Faculdade Luterana de Teologia

São Bento do Sul 05/2012

Claudio Jose Bezerra de Aguiar

Exegese apresentada como requisito de avaliação na matéria de Homilética do curso Bacharel em Teologia

INTRODUÇÃO

  Conhecer os evangelhos é entrar no “túnel do tempo” onde você é levado de volta para o passado. Onde as pessoas pelo poder da imaginação, podem andar com Jesus, ver os seus feitos, sentir duas palavras. No entanto isso não é uma coisa só do passado, porque os evangelhos são presentes para a vida das pessoas. Eles tratam de temas atuais, e problemas presentes na sociedade.

  A passagem escolhida para estudo trata desta atualidade. Porque o chamado de Cristo para as pessoas serem discípulas dele é presente e necessária hoje. E a resposta que deve ser dada é a questão. Por que como as pessoas respondem ao chamado que Cristo faz para cada uma delas? E o que os evangelhos ou esta passagem mais especificamente ter a dizer a esse respeito? É o que vai tentar ser constatado neste estudo a seguir.


1 INTRODUÇÃO AO TEXTO

1.1 Razão do texto

  O texto foi escolhido com base nas características do próprio. Primeiro ele fala de discípulos, e todos que seguem a Cristo, se consideram como discípulos. Não no sentido de que foram escolhidos especialmente por Cristo, mas no sentido real da palavra que é “aquele que segue os ensinamentos de alguém, se torna discípulo dele[1]”. E segundo por mostra uma resposta dos que são chamados para serem discípulos.

1.2Reflexão que o texto alça

  Esta perícope, trás um sentimento de que se deve ser o mais voluntario possível na obra de Deus. Ela mostra como os discípulos foram ligeiros em lagar tudo o que estavam fazendo para seguir Jesus. E inspira as pessoas a agirem do mesmo modo.

2 TEXTO

ΚΑΤΑ ΜΑΘΘΑΙΟΝ 4 18-22

 

18 περιπατων δε ο ιησους παρα την θαλασσαν της γαλιλαιας ειδεν δυο αδελφους σιμωνα τον

λεγομενον πετρον και ανδρεαν τον αδελφον αυτου βαλλοντας αμφιβληστρον εις την

θαλασσαν ησαν γαρ αλιεις

19 και λεγει αυτοις δευτε οπισω μου και ποιησω υμας αλιεις ανθρωπων

20 οι δε ευθεως αφεντες τα δικτυα ηκολουθησαν αυτω

21 και προβας εκειθεν ειδεν αλλους δυο αδελφους ιακωβον τον του ζεβεδαιου και ιωαννην τον αδελφον αυτου εν τω πλοιω μετα ζεβεδαιου του πατρος αυτων καταρτιζοντας τα δικτυα αυτων και εκαλεσεν αυτους

22 οι δε ευθεως αφεντες το πλοιον και τον πατερα αυτων ηκολουθησαν αυτω[2]

 

2.1 Tradução e análise gramatical

18 περιπατων - da raiz “peripateõ”  nos evangelhos é andar fisicamente, nas epistolas se refere a mudança de vida[3] p.397

Δε  -partícula que significa ‘e’ ou ‘mas’ ‘ora’ p386

Ο- artigo masculino “o” [4]p20

Ιησους- Jesus transliteração da palavra hebraica “Josué” que significa “Jeová é a salvação”p728

Παρα-preposição ‘ao lado de, junto a’ ao pé, junto do. P913

Την- artigo feminino “a” p26

Θαλασσαν- no sentido literal mar. Metaforicamente se refere a homens ímpios. P 773

Της -artigo feminino “da” p26

Γαλιλαιας- “Galiléia”[5] interlinear p12

Ειδεν - um substantivo da raiz “eidos” “ aquilo que golpeia os olhos, o que é exposto a vista” p496 parecer encontrar aquilo que é visto, aparência

Δυο- numeral que equivale ao numero dois p575

Αδελφους-denota “irmão” ou “parente próximo” está sendo usado no plural do acusativo p723

σιμωνα – “Simão” interlinear p12

λεγομενον-da raiz “lego” denota “falar”, é usado para todos tipos de comunicação oral, como “chamar pelo nome, chamar”. p 464

Πετρον-de “petra”denota “massa de pedra” e “petrós” significa “pedregulho” pedra solta”. p955.

