EVOLUCIONISMO  DARWINIANO     

No artigo intitulado: “Evidências do Espírito na Matéria”, priorizei que todo ser vivo, quando não unicelular, é o resultado da colaboração ativa e perfeitamente ordenada do conjunto de células que o compõem; sendo que todos, seja unicelular ou pluricelular, apresentam como característica mesma a renovação contínua das substâncias que o integram sistematicamente. Mas para verificar-se o fenômeno da vida, os vitalistas afiançam que seria preciso a intercessão de um segundo princípio à matéria: o fluido vital que, cada ser, por mais ínfimo que seja, apropriaria das fontes da criação para produzir o majestoso espetáculo da vida. 

O Espiritismo, bem como cientistas modernos, tem admitido mais: a existência de um organismo modelador da matéria: o já referido corpo espiritual, ou perispirítico, ou, então, bioplasmático, da concepção russa. 

Mas será que aí não entrariam ainda outros fatores mais ou menos atuantes como, por exemplo, o evolutivo: que transforma paulatinamente as espécies inferiores, tornando-as mais perfeitas e de níveis mais adiantados de uma incessante progressividade biológica? Na verdade, o problema da evolução, no sentido de aprimoramento paulatino das espécies fora enfocado por uma gama incontável de estudiosos e pensadores no decorrer da história. Filósofos da antiguidade já proclamavam tais noções. Não obstante, após o advento do Cristianismo, prevalecera a idéia equivocada, e tão amesquinhada do Fixismo, crença segundo a qual tudo fora criado por Deus de forma acabada e, portanto, perfeita e imutável. 

E o obscurantismo marcou presença por quase dois mil anos. Só nos séculos dezoito e dezenove é que aparecem novamente novas idéias sobre a evolução, e desta feita, bem fundamentadas como, por exemplo, as do célebre naturalista inglês Charles Darwin que publicou em vinte e quatro de novembro de 1859 o seu revolucionário: “A Origem das Espécies”. O núcleo central da obra de Darwin propõe existir na natureza o que ele chamou de Seleção Natural que, em síntese, assim se explicaria: 

-Os representantes de uma mesma espécie não são exatamente iguais; eles apresentam pequenas variações que os distinguem entre si. Em alguns, tais variações poderão ser úteis para a superação de certos obstáculos encontráveis em seu meio que, afinal, poderão definir sua sobrevivência; enquanto noutros, por serem nocivas, tais variações reduziriam suas chances de vida. Com o passar do tempo as gerações seguintes irão acumulando tais variações especiais que, sendo advindas do que hoje se conhece por código genético, elas serão transmitidas aos seus descendentes através da Lei da Hereditariedade. No escoar dos milênios, a Seleção Natural, que depende da contínua mudança climática e geológica, irá integrando os diversos e mais aptos seres vivos ao seu ambiente verificando-se o aparecimento de grandes diferenças entre os mesmos devido ao somatório daquelas variações do material genético que, se combinando e se recombinando de geração em geração, propiciariam ou propiciam o surgimento de novas espécies cada vez mais preparadas para enfrentar a agressiva natureza terrena. 

Neste cogitar, Darwin concluíra que todos os seres vivos inclusive o homem, seriam descendentes modificados de outras espécies que viveram em eras passadas e que foram se reproduzindo, se transformando e dando origem aos mais diferentes e mais aperfeiçoados corpos no transcurso de milhões e milhões de anos. Eis o mecanismo pelo qual se verificara o surgimento das diversas espécies, que evoluíram e se transformaram por meio da Seleção Natural. Por ela, nova luz viera a pronunciar-se nos mais diversos campos da Biologia, compreendendo-se, assim, que todos os seres vivos modificam-se ao longo do tempo, inclusive o homem que também evoluíra de formas mais simples e que ainda prossegue em sua marcha evolutiva por meio de fatores genéticos e ambientais. 

O Fixismo, adotado pelos fideístas e fundamentalistas religiosos, é hoje uma crença ingênua e anticientífica por não apoiar-se em elementos sólidos e cientificamente válidos ou aceitos pela Ciência que não admite conceituações enganosas, ultrapassadas e que, portanto, destoam da verdade, do que se apurara positivamente, estando, pois, ausentes do que se conceitua como cientificamente válido. 

