Todas as pessoas que conheço ou com as quais tenho contato, gostam dos animais ou, pelo menos, não quer ver os animais sofrendo. Penso até que a maioria das pessoas no mundo é assim. Então, me vem à cabeça uma pergunta: Porque então os animais não-humanos continuam sofrendo? E porque o mundo continua sendo um inferno para eles?

Para responder essa pergunta tenho de me reportar à minha própria vida e os pensamentos e ações que tinha e as que ainda tenho hoje.

Sempre me declarei amiga dos animais. Ainda me lembro de todos os que tive desde a infância. De todos eles, desenvolvi um amor ainda maior pelos cães. Enquanto tratava meus cães como crianças, no meu prato não podia faltar o bife tirado de um boi, um porco ou um frango, afinal, eles são criados para isso, pensava eu. Mas, eu continuava sendo amiga dos animais.

Adorava ir ao zoológico, à aquários e ver espetáculos cujos protagonistas eram não-humanos que estavam muito longe de sua natureza e de seu habitat. Afinal de que outra maneira poderia ver os animais que tanto amava?

Meu sonho era ter uma cadela da raça teckel (salsicha). Então, escolhi um canil pela internet, telefonei e encomendei uma da raça, cor, sexo, idade que eu queria, como quem encomenda um vestido. Enquanto isso centenas de cães estavam sendo sacrificados no CCZ da minha cidade. E eu, continuava a me declarar amiga dos animais.

Até que um dia, não sei bem em que momento específico, me dei conta da crueldade a que são submetidos os animais de criação para consumo humano. Parei de me alimentar de restos mortais e descobri uma culinária viva, saudável, cheia de ingredientes novos.

Sim, agora eu realmente amava os animais, me preocupava com seu bem-estar.

No meu prato, os pedaços de cadáver deram lugar aos legumes, verduras, grãos, sementes, mas, ainda sobrava um lugar para os queijos, os ovos e o leite, afinal, não é preciso matar a vaca para tirar o leite, nem matar a galinha para tirar os ovos.

Enquanto isso, a indústria do leite continua financiando a produção de vitela. E eu, sendo ainda amiga dos animais, sem perceber que existe tanta crueldade em um pedaço de queijo quanto em um bife.

Demorou, mas, acabei percebendo que ser amiga dos animais não basta, Aliás, o que menos os animais precisam é de amigos. Eles precisam é ser reconhecidos como seres sencientes. Seres que merecem respeito pelos indivíduos que são. Seres que não nos pertence, que tem vida própria.

Mas, infelizmente os animais não-humanos estão cheios de amigos que roubam seus filhotes, comem sua carne, vestem seu couro, os prendem em jaulas, os expõem em espetáculos, tiram sua naturalidade e seu habitat.

Da minha parte, sei que existe ainda muito a ser feito. Infelizmente, hoje é impossível viver sem ser ao menos cúmplice da exploração animal. Mas, não poder fazer tudo, não significa que não se deva fazer nada.

Ser vegana é o mínimo que posso fazer agora, diante de toda a “amizade” que já tive pelos animais.