Και-“e, também” significado conectivo p421

Ανδρεαν-“André” interlinear p12

τον-artigo masculino “o”

αδελφον- denota “irmão” ou “parente próximo” está sendo usado no singular do acusativo p723

αυτου- pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no genitivo singular “dele” p43

βαλλοντας- de “balo”, “lançar, arremessar, em oposição à, golpear” p735

αμφιβληστρον- “algo lançado ao redor”, “amphi”: “ao redor”, e “balo”: “lançar”, denota tarrafa, uma rede de tamanho pequeno. p931

εις – “para, para dentro, a fim de” p148

την- artigo feminino “a” p26

θαλασσαν-literalmente é usado como “mar” p733.

ησαν – “eram” interlinear p12

γαρ – significa “porque” de resposta a uma pergunta p45.

αλιεις- nominativo plural de “pescador”  p116

19 και -“e, também” significado conectivo p421

 λεγει – verbo “lego”. “falo” conjugado na terceira pessoa do singular “falou”

αυτοις - pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no dativo plural “a eles” p43

δευτε – “venham” p135

οπισω – relacionado com “hepomai” “seguir”, é usado adverbialmente para se referir a lugar com o significado de “atrás, detrás, para trás” p557.

μου – pronome pessoal genitivo singular “de mim, meu” p43

και -“e, também” significado conectivo p421

ποιησω –de “poiesis” denotando “execução”, cognato de “poieõ” “fazer”p827.

υμας-pronome pessoal nominativo plural “vós”

αλιεις-nominativo plural de “pescador”  p116

ανθρωπων-de modo geral “ ser humano, macho ou fêmea, sem referencia a sexo ou nacionalidade”p692.

20 οι –“eles” interlinear p12

δε –conjunção que indica “e” ou “mas” p386.

ευθεως-“imediatamente, sem demora, logo, diretamente” p440.

αφεντες-de “aphiemi” no sentido de deixar abandonar p540.

τα-artigo neutro “os/as” p22.

δικτυα – de “diktuon” termo geral para denotar “rede”. De uma antiga forma verbal “diko” “lançar”, cognato de “dikos” “malha em forma de aro” p931,

ηκολουθησαν-“seguiram” interlinear p12

αυτω- pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no dativo singular “a ele” p43

21 και -“e, também” significado conectivo p421

Προβας-de “probaino”  “ir adiante, adiantar-se” p842.

εκειθεν –usado em referência a lugar “dali” p529.

ειδεν -um substantivo da raiz “eidos” “ aquilo que golpeia os olhos, o que é exposto a vista” p496 parecer encontrar aquilo que é visto, aparência

αλλους-do termo “allos” que denota uma diferencia numérica e “ outro do mesmo tipo” p839.

δυο -numeral que equivale ao numero dois p575

αδελφους-denota “irmão” ou “parente próximo” está sendo usado no plural do acusativo p723

ιακωβον-“Tiago” interlinear p12

τον-artigo masculino “o” p20

του-artigo neutro “do/da” p22

ζεβεδαιου-“Zebedeu” interlinear p12

και -“e, também” significado conectivo p421

ιωαννην-“João” p31.

