Exclusão Religiosa
Publicado em 09 de junho de 2010 por Ana Paula Mendes
CASTRO, Marailza Rosimeire
CASTRO, Taynara Martins
CONGRO, Natália Leão
ERNICA, Diego Fernando
MENDES,Ana Paula de Oliveira
MINA, Sandra Regina Nóia
SILVEIRA, Marcos Vargas
A religião surge da necessidade do homem crer em algo superior e de responder perguntas que a ciência ainda não respondeu como a origem e o propósito da vida humana. Com isso surgem as instituições, que passam a ter um relevante papel social, como fator de controle e organização coletiva.
Entretanto, embora a religião responda questões relevantes no âmbito existencial, ela também exerce forte dominação sobre as pessoas, e exclui toda liberdade individual. Tudo isso, somado com a evolução das idéias humanas, e auxiliado pelo descontentamento de algumas classes excluídas da religião, culminaram na obliteração das crenças, do culto religioso e da estrutura social divinizada.
No Brasil, a Constituição de 1824, do império, proclamava em seu artigo 5º: "A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo", ou seja, o domínio da Igreja nas decisões estatais era grande e influente, não possibilitava o culto de outras religiões que ocorressem externamente, sendo punido quem externamente manifestasse religião que não fosse à estabelecida.
O Estado brasileiro laico só fora estabelecido legalmente com a Constituição de 1891, onde de fato a administração pública tornou-se independente da religião. Atualmente o artigo 5º, inciso VI, da constituição de 1988 prescreve que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, proteção aos locais de culto e suas liturgias", bem como que, em seu artigo 19, proíbe que a União, estados e municípios estabeleçam cultos religiosos ou igrejas, criem subvenções ou mantenham relação de dependência ou aliança com líderes religiosos.
É necessário reconhecer a importância das religiões na constituição das sociedades e do indivíduo. Fustel de Colanges, em seu livro "A Cidade Antiga", afirma que a religião "nasceu espontaneamente no espírito humano; seu berço foi a família; cada família fez seus próprios deuses." Desde o surgimento do homo sapiens nunca se tomou conhecimento de que tenha havido algum grupamento humano que não tivesse religião. Porém, com o advento da Filosofia Grega e das Filosofias Orientais, os mitos criados pela crença religiosa dão lugar a razão ou a intuição investigativa.
Dado este reconhecimento, a medicina não pode negar a dimensão religiosa do sujeito, como não pode a religião negar a dimensão científica. Todavia, cabe aqui perguntar: quais são os limites das relações entre medicina e religião? Segundo pesquisas norte-americanas, medicina e religião devem andar juntas para o bem estar dos pacientes. O médico deve levar em consideração, além do físico, o indivíduo como ser social, psicológico e espiritual.
Os dogmas religiosos muitas vezes se opõem às pesquisas científicas. A consequência lógica desse descompasso é que muitas questões passaram a ter (no mínimo) duas respostas: a religiosa e a científica. Hoje, as religiões continuam influenciando o desenvolvimento da ciência. Se não queimando gente em fogueiras em praça pública, ao menos direcionando verbas para pesquisas e fazendo lobby contra ou a favor de determinadas leis.
Podemos citar como exemplo desta resistência ao saber científico, as pesquisas liberadas no Brasil com células-tronco retiradas de embriões humanos. A Lei de Biossegurança, aprovada em março/05, contou com forte resistência por parte da Igreja e de grupos antiaborto.
Os opositores da lei se baseiam na crença de que o ser humano tem alma desde a fecundação, e por isso destruir um embrião é assassinato. Os favoráveis a ela se apóiam no fato de as células-tronco (que podem se transformar em qualquer tecido do corpo) serem uma chance de cura para vários tipos de doença, que vai de mal de Parkinson à paralisia dos membros.
Contudo, não podemos determinar uma verdade absoluta entre as duas proposições, tendo em vista ser a verdade, como afirma Nietzche, um ponto de vista. A verdade está dentro do que cada um acredita, não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira.