EURECA! DESCOBERTA A RAZÃO ÚLTIMA DO ATEÍSMO

A incansável busca de provas e evidências capazes de ser comprovadas pela experimentação, os inúmeros livros e cientistas pesquisados, não conseguem esconder a razão precípua da descrença

Tenho boa experiência de convívio com ateus porque meus pais são o exemplo vivo mais eloqüente de ceticismo de que se tem notícia por essas bandas do Nordeste, e esta condição foi por mim enfrentada desde a mais tenra infância. Todavia, aparentemente alheia a tudo isso, estava a verdade de um Deus que trabalhava, em perfeição e segredo, na intimidade de meu ser, fazendo-me sofrer muito pouca influência de descrença, e, ao contrário, utilizando-se dela para me munir dos mais minudentes e multidisciplinares argumentos a favor da fé.

Como sempre ocorre com aqueles que Deus prepara desde a infância (como os Nazireus), e embora o final de tal aprendizado talvez jamais exista, a missão reservada a uma crença tão bem fundamentada estava longe de acabar, pelo contrário, foi chamada centenas – senão milhares – de vezes a intervir ao longo de minha vida.

Recentemente, nos últimos 3 anos, vi-me envolvido involuntariamente com céticos depois de tentar, sem sucesso, fazer parte de algum grupo de estudos ufológicos de qualidade, sem sofrer o insistente desprazer de cair num grupo venal, cujo interesse não era informar/esclarecer os mistérios da Ufologia, e sim "lucrar" ($$$) às custas dos afiliados. Falei involuntariamente porque me deixei levar pela boa índole de supor que alguma coisa neste mundo infernal sobrevivesse sem as influências nefastas das trevas, que só permitiriam unicamente 3 (três) tipos de Grupos Ufológicos, a saber, os venais, ou lunáticos e os céticos! E fui tão ingênuo quanto fui na época em que era "igrejista"; porquanto o mesmo fenômeno estava nas religiões, nos clubes de serviço, nas agremiações, nos partidos políticos, etc. O mundo inteiro estava atolado naqueles três modelos, porque o Homem pós-moderno (desorientado em todos os sentidos), completamente desequilibrado entre todos os SINS e NÃOS da Era da Incerteza, perdeu de vista todas as formas de SER e as substituiu pelo TER, i.e, ter dinheiro, ter fama, ter costa larga, ter prazer (pela Lei do Gérson), ter incontáveis mulheres, ter provas concretas do inefável, ter descrença, ter insanidade.

A ideologia de um mundo sem ideais e sem idealismos erradicou, assim, o clube ideal, a escola ideal, a conduta ideal, a religião ideal, a ufologia ideal, a política ideal, etc. Tudo está corrompido, tanto aos olhos quanto aos corações, e é por isso que a Justiça está entranhada na economia e a corrupção no DNA. E eu não via isso há até poucos anos, talvez movido por uma insistente meninice que minha fé aprendeu a honrar na Palavra de Cristo: "Se não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no meu Reino". E então, para ratificar uma sina inacreditável da infância, minha esperança foi mais uma vez esbofeteada na adesão à Ufologia que supus isenta dos males de nosso tempo. Fugi bem da Ufologia venal e da lunática, e não acreditei que houvesse coisa pior. Aí caí da Ufologia cética, da qual retirei a maioria das presentes considerações.

Qualquer análise mais atenciosa não deixará de admitir que o ceticismo de hoje é o mesmo da época de Cristo e talvez da época das cavernas, ou desde que a palavra de um ser sobre-humano se mostrou indigna de confiança (é preciso dizer qual foi?). Algo idêntico ocorreu no Brasil. Após o golpe de 64, quando os militares assumiram o poder, a massa civil foi obrigada a engolir chefias biônicas e cerceamentos das liberdades individuais e coletivas, e só saíram ilesos aqueles que eram a favor ou a eles ligados e aqueles que se calaram. A ferida nascia ardendo pelo som das armas de fogo ou pelo silêncio da ditadura e crescia nas ruas vigiadas e nas casas oprimidas de quem pensava diferente, sobretudo se era estudante ou intelectual. E lá se foram mais de 20 anos, a contar com estranhos eventos que antecederam o golpe e o sucederam. E o resultado?