τον-artigo masculino “o” p20

αδελφον-denota “irmão” ou “parente próximo” está sendo usado no singular do acusativo p723

αυτου-pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no genitivo singular “dele” p43

εν – “em” p397

τω-artigo neutro “ao/à” p22

πλοιω-“nau, navio, embarcação, barco” p428

μετα-“com” p45

ζεβεδαιου-“Zebedeu” interlinear p12

του-artigo neutro “do/da” p22

πατρος- denota “pai” p49

αυτων - pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no genitivo neutro plural “deles/delas” p43

καταρτιζοντας-“concertando” interlinear p12

τα-artigo neutro “os/as” p22

δικτυα - de “diktuon” termo geral para denotar “rede”. De uma antiga forma verbal “diko” “lançar”, cognato de “dikos” “malha em forma de aro” p931,

αυτων-pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no genitivo neutro plural “deles/delas” p43

και -“e, também” significado conectivo p421

εκαλεσεν-de “kaleo” “chamo,clamo” se apresenta na forma conjugada no passado.

αυτους-pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no acusativo plural “eles” p43

22 οι -“eles” interlinear p12

δε -conjunção que indica “e” ou “mas” p386.

ευθεως-“imediatamente, sem demora, logo, diretamente” p440.

αφεντες-de “aphiemi” no sentido de deixar abandonar p540.

το- artigo neutro “o/a” p22

πλοιον- “nau, navio, embarcação, barco” p428

και -“e, também” significado conectivo p421

τον-artigo masculino “o” p20

πατερα – “pai” declinado no acusativo p87

αυτων-pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no genitivo neutro plural “deles/delas” p43

ηκολουθησαν-“seguiram” interlinear p12

αυτω- pronome possessivo masculino “autós”“ele”, declinado no dativo singular “a ele” p43

“18. E andando Jesus junto ao mar da Galiléia avistou dois irmãos, Simão chamado de Pedro e André o irmão dele, lançando a rede para dentro do mar, porque eram pescadores. 19. E falou para eles: venham atrás de mim e farei de vocês pescadores de pessoas. 20. Eles sem demora abandonaram as redes e o seguiram. 21. E adiante dali avistou outros dois irmãos, Tiago o de Zebedeu e o irmão dele, no barco com Zebedeu o pai deles concertando as redes deles, e os chamou. 22. Imediatamente abandonaram o barco e o pai deles e o seguiram.”

  

2.2 Comparações de versões

 NVI

18. Andando a beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores. 19. E disse Jesus: “Sigam-me e eu os farei pescadores de homens”. 20. No mesmo instante eles deixaram suas redes e o seguiram.

21. Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu e João seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as redes. Jesus os chamou. 22. e eles, deixaram seu pai e o barco e o seguiram[6].

ARC

18. E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia. Viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.

19. E disse-lhes; Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.

20. Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no.

21. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os.

22. Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no[7].

NTLH

18. Jesus estava andando pela beira do lago da Galiléia quando viu dois irmãos que eram pescadores: Simão, também chamado de Pedro, e André. Eles estavam no lago, pescando com redes. 19. Jesus lhes disse: Venham comigo, que eu ensinarei vocês a pescar gente.

20. Então eles largaram logo as redes e foram com Jesus.

21. Um pouco mais adiante Jesus viu outros dois irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco junto com o pai, concertando as redes. Jesus chamou os dois, 22. E no mesmo instante, eles deixaram o pai e o barco e foram com ele[8].

 Inferência

  O ponto que mais chamou atenção em todas as traduções e que eles preferiram empregar a palavra “deixaram, ou largaram” para traduzir o termo “aféntes”, que se refere ao momento ao qual eles decidiram seguir Jesus e “deixaram, ou largaram” o pai e barco. Com tudo o termo enfatizado, se refere a muito mais que apenas deixar, pois isso conota que eles poderiam ter a intenção de querer voltar para pegar o que deixaram para trás, enquanto o termo abandono se trata de uma saída sem pensar em voltar atrás.

  Fora a parte a comentada, as traduções em geral levam ao mesmo significado, a convocação de Jesus aos seus primeiros discípulos, e a ação deles em resposta ao seu chamado.

2.3 Análise da forma

 

  Analisando a forma do texto em questão, encontra-se facilmente traços claros de uma narrativa. Pois uma narrativa trata de duas questões, enredo e personagens. Sendo o primeiro um panorama de acontecimentos reais ou imaginários que envolvem o texto. O segundo caracteriza-se pela presença de personagem ou personagens que fazem a história acontecer[9]. Neste caso os dois pontos estão presente na perícope trabalhada. Primeiro aborda os acontecimentos como Jesus andando junto ao mar, ele encontrando os quatro discípulos, o que eles estavam fazendo e suas atitudes. Também versa personagens e suas respectivas falas, como Jesus chamando a André, Pedro, Tiago e João.

 

 3 CONTEXTO

3.1Análise literária

  O texto foi delimitado com base texto, que no versículo 17 está encerrando a pregação de Jesus, e no versículo 18 começa uma nova narração, com Jesus andando junto ao mar da Galiléia. Esta narrativa finda no 22 onde os últimos discípulos abandonam seu Pai para seguir Jesus, pois o verso 23 começa outra narração de ensinamentos. Moody também delimita esta perícope com o nome de “A chamada dos quatro discípulos”[10].

  Este texto está dividido em quatro partes, dois chamados de Jesus e duas respostas ao chamado. Os chamados destes quatros discípulos tem relação com o modo como prontamente aceitaram a esse chamado. O que se mostrou no decorrer da narrativas dos evangelhos, como eles sendo os mais próximos de Jesus. Essa narrativa encontra-se nos sinóticos e em João conta o chamado dos quatros discípulos de uma maneira diferente. (Mc 1.16-20, Lc 5.1-11, Jo1. 35-42.). Elas são semelhantes, em Marcos ela se encontra em posição inversa[11], e em Lucas ela é mais detalhada.

  

3.2 Contexto maior

Observando o evangelho de Mateus, percebe-se que muitos propósitos surgiram para que ele viesse a existir. Em suma, a necessidade de instrução para os novos convertidos judaicos, a preparação apologética contra ataques de pensamentos judeus, para ensinar a ler as Escrituras de maneira correta, e outros. Um dos principais pontos de apoio para essas definições é o fato deste evangelho ter varias citações ao Antigo Testamento.

  Nisto, pode-se perceber que a porção predicante em destaque se enquadra num apoio para mostrar como os primeiros discípulos foram chamados para o apostolado.

 3.3 Contexto menor

  A narrativa anterior ao chamado dos quatros discípulos se refere à residência de Jesus estabelecida em Cafarnaum. Começando no 4.12 e decorrendo até o verso 18. Mostrando o objetivo profético de Jesus estar residindo neste, e o anuncio de sua mensagem de arrependimento para o povo[12].

 A descrição posterior remete aos acontecimentos que se darão no decorrer do ministério de Jesus. Esta porção se estabelece do 4.23 levada ao 25. Nela estão registrados os lugares onde Jesus esteve com freqüência como nas sinagogas, e sua função que era de curar e libertar as pessoas, por isso essa porção narra que muitos eram libertos e curados de varias enfermidades[13].

 A perícope de estudo se localiza entre as porções destacadas. Sendo que ela quebra uma sequência de anuncio de Jesus, mas ao mesmo tempo serve para mostrar que no caminho de Cafarnaum para Galiléia, onde Jesus realizou varias obras ele não estava mais sozinho. Agora ele estava acompanhado de mais quatro discípulos.

  

3.4 Contexto histórico

  Segundo D.A. Carson este evangelho teve sua origem na Síria, e a maioria dos autores acreditam que foi escrito entre os anos 80 e 100 a.C. e possivelmente não foi escrito por um único autor. Mas trata necessariamente de uma coletânea de ditos que circulavam entre a comunidade e que foram unidos num único, e tenham atribuído sua autoria a Mateus com o objetivo de maior aceitação pela igreja[14]. Pressupõe que este evangelho tenha sido escrito para um grupo de Judeus que estavam em sua comunidade, e não para gentios convertidos, devido a características apresentadas na formação do texto. Por isso seu propósito era de catequizar os cristãos judeus. Mostrando com referência no Antigo Testamento que Jesus era realmente o messias esperado por eles[15].