Ora, os fixistas bíblicos e muitos outros religiosos, com suas posturas acanhadas, são capazes, se diga, de acreditar nas figuras nitidamente simbólicas de Adão e Eva; na estória do profeta Jonas que teria sido engolido por um grande peixe e dentro dele teria ficado por três dias, até ser cuspido em terra firme para que dito elemento pudesse cumprir sua missão; e, mais ainda, eles acreditam que Deus teria parado o Sol e prolongado o dia para que seus guerreiros preferidos pudessem vencer uma sanguinolenta batalha. Ora, se a Bíblia contém fatos verdadeiros, ela, igualmente, contém muitas inverdades, mitos e coisas irreais. 

E o fato é que o Fixismo, defendido pela estreiteza de idéias de alguns religiosos e fideístas bíblicos, perde vastíssimo terreno para a Teoria Evolucionista, mormente quando esta apresenta as evidências que comprovam a evolução por meio das provas paleontológicas, anatômicas, bioquímicas, cromossômicas, embriológicas, e etc, que compõem o farto material de pesquisa do Neo-Darwinismo, conceito atual que integra vários ramos da Ciência e, de forma especial, a Matemática que, na Genética, tem dado grande parcela de contribuição. 

Ao invés do fixismo das coisas, cogita-se que houve e que há, pois, uma constante onda mutacional, uma lenta e sucessiva transformação, cujo dinamismo ascendente visa alcançar uma cada vez mais vasta e complexa fisiologia animal. Mas sabe-se, entrementes, que o pensamento fixista, compreendido, sobretudo, dentre os religiosos bíblicos, decorre da obscura faixa evolutiva Pré-Lógica caracterizada pelo restrito horizonte mental de tais elementos, nossos irmãos em humanidade e, portanto, em crescimento intelecto-moral que, como tudo, e como todos, estamos caminhando e avançando para mais alta compreensão da vida, do mundo e do universo como nossa morada de eternos e imorredouros aprendizados. 

Em retornando à evolução, talvez seja preciso dizer que tais mudanças das espécies, de sua fisiologia animal, são verificáveis também em seu sistema intracraniano que, no homem, vai refinar-se ao extremo evidenciando maior extensão superficial do córtex, aumento considerável dos hemisférios e do lobo frontal, e etc, para abrigar uma inteligência que é, igualmente, de dinamicidade progressiva. 

Para apreciarmos dita progressão, priorizando-se apenas a espécie humana, dir-se-ia que sua inteligência, de Sensório-Motora, foi se desenvolvendo para a Pré-Lógica que, gradativamente, tem conquistado as concepções mais altas das operações Racionais Concretas, que se liga, predominantemente, às coisas de ordem fisicalista e material, e que é, por assim dizer, como já visto noutros artigos de minha autoria, uma inteligência pouco teórica em suas elaborações, mas já mais avançada em relação à sua anterior e precária condição de Pré-Lógica, ou seja, aquém do pensamento lógico e racional. 

Mas a Racional Concreta, como se sabe, vai evoluir ainda até atingir produções intelectuais mais vastas, e, portanto, mais complexas, denominadas Formais que, assumindo características mais definitivas nos séculos 19 e 20, e embora constituindo parcela tão restrita de pensadores, pudera iniciar toda uma reformulação no conhecimento oficial, em suas mais diversas áreas e campos de atuação. 

E, portanto, sabe hoje o esclarecido homem moderno habitante deste minúsculo orbe terreno, que a Evolução é uma Lei Universal que, em seu perpétuo dinamismo, vai conduzindo seres e coisas a um aperfeiçoamento infinito, ampliando-lhes a sensibilidade, dilatando-lhes as percepções, a inteligência, o sentido moral da vida e do bom proceder, o que levou um grande pensador a notabilizar sua sentença evolucionista nos termos parecidos de que: 

“A única coisa constante no mundo é a inconstância de tudo”. 

A evolução, pois, não é tão só material e biológica, mas também psíquica e cultural consoante normas e procedimentos da mais moderna Ciência que está a um passo apenas do Espírito, pois que dele suspeita e o descobre, pois, paulatinamente, como já descrito e explanado em outro artigo de minha autoria intitulado: “Ciência Detectando o Espírito” já divulgado na net pela competente equipe da Webartigos.

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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