ADMINISTRAÇÃO DE SERVICOS EM

ENFERMAGEM NA UNIDADE DE SAÚDE

UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA FLORIANO CUNHA

EXAMES CITOPATOLÓGICOS, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL E TRIAGEM NEONATAL

VASSOURAS

NOVEMBRO DE 2006

INTRODUÇÃO

Este trabalho possui o objetivo de identificar e analisar dados pertinentes aos assuntos relacionados ao Exame Citopatológico, Pré-Natal e Triagem Neonatal na Unidade de Saúde Floriano Cunha, em Itakamosi.

A coleta de dados, relacionada ao ano de 2005, foi realizada no período de 10/10/2006 até 21/11/2006, onde foram pesquisadas informações através dos prontuários e dados contidos na unidade.

Os dados foram comparados com um breve resumo sobre o que preconiza o Ministério da Saúde, especificando, também, cada tipo de patologia encontrada.

IDENTIFICAÇÃO

A U.S.F. Floriano Cunha se localiza na comunidade de Itakamosi, em Vassouras – RJ, abrangendo também as comunidades de Ipiranga e Esquina da Alegria. A área é subdividida em 5 microáreas, com 724 famílias cadastradas. A enfermeira atualmente responsável pelo P.S.F. é D.M.M.C., que conta com o apoio de três Auxiliares em Enfermagem e cinco Agentes Comunitários de Saúde.

Desenvolvimento

EXAME CITOPATOLÓGICO

De acordo com informações colhidas do Ministério da Saúde através do Programa Viva Mulher e do SisColo (Sistema de Informação Laboratorial do Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo Uterino), o câncer do colo do útero é um sério problema de Saúde Pública.

O exame pode ser realizado por qualquer profissional da saúde, desde que tenha sido adequadamente treinado. Consiste na coleta de material para exame na parte externa (ectocérvice) e interna (endocérvice) do colo do útero. O material coletado é afixado em lâmina de vidro, corado pelo método de Papanicolaou e, então examinado ao microscópio. Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente dos 25 aos 59 anos de idade. O tratamento é realizado através de medicamentos orais e tópicos.

No Brasil ficou definido que o exame citopatológico deve ser realizado em mulheres entre 25 e 60 anos de idade, ou que já tenham realizado atividade sexual mesmo antes dessa faixa de idade, uma vez por ano, e após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos.

Pelo P.S.F. Floriano Cunha foram realizados 126 exames citopatológicos, sendo que 78 estavam dentro dos limites da normalidade (61,9%) e 48 apresentavam-se anormais (38.81%).

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

Dentre as anormalidades, temos Inflamação, Metaplasia Escamosa, Trichomonas vaginalis, Citólise, NIC I, Hipotrofia, Inflamação Atrofia com Inflamação, Gardnerella vaginalis, Cocos, Alterações Celulares Benignas e lactobacilos.

Metaplasia escamosa: A metaplasia escamosa do colo uterino indica a substituição fisiológica do epitélio colunar evertido na ectocérvix por um epitélio escamoso recém-formado de células subcolunares de reserva.

Trichomonas vaginalis: é um protozoário flagelado causador da tricomoníase. A Tricomoníase costuma atingir mulheres entre 16 e35 anos de idade, causando corrimento esbranquiçado espumoso, edema, prurido, queimação, escoriações, ulcerações, e sangramento após relações sexuais.

Citólise: é a morte celular, pois estas células que morrem estão nos defendendo contra os invasores de nosso corpo como os produtos químicos, bactérias, fungos, vírus, etc.

NIC I: crescimento anormal restrito ao terço inferior do epitélio (displasia leve).

Inflamação: são inflamações dos tecidos vaginais que passam a produzir secreção anormal. O sintoma mais evidente da secreção vaginal anormal é o surgimento de muco em grandes quantidades ou com odor intenso, além da presença de dor ou moléstia vaginal e prurido. As características são diferenciadas em função da origem da inflamação: infecção por cândida, por Trichomonas vaginalis, bacteriana, herpética, pólipos cervicais, câncer ou sífilis.

Atrofia: alteração epitelial devido a um baixo estado de estrogênio, representada por uma mucosa pouco espessa que deixa transparecer uma fina rede vascular.

Gardnerella vaginalis: uma bactéria presente na flora feminina, o aumento da gardnerella causa corrimento e mal-cheiro, mas não é comprovado que seja uma doença sexualmente transmissível, apesar de que relacionamentos esporádicos serem uma das possibilidades de aumento dessa bactéria.

Cocos (Staphylococcus saprophyticus): é um patógeno oportunista em infecções do trato urinário, especialmente em mulheres jovens sexualmente ativas.

Alterações celulares benignas: E um tumor que não é canceroso. Quando muito, pode comprimir estruturas próximas a ele, mas não invade ou destrói tecidos vizinhos, não tem capacidade de produzir metástases.

 

Lactobacilos: são bactérias do gênero facultativa gram-positiva, que convertem lactose e outros açúcares simples em ácido láctico. Lactobacilos são geralmente benignos - e até necessários - ao corpo humano.