4 INTERTEXTUALIDADE

4.1 Correlação bíblica

 

  Numa analise com outras passagens além dos sinóticos e em João conta o chamado dos quatros discípulos de uma maneira diferente. (Mc 1.16-20, Lc 5.1-11, Jo1. 35-42), percebe-se que no Antigo Testamento, a menção ao voluntariado para o chamado de Deus já estava presente. Em Gêneses 12.1-4, quando Deus chama Abrão para sair do meio de sua parentela, ele não hesitou, prontamente saiu sem se apegar a nada para um lugar que nem ao menos sabia onde era. Mas a frente em 1 Reis 19.19-21 se vê o chamado de Eliseu. Outro homem que quando Deus usa Elias para chamá-lo para sua obra não perdeu tempo. Abandonou seu serviço, matou a junta de boi que eram do seu trabalho, e imediatamente foi seguir o servo de Deus. Se fosse listar teriam muitos exemplos a serem expostos. Mas esses já mostram o quanto Deus deseja das pessoas uma atitude ao seu chamado.

  

4.2 Análise semântica e teologia

Quatro palavras que realçam a atenção nesta perícope pelos seus significados são:

Ειδεν – É um substantivo da raiz “eidos” “ aquilo que golpeia os olhos, o que é exposto a vista” p496 parecer encontrar aquilo que é visto, aparência. Geralmente significa ver, perceber, relembrar, averiguar, reparar. Esta palavra conota de Jesus foi chamado à atenção, por aqueles pesadores. Isso nos dois casos, porque a mesma palavra aparece nas duas vezes que ele os encontra. Aqueles homens chamaram atenção de Jesus, porque ele conhecia os corações deles. E sabia que depois de trabalhado um pouco na vida deles, eles não iriam decepcionar. Porque eram homens trabalhadores, e tinham disposições em suas vidas, o que se comprovou após tê-los chamados. P2595 dicionário internacional de teologia do novo testamento. Lothar Coenen Colin BROWN São Paulo: Vida Nova, 2000.

βαλλοντας-  É outra palavra que chama a atenção, pois sua denotação vem de  “balo”, “lançar, arremessar, em oposição à, golpear” como também se refere ao lançar sem um alvo certo. Pois é isso que os pescadores fazem lançam suas redes sem direção, pois não sabem ao certo onde se encontram os peixes. Atiram na expectativa de acertar, às vezes acertam outras vezes erram, e assim é o ofício de pescador. Jesus percebendo isso, agora os alicia a não errarem mais, pois ele tinha um alvo certo. Ele os convida para serem pescadores de pessoas. p735

 

οπισω – É uma palavra que está relacionado com “hepomai” “seguir”, é usado adverbialmente para se referir a lugar com o significado de “atrás, detrás, para trás, depois, após, posteriormente” p557. Está claro que Jesus chama os discípulos, não para caminharem sozinhos e tentarem fazer as coisas do seu jeito. Muito menos para irem à sua frente realizando as obras que ele mandasse. Nem para irem do seu lado fazendo tudo o que ele fizesse. Jesus chamou os discípulos para irem atrás dele. Ele estaria na frente de tudo. O que ele pediu foi que apenas o seguissem, e ele os transformaria em verdadeiros pescadores.

 

αφεντες- Esta palavra vem de “aphiemi” no sentido de deixar abandonar. Isso mostrou a disposição dos quatro pescadores em seguir Jesus. A profundidade desta palavra em alguns dicionários de teologia chegam a considerar como no mesmo caso de um defunto, que abandona sua família, e não tem como nunca mais voltar. A disposição daqueles homens para seguir o mestre foi tão impactante que eles nem sequer pensavam em algum dia voltar a trás em suas decisões. E essa é a mensagem que autor almejou transmitir para os leitores, que seguir a Cristo dispunha de uma renuncia total. p540.

