Lúcia de Fátima Sena Mendes¹

José Robério de Sousa Almeida²

_____________________________________________________________

1-Graduanda em Ciências Biologicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE),

Faculdade de Filosofia Dom. Aureliano Matos (FAFIDM). Av. Dom Aureliano Matos, 2058,

Limoeiro do Norte – CE.

E-mail: [email protected]

2-Professor Mestrando da Faculdade de Filosofia Dom. Aureliano Matos (FAFIDAM) – UECE

E-mail: [email protected]


INTRODUÇÃO

Eutrofização é o enriquecimento das águas de ecossistemas aquáticos através do aumento da concentração de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Esse enriquecimento tem ligação direta com o aumento da produtividade do meio; e em conseqüência desse processo o ambiente passa de um estado oligotrófico e mesotrófico para a condição de eutrófico ou hipertrófico.

O processo de eutrofização pode ocorrer naturalmente ou ser induzido pela ação do homem. Quando ocorre de forma natural o processo é considerado lento e é um resultado do acúmulo de nutrientes trazidos pelas chuvas e águas superficiais. Quando esse processo é induzido pelo homem ele acontece de maneira rápida e a eutrofização passa a ser uma doença para os reservatórios de água doce.

De acordo com FIGUEIRÊDO (2007) em função da eutrofização, muitos reservatórios e lagos no mundo já perderam sua capacidade de abastecimento de populações, de manutenção da vida aquática e de recreação.

A eutrofização artificial pode ser considerada como uma forma de poluição, pois ela provoca inúmeras mudanças dentro de um ecossistema aquático. São várias as fontes geradoras dessa eutrofização, mas a principal é o crescimento populacional e a falta de educação ambiental da maioria das pessoas.

ESTEVES (1998) enumera como sendo fontes de eutrofização artificial os efluentes domésticos, industriais, agropastoris e as chuvas. Ele afirma que essas fontes liberam nutrientes, como fosfato e nitrogênio, que são compostos estimuladores da eutrofização.

Os casos de eutrofização de ecossistemas lacustres passaram a ser mais freqüentes após a II Guerra Mundial com a introdução de produtos de limpeza sintéticos especialmente detergentes da qual faz parte de sua composição os polifosfatos que quando jogados em rios, lagos... Vão servir como fonte geradora de fosfato. Além dos detergentes também faz parte dos efluentes domésticos os excrementos humanos que em sua composição podem-se detectar consideráveis concentrações de fósforo e nitrogênio.

Os efluentes industriais provocam grandes alterações nos níveis de fósforo e nitrogênio dos lagos; entre as indústrias merece destaque as da área alimentícia, pois são as principais fontes de efluentes orgânicos, ricos em fósforo e nitrogênio.

Entre as atividades agrícolas e pastoris a que tem mais efeitos sobre a eutrofização é a atividade agrícola, essa interferência aumentou consideravelmente apartir da década de 40 com a introdução de superfosfatos como sendo uma forma de melhorar a produção agrícola.

As chuvas são os elementos principais na eutrofização natural mais também contribui para a eutrofização artificial especialmente nas regiões de intensa poluição atmosférica. ESTEVES (1998) relata que lagos localizados próximos a rodovias podem receber aporte adicional de fosfato e nitrogênio, devido ao tráfego de veículos, principalmente nos períodos de chuva.

Todas essas interferências aos ambientes aquáticos trazem inúmeras conseqüências e características que facilitam a identificação desses ambientes. Para VALENTE (1997) um dos aspectos característicos do fenômeno de eutrofização dos lagos e reservatórios é o crescimento exagerado de organismos aquáticos autotróficos particularmente algas planctônicas (fitoplâncton) e ervas aquáticas (macrófitas).

Entre as conseqüências da eutrofização artificial podemos citar:

  • Concentração de nutrientes: o aumento dos nutrientes em um ecossistema faz com que o mesmo produza mais do que sua capacidade para consumir, esse desequilíbrio traz conseqüências para o metabolismo do ecossistema. O tipo de nutrientes acumulado depende da fonte de efluentes a que está exposto o ambiente.
  • Conseqüências para a comunidade fitoplanctônica: concentração de nutrientes favorece o aumento da produção do fitoplâncton que por sua vez limita a produção primária nas camadas inferiores devido às precárias condições de luminosidade.
  • Conseqüências sobre as comunidades de macrófitas aquáticas: no início da eutrofização artificial ocorre o crescimento de diferentes grupos ecológicos de macrófitas aquáticas. Porém no decorrer do processo esse crescimento diminui, uma vez que a superfície da água fica espessa impedindo a entrada da luz, prejudicando o crescimento tanto das macrófitas submersas quanto das emersas.
  • Conseqüências sobre o zooplâncton, bentos e peixes: Assim como o fitoplâncton, os produtores secundários aumentam em produção no início do processo, porém esse aumento decai com o tempo fazendo com que algumas espécies desapareçam dando lugar a outras mais adaptadas as novas condições ambientais.Entre os peixes também acontece algo interessante, com o aumento da oferta de alimento, eles passam a apresentar um crescimento acima do normal e conseqüentemente são pescados antes de atingirem a maturidade sexual, diminuindo assim a população de peixes.

VALENTE (1997) conclui que a eutrofização causa grande desequilíbrio ecológico, com a diminuição do número e quantidade das espécies aquáticas. Torna o meio impróprio para o lazer, o qual se converte num local de disseminação de doenças e pode diminuir a atividade piscícola.

Diante dessa problemática faz-se necessário uma reflexão crítica das ações do homem sobre os ecossistemas aquáticos, visando encontrar soluções para a minimização desse problema na nossa realidade.

Uma das soluções para essa problemática é apresentada por CONTE (2001) quando diz que há a necessidade de buscar maior eficiência por parte dos produtores rurais, no uso adequado de fertilizantes.

MATERIAIS E MÉTODOS.

O presente trabalho foi realizado baseado em leituras reflexivas de artigos científicos e livros relacionados ao processo de eutrofização. Após essas leituras foi feita uma análise crítica acerca do tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O avanço da tecnologia, o crescimento da população e a busca do homem por mais conforto trouxe sérias conseqüências aos ambientes aquáticos.

O excesso de dejetos jogados nesses ambientes provoca o processo da eutrofização que influencia no desaparecimento de algumas espécies bem como no surgimento de outras espécies adaptadas a ambientes eutróficos.

Os ambientes eutrofizados também se tornam inúteis ao homem, pois fica inadequado para o uso humano tanto para consumirem a água quanto para utilizarem-na em atividades de lazer.

Para revertermos esse processo é necessária a sensibilização de todas as pessoas para que cada um realize seu papel de cidadão consciente preservando o ambiente em que vive.

REFERÊNCIAS.

CONTE, M.L.; LEOPOLDO, P.R..Avaliação de recursos hídricos: Rio Pardo, um exemplo. São Paulo: UNESP, 2001.

ESTEVES, F.A.. Fundamentos de limnologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 1998.

FIGUEIRÊDO, M.C.B.; TEIXEIRA, A.S.; ARAÚJO, L.F.P.; ROSA, M.F.; PAULINO, W.D.; MOTA, S.; ARAÚJO, J.C. Avaliação da vulnerabilidade ambiental de reservatórios à eutrofização. Revista Engenharia Sanitária e ambiental. V.12 n.4 Rio de Janeiro out./dez.2007.

VALENTE, J.P.S.; PADILHA, P.M.; SILVA, A.M.M.. Contribuição da cidade de Botucatu – SP com nutrientes (fósforo e nitrogênio) na eutrofização da represa de Barra Bonita.