeiro mundo.
O Governo Federal
Abrem nossas fronteiras
Às quadrilhas internacionais,
De exploração do povo,
De exportação de alimentos,
De exportação de órgãos.
Muitos estão envolvidos:
O ditador da colônia
Que apóia essa vergonha;
A polícia, que ajuda a executar;
A justiça, que legaliza a máfia.
Eles pensam que são juízes,
Mas na verdade
São capachos do poder,
Em troca de algum dinheiro sujo.
Ligo a televisão e vejo
Pais e mães desesperados,
Em busca de seus filhos...
Desaparecidos...
Depois descobrem seus filhos, suas crianças
Com o corpo dilacerado,
Seus órgãos extirpados
Por profissionais da medicina,
Para exportação.
Uma criança do primeiro mundo
Sente-se mal.
É levado ao médico.
Diagnostico: insuficiência renal
É preciso um transplante.
O pai entra em contato
Com a máfia de seu país,
E o mafioso responde:
Eu entro no Brasil
Porque o Governo facilita,
Seqüestro uma criança
Porque a policia facilita,
Tiro licença para viajar
Porque o juiz facilita,
Levo a criança ao médico
Que extirpará seus órgãos,
Porque o ministério da saúde
Também facilita,
Largo a carcaça no cemitério,
Dentro de um saco plástico,
Porque o legista facilita,
De posse dos órgãos
Viajo em jato particular,
Porque a Aeronáutica facilita.
Enfim... tudo lá é fácil,
Exceto viver.
As autoridades não perceberam,
Que também são cidadãos
Do nosso terceiro mundo,
E que também são tratados
Como baratas pelo primeiro mundo,
E que também seus filhos
São baratas do terceiro mundo,
E podem ser exportados, (por engano?,)
Para o primeiro mundo.
As autoridades brasileiras
Fazem deste país
Um imenso laboratório
De cobaias, para atender
A demanda do primeiro mundo.
Aos pais: neste país,
A vida de seus filhos
Está por um fio.
De repente desaparece
E nada pode ser feito.
Ele poderá estar aberto e destrinchado
Nesse imenso açougue.
Seus órgãos serão vendidos,
Para serem transplantados
Em algum Deputado local
Ou então em algum
Filho do primeiro mundo.
Esse país não é nosso.
Nós estamos pastando,
Para mais tarde
Ser levado ao açougue,
E ser vendido ao primeiro mundo...
Em partes...
É triste falar essas coisas,
Como também é triste
Ver autoridades brasileiras,
Combatendo Hitler/Mussolini,
E depois descobrir que são tão cruéis,
Que superam os nazi/facistas.
Afinal, quem ganha com isso?
Como sempre, as velhas raposas
Que comandam esse país.
E o vento só sopra
Para o lado deles.
A hiena só se satisfaz
Quando come a carniça,
Feitas por nossas autoridades,
Os políticos vendáveis,
Os juízes corruptos,
Um Presidente testa de ferro,
A policia submissa e pobre,
Um povo alienado e anestesiado.
A pátria mãe
Que nunca foi gentil,
Porque vende seus filhos
Para fora do Brasil (aos pedaços).
O primeiro mundo fez do Brasil
Uma grande colônia,
Que foi se desenvolvendo
Até se tornar um imenso frigorífico.
Aqui, tudo é abafado,
O fogo do povo,
Os escândalos financeiros,
Os grandes abafadores:
Futebol, carnaval,
Telenovelas, religiões.
É uma anestesia geral,
É uma amnésia coletiva.
Quando o povo voltar a si
Só encontrará cinzas.
Por isso é que temos
Que agir rápido
Com armas e palavras.
Temos que trabalhar
Com a foice e com o martelo,
Construir um novo país
Onde a vida seja respeitada,
Onde o imposto seja do povo,
Onde nossas crianças,
Os governantes de amanhã,
Não sejam vendidas
Em açougues do primeiro mundo.
Isso porque nós
Seremos o primeiro mundo
Sem esses ditadores corruptos,
Sem esses juízes, sem esses agiotas,
Sem esses latifundiários,
Sem essa elite dominante
Que se nutre da desgraça do povo.
Que leva o povo à guerra
Para defender seus interesses,
E ficam de fora, sorrindo, sarcásticos,
Frios e cruéis
Como um bisturi afiado
Na mão do cirurgião,
Cortando nossas crianças
Para exportação.