A ferida ficou. A alegria voltou com muitos que voltaram, mas a cicatriz aberta ficou em todos. Não me refiro aqui às inimizades claras e diretas que a mídia expressa no ranço indisfarçável da menção de militares contra militâncias. Refiro-me à insidiosa antipatia que emerge gratuita em nosso peito perante QUALQUER autoridade, mesmo civil, como efeito de uma condenação tácita gerada a partir da inaceitação da autoridade imposta e impostora. Em miúdos, os coronéis que tomaram o poder também nos roubaram os sonhos, e por isso até o príncipe encantado da Bela Adormecida virou sapo, e não pode mais ter o cargo de príncipe! Revoltamo-nos agora contra qualquer governo, simplesmente porque o ódio ao sol, quando floresce, condena todas as estrelas! O mal dos militares escapou aos seus rígidos controles dos efeitos, gerando um povo essencialmente insubmisso, tanto às autoridades quanto às leis. A insubmissão trouxe de e para o subconsciente a ilusão da liberdade e a lembrança contínua mais destrutiva para a paz: "TODOS são seres humanos, e seres humanos não merecem confiança". A voz inaudível é "se nem um deus mereceu confiança, por que um homem mereceria?".

Quando a antipatia oriunda da ferida domina a alma e gera o rancor cego, ninguém e nada mais merece crédito, seja entre os militares ou entre os civis. Isto explica agora o ceticismo generalizado que grassa em todos os ramos da atuação humana no mundo, dentro do lema "ninguém deve confiar em ninguém" que a própria Educação tornou axiomático. A ufologia foi uma das mais frágeis vítimas deste clima, justamente porque trata de um fenômeno não-humano, mas comunicado por seres humanos. Com efeito, convido o leitor a ver que a descrença na Ufologia está diretamente relacionada ou é a mesma do ateísmo.

Nega-se a existência de Deus não propriamente porque Ele não pode ser colocado dentro de um tubo de ensaio para a vanglória de pífios cientistas! Claro que não! Isto é apenas A FACHADA científica da descrença! O que incomoda mesmo os ateus e todos os céticos não é o fato de Deus existir, mas sim o de Ele ser um ente livre, com vontade livre, e pior, comandante de tudo (lembra o ódio à autoridade gerado pelo golpe que durou 20 anos?). Se Ele é livre e comanda tudo, então nós – seus 'supostos' comandados, por lógica – teríamos que obedecê-LO e fazer-LHE as vontades! (lembra que os militares também queriam que nós fôssemos obedientes?)... Isto implica que Ele é um Deus-moral, "e quer 'impor' esta moral aos seus comandados... Quer privar-nos de nossa liberdade, de nossos prazeres e escolhas".

A partir da rejeição sumária da Moral minuciosa de Deus, pode-se ver por que o ceticismo cresce feito cupim e também o porquê da descrença no fenômeno UFO. Raciocine comigo como se eu fosse um cético: ""eu prefiro a minha liberdade, e por isso não quero Deus bisbilhoteiro presente em minha vida. Por não querer um Deus-completo, Deus se sente livre para abandonar-nos. Uma vez que estamos abandonados, não há mais prova alguma da presença (física) de Deus. Se não há prova alguma de Deus, então é porque Deus não existe. Se Deus não existe, com tanta gente mentindo sobre Ele, então estamos solitários na criação: não deve haver nenhuma forma de vida no espaço. Se não há vida lá fora, então toda a Ufologia é falsa!"."

Vê-se então que Deus, anjos e ETs foram colocados no lixo, não por ser impossível de existirem, mas por serem insuportáveis! "Não queremos ninguém bisbilhotando nossas vidas e prazeres! Se existe Deus, os ETs devem saber que Ele existe, e com ele, de alguma forma, se relacionar. Então devem estar do lado dEle. Se são aliados, devem também ser moralistas. Se não se aliaram, talvez sejam malévolos como tantos humanos são. Pior: nas duas hipóteses, está explicado o sumiço deles!".

Finalmente, parece tão simplória e piegas esta conclusão de que é a antipatia à Moral que cria todas as descrenças, que uma conversa dessas será sempre irritante e fadada ao fracasso, como ocorre com a Ufologia e as religiões. Mas para mim basta. Não preciso dar satisfações a quem não quer dar satisfações a Deus. Basta a minha sussurrante solidão cósmica!

Prof. João Valente de Miranda ([email protected]).