"Os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros"

 Otto Bismarck

Nos contatos com executivos de empresas de diversos tamanhos, é interessante observar como todos falam das mesmas coisas, só que muitas vezes em sentidos totalmente invertidos.

Enquanto alguns só enxergam no horizonte um muro de lamentações e dificuldades, outros se preparam para vender mais tijolos, cimento e até tinta para o embelezamento desse muro. A mesma realidade, várias interpretações.

Um exemplo bastante interessante para essa análise é a relação empresa X empregados.

Num mundo em crise, administradores idem passam a calcular quantos funcionários deverão ser dispensados se o dólar chegar a X+1 ou a bolsa não se recuperar em Y%, pensando exclusivamente em cumprir metas de curto prazo ou, o que é ainda pior, não alterar a margem de lucros.

Perfeito, não fosse por um detalhe: não há como negar que, com a globalização, os produtos estão cada vez mais "iguais". Uma novidade lançada hoje, amanhã tem concorrentes similares vindos dos quatro cantos. Isso dificulta o trabalho do marketing, que tem que procurar – normalmente através da propaganda - o diferencial que deveria na essência pertencer ao produto.

Só que propaganda custa, e caro! Muito mais do que investir de forma planejada na contratação, treinamento e gestão moderna de um grupo eficiente de colaboradores.

Se você acha que pensar assim é inviável, anote:

Conheço uma organização que consegue alocar de 4 a 5mil pessoas, que pagam pelo uniforme que usam, não têm cesta básica, ticket refeição, muito menos convênio médico. E fazem festa quando atingem as metas ou choram em caso contrário. Acertou! Escolas de samba. O maior evento turístico do Brasil, movimentando milhões de dólares e dando uma aula de organização, motivação, liderança. E sem cobrar nada para ter seu modelo copiado por quem quiser.

Aí, ouvi alguém dizer: - Ah, mas eles estão ali porque querem, gostam do que fazem. Empregado, não. Só aparece porque precisa!

Não consegui deixar de responder que então realmente "sua empresa tem problemas". Se o funcionário - que é quem basicamente produz, atende clientes, representa a organização– está ali só porque não encontrou ainda nada "menos ruim", sobreviver no mercado competitivo será mesmo um milagre.

A verdade diz que investir em melhores condições de trabalho gera lucro. Pesquisa recente divulgada na FIA-USP revelou que empresas com gestão adequada de pessoas, incluindo treinamento, política de cargos, salários e carreira apresentam resultados até 20% maiores quando comparadas com empresas de mesmo porte e segmento, que não têm essa preocupação.

Nenhuma novidade. Funcionário motivado, que se sente parte importante do processo, veste a camisa e está sempre pronto para se superar quando necessário.

E essa é a única vantagem competitiva realmente difícil de ser copiada atualmente.

Sorte de quem aprende, antes de errar.