4.3 Temas teológicos

  Um tema teológico bastante discutido dentro das igrejas, e a questão do chamado de Jesus para as pessoas se tornarem seus discípulos. Primeiro porque muito se discute o fato de ser discípulo. Pois muitos argumentam que, discípulos somente podem ser considerados aqueles que receberam esse chamado diretamente de Jesus Cristo enquanto estava presente aqui na terra. Logo ninguém mais poderia se considerar um discípulo de Cristo autenticamente, fora os doze que ele escolheu. Porém observando o significado da palavra, deixa claro que qualquer que seguir os ensinamentos de Jesus, podem se considerar seus discípulos. Isso não quer dizer que os discípulos atuais tenham a mesma autoridade dos primeiros, apenas que são seguidores dos ensinamentos de Cristo. A discussão sobre esse tema se estende, mas de momento isto serve de reflexão ao chamado de Cristo para seus discípulos[16].

  Outro tema que esta passagem sucinta é a resposta ao chamado de Jesus. Pois em decorrência deste chamado muito foi discutido no decorrer da história. E foram clara as consequências, pois os dois extremos foram atingidos. Uns achando que servir a Cristo era necessário o auto sacrifício, o que levou muitos a um legalismo, causando muita dor e levando as pessoas para longe de Cristo e do seu chamado. Outros, no entanto, mediante a graça de Jesus manifestada as pessoas, acharam que nada era necessário fazer para servir a Cristo, o que gerou a libertinagem[17].

  Os temas que esta passagens fazem fluir levam a entender que Cristo chama as pessoas para o amarem e confiarem nele, descansando em seus cuidados.

4.4 Escopo do texto

  Segundo Robert H. Mounce, o texto trás consigo indicações claras do seu objetivo para os seus leitores. Como o livro foi escrito por vários objetos, como catequizo, auxílio para combater os próprios judeus, guardar registros fidedignos a cerca dos feitos e palavras de Jesus, etc. A passagem em questão se enquadra nesse panorama. Sendo anunciado como os primeiros discípulos se aderiram a Jesus, e porque acabaram se tornando os mais próximos dele. Expressando os locais com precisão, e fazendo questão de anunciar os nomes destes indivíduos. Este texto trouxe subsídios para os judeus se defenderem e assegurarem os motivos de sua fé[18]

5 CONTEXTUALIZAÇÃO

5.1 Meditação

  Ser um discípulo de Cristo é mais do que apenas ir e participar de cultos de adoração a Deus. O cristão que quer ser um discípulo do Senhor deve primeiramente conhecer as palavras de Deus. E o único caminho para o descobrimento de Sua palavra é por meio das Escrituras Sagradas. Elas revelam e mostram a vontade de Deus para as pessoas que almejam fazê-la. Depois de descobrir a vontade de Deus para suas vidas vem a parte mais difícil, que é o colocar em prática aquilo que aprendeu sobre a vontade de Deus. Porque o verdadeiro discípulo, ele não só ouve as palavras do mestre, mas as praticas.

 

5.2 Aplicação

  Está passagem estudada deixa clara a sua aplicação. Ela trata de um chamado de Cristo, não apenas para os primeiros discípulos, mas para a atualidade. Pois muitas pessoas estão se intitulando discípulos, mas não estão realizando o que Jesus pede. Estão cada vez mais entregues as coisas deste mundo, mais do que em qualquer outra época. Muito ao contrário dos primeiros discípulos que abandonaram tudo para seguir o mestre. As pessoas estão muito ocupadas para servir no reino de Deus. As coisas deste mundo prendem seus corações, e sua confiança nessas coisas tornam difícil deixar Cristo no comando e apenas confiar nele.

  Cristo chama as pessoas para serem seus discípulos, mas quer que abandonem tudo, porque Ele tem um alvo certo para elas lançarem suas redes e muita obra a realizar por suas vidas.

 CONCLUSÂO

  A partir do estudo feito nesta passagem o que deve acontecer é a estimulação por servir melhor a Deus, sem se preocupar com as adversidades que apareceram. O cristão que dispõe a servir a Cristo com a mesma ansiedade dos primeiros discípulos deve saber que as tempestades irão sugir, mas se Cristo estivir junto tudo vai passar. Os discípulos receberam um convite para deixar Jesus guiar as suas vidas. Eles prontamente aceitaram sem se preocupar com o que viria depois. Assim todo cristão deve fazer.

