EVOLUCIONISMO E ESPIRITISMO

 

Nas proposições do artigo anterior, de minha autoria: “Evolucionismo Darwiniano”, já divulgado pela internet, deve-se notar a quase coincidência do lançamento do livro de Darwin: “A Origem das Espécies”, surgido em 1859, e de “O Livro dos Espíritos”, publicado em Paris, na França, em 18 de abril de 1857, marco inicial do Espiritismo na face terrena.

 

Pois bem: se é verdade que Darwin introduz definitivamente as idéias evolucionistas no seio do conhecimento oficial, Kardec, com o Espiritismo, e, com objetivos bem mais amplos, antecipa o anterior e preconiza além do evolucionismo biológico, o espiritual, sendo este o agente, o fator principal, que desencadeia e processa aquele outro, tido como de ordem fisiológica e material.

 

Será importante externar ainda que ambos os livros resultam da criteriosa pesquisa e da mais atenta observação. Mas falar que Darwin, de 1831 a 1836, teve o ensejo de estudar, coletar e comparar dados atinentes ao comportamento da fauna e da flora na bem sucedida viagem pelos três oceanos donde extraíra excelentes conclusões evolutivas das espécies, é falar do que já é do conhecimento catedrático, discente e popular. E, como o Espiritismo kardequiano, como Ciência e como a mais esplêndida e profunda Filosofia-Moral, ainda se ressente do conhecimento das massas e das lides acadêmicas, falemos um tanto mais de Kardec.

 

Seu nome de batismo: Hippolyte Leon Denizard Rivail, nascido aos 03 de outubro de 1804 na cidade de Lyon, na França, e falecido aos 31 de março de 1869. Sua competência intelectual e humanística o levou a publicar, bem cedo, seu primeiro trabalho de cunho didático, conforme o método pestalozziano que exercia grande influência na reforma de estudos europeus. A partir de então, publicou mais de vinte obras de caráter pedagógico, sendo algumas delas adotadas pelo governo francês para escolas de primeiro e segundo graus. Denizard foi o fundador do Instituto Técnico onde lecionara Aritmética, Geometria, História, Literatura e outras disciplinas.

 

Em sua casa, de 1835 a 1840, o catedrático francês ministrara cursos gratuitos de Física, Anatomia, Química, Astronomia, e etc; para tanto, tinha o apoio incondicional de sua esposa Amelie Gabriele Boudet, digníssima professora primária.

 

Rivail possuía vasta cultura não só no campo pedagógico e científico, mas também no filosófico, religioso e lingüístico; era, portanto, poliglota. Foi membro de várias sociedades sábias da época. Como não bastasse Denizard Rivail estudou profundamente o Magnetismo, Ciência que abalava os gabinetes da aristocracia intelectual de então. Em 1854, um tanto céptico, defronta-se com os fenômenos espiríticos que agitavam a França e o mundo e, no ano seguinte, após numerosas experiências e a obtenção das provas inconcussas dos fatos estudados, o sagaz observador se convence da existência de um Mundo Invisível e da intervenção de entidades extracorpóreas (Espíritos) nos fenômenos de efeitos físicos e inteligentes da mediunidade.

 

Muito outros importantes episódios aí vão se desenrolar, dentre os quais, o da revelação do Espírito de Verdade acerca de sua venerável tarefa de implantação da altaneira Doutrina e o da comunicação de que vivera nas Gálias, num outra encarnação, em que tivera o nome de Allan Kardec, eminente sacerdote druida.

 

E o fato é que a 18 de abril de 1857, como já mencionado, vem a lume a obra espírita fundamental que inaugura uma nova fase no campo da espiritualidade humana na Terra; nela Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec, dando ao gigantesco trabalho um cunho impessoal, obra não exatamente sua, mas dos Espíritos Superiores que a ditaram: e daí o seu título:

 

“O Livro dos Espíritos”.

 

Em 1858 o hábil argumentador inicia a publicação da “Revista Espírita”, e cria, nesse mesmo ano, a “Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas”. Mas devo ressaltar que outras obras vieram reforçar e completar o trabalho basilar.

 

Se a primeira retratara com veemência a Doutrina Superior revelada mediante perguntas e respostas às argüições de Kardec, nas demais, entretanto, se verá, isto sim, o notável caráter pedagógico do Codificador, bem como o seu posicionamento científico, de pesquisador emérito, como, por exemplo, no segundo livro de sua publicação, criteriosamente de “Espiritismo Experimental”.

 

E assim, com as armas da Ciência mesma Kardec erigia com clareza e concisão as estruturas basilares do Espiritismo; mas se defrontava, por um flanco, com o materialismo avassalador e, por outro, com o obscurantismo das religiões instituídas. A verdade espírita mexeu tanto com os ânimos do fanatismo religioso, castrador da liberdade de pesquisa, de crença e de expressão que o bispo de Barcelona, em 1861, representando a inquisição espanhola, fez arder em chamas trezentas obras espíritas em praça pública.

 

Mas apesar de tudo, de todas as perseguições, o Espiritismo fazia os seus progressos. Os sábios o estudavam e o confirmavam em suas pesquisas; as populações, famintas de nova luz, vinham beber nas santas fontes da Espiritualidade Superior. E se Kardec e o Espiritismo disseram muito para a época, eles não disseram tudo: do Espiritismo se conhece apenas as primeiras letras, mas as últimas jamais; pois que avança, dilata seus conceitos e esclarecimentos filosóficos que se sucedem no fluir da temporalidade, do conhecido Tempo-Evolução.

 

Como já visto, por essa época nascia também o Evolucionismo Darwiniano que tivera de enfrentar, tal como o Espiritismo mesmo, dúplice embate: em um flanco com a religião, defensora do Fixismo, e, em outro, com alguns eminentes pensadores da época e seus enganosos conceitos, e porque não dizer: preconceitos. Mas as idéias evolucionistas por ser uma verdade científica e universal prevaleceram de vez. No caso do Espiritismo, este, por sua vez, confirma Charles Darwin no plano da materialidade. Como já sabemos, o brilhante codificador chegou a registrar numa de suas importantes obras que:

 

 

 

 

 

“Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior”. (Allan Kardec).

 

Mas o eminente pensador vai mais longe, pois, paralelamente à gênese orgânica, e também sua executora, patenteia-se uma diretriz inteligente, algo que a faz marchar firmemente em direção a um objetivo, sendo lícito concluir que, ao ponto em que a Ciência se detém, deixando de lançar seus tentáculos perquiridores, o Espiritismo segue avante descortinando novos rumos e novos horizontes aos potenciais psíquicos do homem moderno.

 

O que significa dizer que a evolução, antes que física, é espiritual, que acontece por dentro do ser, de sua intimidade, para depois refletir-se na forma, organismo perecível, mas confirmante daquela transformação interior. Existem, pois, provas conclusivas de que um determinado Fator Psíquico Imortal reside na consciência do homem e nas demais coisas que nos cercam, sejam vegetais ou animais.

 

Fator Psíquico Imortal exaustivamente estudado por Kardec e por muitos outros estudiosos do século dezenove e início do posterior, e que a Ciência do século vinte vem confirmando como já pude mostrar, conquanto suas lacunas, em artigo de minha autoria trazendo o título de: “Ciência Detectando o Espírito”, e que poderá ser complementado ainda com “Evidências do Espírito na Matéria”, ambos divulgados na internet pelos parceiros da webartigos.

 

 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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