Os medicamentos encontrados na unidade para tratamento dessas anormalidades são: Metronidazol (indicado no tratamento de infecções bacterianas por anaeróbios, amebíase e tricomoníase. Vaginite por T. vaginallis e Gardnerella vaginalis), Fluconazol 150 mg (indicado no tratamento de Candidíase vaginal e balanites por Candida,) Nistatina (tratamento de Candidíase oral e vulvovaginal) e creme vaginal Metronidazol com Nistatina (Antinfecciosos Tópicos).

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

Foram 31 exames realizados por mulheres na faixa etária de 16 a 26 anos; 30 na faixa de 27 a 36; 32 na faixa de 37 a 46; 26 na faixa de 47 a 56; e 9 na faixa etária acima de 56 anos.

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal. A atenção á mulher na gravidez e no pós-parto deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico e tratamento adequado dos problemas que ocorrem neste período.

Na unidade de saúde houve gestantes que completaram as seis consultas, outras não, e até mesmo algumas que preferiram realizar o acompanhamento pré-natal em outro município, devido à facilidade de conseguir a cirurgia de ligadura de trompas. A relação de consultas foi a seguinte:


Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

Conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, o número de consultas de Pré-Natal deve ser de no mínimo 06 consultas, sendo uma no 1º trimestre, duas no 2º trimestre e três no 3º trimestre.

O acompanhamento da mulher no ciclo gravídico-puérperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que deverá ter sido realizada a consulta de puerpério.

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

O Ministério da Saúde preconizou alguns exames que são essenciais durante a assistência Pré-Natal, que deverão ser realizados tão logo que a gravidez é confirmada e no 3º trimestre. São eles: grupo sanguíneo e fator Rh (quando não realizado anteriormente), sorologia para sífilis (VDRL), exame de urina (tipo I), hemoglobina (Hb), glicemia de jejum, colpocitopatologia oncótica (se necessário) e teste anti-HIV (com permissão da gestante).


Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

A vacinação da gestante é procedimento bastante restrito, devido aos riscos reais ou teóricos de ação nociva contra o feto. Em geral contra indicam-se as vacinas vivas, mas em relação às vacinas não vivas ainda há duvidas ou desconhecimento sobre a inocuidade de muitas delas, exceto a vacina antitetânica, ou combinada contra difteria e tétano.


Na Unidade, não foi possível identificar todas as gestantes que possuíam esquema vacinal completo, portanto vamos verificar somente as que possuíam os dados no prontuário, as demais serão consideradas como "sem informações", pois os dados foram anotados. na "Caderneta da Gestante" e não foi possível localizá-los.

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

TRIAGEM NEONATAL (TESTE DO PEZINHO)

A triagem neonatal é uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de diversas doenças congênitas ou infecciosas, assintomáticas no período neonatal, a tempo de se interferir no curso da doença, permitindo, desta forma, a instituição do tratamento precoce específico e a diminuição ou eliminação das seqüelas associadas a cada doença. O momento para a coleta é preferencialmente entre o 3º e o 7º dia de vida. Este exame prevê o diagnóstico de várias doenças: Hipotireoidismo Congênito, Fenilcetonúria, Hemoglobinopatias e Fibrose Cística.

Iremos comentar resumidamente sobre duas patologias que foram encontradas na unidade pesquisa, que são anemia falciforme e traço falcêmico.

Na Anemia Falciforme as hemácias adquirem forma de meia lua ou foice, daí a origem do seu nome. A pessoa com anemia falciforme adquire de seus pais a hemoglobina S, se tornando (SS), sendo que uma pessoa sem esta patologia possui hemoglobina (AA). Sua sintomalogia é: palidez e icterícia, obstrução dos vasos causando dor, úlcera nas pernas, maior tendência á infecções.


Já o Traço Falcêmico não é uma doença. Alerta aos portadores que se caso tiverem um filho com uma pessoa que também possua traço falcêmico, a probabilidade desta criança ser portadora de anemia falciforme é muito grande.

Fonte: P.S.F. Floriano Cunha

CONCLUSÃO

Com este trabalho conclui-se a importância do acompanhamento, registro de dados e levantamento de indicadores em Saúde Pública, analisando o perfil epidemiológico da comunidade. O não registro de tais dados dificulta o trabalho da equipe de saúde e o acompanhamento dos índices necessários para confirmações de assistências prestadas pelo serviço municipal de saúde.

Conforme analisado na Unidade de Saúde Floriano Cunha, as informações se encontravam incompletas, dificultando a realização deste trabalho. A liderança da equipe atual não é a mesma do período dos dados coletados, o que dificultou mais ainda a coleta de informações.

Através da execução deste trabalho, foi possível adquirir experiência quanto às formas de registros e levantamentos de dados e o quanto é importante no exercício da nossa profissão (Enfermagem).

Referências:

http://bvsms.saude.gov.br, acessado dia 24/11/06, às 10:00h;

http://www.inca.gov.br/viva_mulher, acessado dia 24/11/06, às 09:45h;

http: //www.ess.ufrj.br/prevencaoviolenciasexual/download/013prenatal.pdf, acessado dia 24/11/06, às 10:30h;

Assistência Pré-Natal – Manual Técnico, Ministério da Saúde – Saúde da Mulher, Brasília – DF – 2000;

http://www.anvisa.gov.br/sangue/p_hemoglobinopatia/falci_folder.pdf

www.fop.unicamp.br/microbiologia/aulas/estafilococos.pdf , acessado dia 25/11/06 às 10:30h