Angola é o país africano mais conservador no que toca às expectativas relativas ao comportamento do preço do petróleo, de acordo com um estudo recente publicado pelo FMI. O "Regional Economic Outlook", relativo à África subsariana, aponta que Luanda prevê um preço médio por barril de 41 dólares, ao longo de 2015.

Além de ser o valor mais baixo entre os países africanos produtores de petróleo, o próprio FMI prevê um preço médio de 58 dólares, para o mesmo período.

Este conservadorismo demonstrado por José Eduardo dos Santos surge na sequência da política seguida de forma consistente pelo governo angolano desde que se tornou óbvio, ao longo do segundo semestre de 2014, que o preço internacional do petróleo ia sofrer uma queda abrupta.

Prever um preço mais baixo leva as autoridades macroeconómicas, os principais players e a sociedade em geral a preparar-se para o pior cenário possível. O relatório do FMI confirma igualmente este cenário, nomeadamente ao recordar que Angola espera um aumento de 9,5%do PIB não petrolífero, isto é, da produção económica vinda de outros sectores que não o petróleo.

A diversificação da economia é, mais do que nunca, o caminho a seguir para contornar a estrutura ainda desequilibrada da economia angolana.

As previsões pessimistas destinam-se não só a baixar as expectativas e, portanto, a preparar os angolanos para um período de reajustamento forçado, em termos de investimento público, quer em infra-estruturas quer em protecção social.

Em todo o caso, e apesar da dependência do país em relação ao sector petrolífero, Angola tem conseguido evitar cenários de convulsão social e falta generalizada de bens essenciais, como se tem visto, nomeadamente, na Venezuela. E caso os piores cenários não se concretizem (uma vez que já existem alguns indícios de que a Arábia Saudita, o principal produtor mundial, poderá estar disponível para rever a sua política de baixa de preços), o efeito psicológico da capacidade de recuperação económica será ainda mais potenciado.