  O chamado de Cristo as pessoas é o mesmo, “Vinde atrás de mim”. A resposta que cada um vai dar é que vai fazer a diferença na proximidade que vai ter com aquele que fez o chamado. Servir a Jesus é voluntariado, um ato de fé e de amor.  

REFERÊNCIAS

AMARAL, Emília et al. Novas palavras: português, volume único. São Paulo: FTD,2003.

BÍBLIA Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida, 2004.

BÍBLIA Sagrada. Tradução Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

BÍBLIA Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

BUENO, Antônio. Um chamado, uma mensagem, uma resposta. Ministério Apostólico renovado. Disponível em:< http://sourenovado.wordpress.com/2011/04/04>. Acesso em: 18 de maio de 2012.

CARSON. D.A. et al. Introdução ao novo testamento.São Paulo: Vida nova, 1997.

HARRISON, Everett F. et al. Comentário bíblico Moody. São Paulo: Batista regular,1997.

MOUNCE, Robert H. Novo comentário bíblico contemporâneo Mateus. São Paulo: Vida, 1996.

Novo Testamento Interlinear Grego português.Texto grego:The Grek New testament, 4ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1550, 2004, S.Mt 4:18-22.

PEREIRA, José Maria. O chamado de Jesus a conversão.Comunidade católica shalom. Disponível em: < http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=5147>. Acesso em: 18 de maio 2012.

SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coinê. Pequena gramática do grego neotestamentário. Holanda: Pentecoste, 2004.

TASKER, R. V. G. Mateus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006,p46

VINE, W. E. et al. Dicionário Vine.O significado expositivo e exegético das palavras do Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

 [1] MICHAELIS. Dicionário pratico da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramento, 2009, p303.

[2]Novo Testamento Interlinear Grego português. Texto grego: The Grek New testament, 4ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1550, 2004, S.Mt  4:18-22 p 12.

[3]VINE, W. E. et al. Dicionário Vine.O significado expositivo e exegético das palavras do Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. Todas as referências nesta tradução acima de p200, referem-se a este livro como valor na frente de “p” indicando o números das páginas.

[4] SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coinê. Pequena gramática do grego neotestamentário. Holanda: Pentecoste, 2004.Todas as referências nesta tradução abaixo de p200, referem-se a este livro com  o valor na frente de “p” indicando o números das páginas.

[5]Novo Testamento Interlinear Grego português.Texto grego:The Grek New testament, 4ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1550, 2004, S.Mt 4:18-22 p 12.Todas as referências nesta tradução com “interlinear p12” referem-se ao mesmo.

[6] BÍBLIA Sagrada. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida, 2004.

[7] BÍBLIA Sagrada. Tradução Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

[8] BÍBLIA Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

[9] AMARAL, Emília et al. Novas palavras: português, volume único. São Paulo: FTD,2003. p 532.

[10]HARRISON, Everett F. et al. Comentário bíblico Moody. São Paulo: Batista regular,1997, p7

[11] TASKER, R. V. G. Mateus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006,p46

[12] HARRISON, 1997, p9

[13] HARRISON, 1997, p10

[14] CARSON. D.A. et al. Introdução ao novo testamento.São Paulo: Vida nova, 1997,p85

[15] CARSON. D.A.,1997, p90

[16]PEREIRA, José Maria. O chamado de Jesus a conversão.Comunidade católica shalom. Disponível em: < http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_id=5147>. Acesso em: 18 de maio 2012.

[17] BUENO, Antônio. Um chamado, uma mensagem, uma resposta. Ministério Apostólico renovado. Disponível em:< http://sourenovado.wordpress.com/2011/04/04>. Acesso em: 18 de maio de 2012.

[18] MOUNCE, Robert H. Novo comentário bíblico contemporâneo Mateus. São Paulo: Vida, 1996, p44.