EU, A RELIGIÃO ISLÂMICA E O DIREITO.

 

Uma frase ficou povoando meu cérebro por vários dias, era a seguinte: “EM NOME DE DEUS O CLEMENTE, O MISERICORDIOSO”, eu havia lido no livro “SOB AS LUZES DO ALCORÃO”, de autoria de Munzer Armed, confesso que quando um amigo me emprestou o livro , parecia que eu tinha nas mãos algo proibido, assustador, era essa a ideia que eu fazia da religião Islâmica, entretanto aquela leitura demonstrara  que não se deve fazer julgamentos prévios, e foi assim que aprendi  que o Alcorão ordena a conhecer que não há divindade além de Alá. Os historiadores começam a prestar  atenção nos árabes somente a partir do século VII depois de Cristo, quando surge Maomé, fundador do Islamismo principal religião arábica, antes dessa época  sua presença na historia mundial era secundária, a adoção dessa religião significou uma transformação total na vida do povo árabe, o islamismo se apresenta como sucessora das outras duas religiões que já haviam nascido na área : o judaísmo e o cristianismo. Poucas religiões tiveram, desde o seu início, um molde político tão marcado, o islamismo surge como uma religião de Estado, como uma força de unificação nacional e, o êxito do islamismo foi fulminante. Nos dias atuais, os tempos modernos e, principalmente,  depois do ataque as torres gêmeas , nos Estados Unidos, no fatídico 11 de setembro de 2001, dia em que o mundo parou, a partir de então a sementinha do preconceito com relação ao islamismo, se instalou nos quatro cantos do mundo, e os muçulmanos foram vistos com outros olhos , todos, indistintamente pareciam ser um representante em potencial de Osama By ladem, não é exagero, é a pura realidade, comigo não foi diferente, havia sim um temor no ar, um ressentimento, instintivamente nos afastávamos dos que fazia parte desse mundo islâmico, nos deixamos influenciar pela avalanche de informações, algumas completamente deturpadas e fora da realidade, porque a dor dos familiares  daqueles que perderam seus entes queridos naquele ataque insano, também era nossa dor, e que se seguiu depois, era um desejo de vingança.Esse sentimento me fez também pensar no que estava acontecendo bem pertinho de mim, pessoas estavam morrendo todos os dias, assassinadas, a imprensa informava apenas que os crimes foram cometidos por pessoas que estavam em uma moto, de capacete, portanto não foram identificados, apenas mais um para a estatística da vingança privada nessa terra do cacau, sim e daí ?, alguns devem estar se perguntando, o que isso tem haver com a religião islâmica, bem em tese nada, mas pontuei esse fato, para falar do preconceito, para dizer que o sentimento que as pessoas dirigiam aos mulçumanos, era o mesmo que eu sentia quando alguém dirigindo uma moto se aproximava de mim, ou parava ao meu lado no estacionamento, sentia-me diante de um perigo eminente, como se todos que pilotavam uma moto fossem assassinos em potencial , era eu e o preconceito, foi assim que resolvi  por fim a essas atitudes e afastar os fantasmas, mesmo porque sempre busquei ser justa, com relação ao que acredito ser ideais de justiça, então era realmente o momento de desmitificar essa ideia, e achei por bem , que a melhor maneira seria entender a religião islâmica, foi através da leitura do livro “ISLAN A SUA CRENÇA E A SUA PRÁTICA ‘ de Samir Armed Isbelle, um mulçumano nascido no Brasil e que, exatamente pela dificuldade  que ele se deparou, pela falta de material escrito no idioma português, escreveu o livro mencionado.

Mas, o que significa  a palavra Islã?, ela deriva da raiz árabe Salam, que linguisticamente significa PAZ e, no sentido religioso, submissão voluntária à vontade de Deus, segundo o Islã , toda criação obedece a lei de Deus, logo todo universo é mulçumano . Para eles o homem possui  dois aspectos de sua vida : um de forma total, regulado pela lei divina e o outro dentro de uma esfera na qual possui o livre arbítrio, ou seja, tem total liberdade  para se tornar um muçulmano , embora como todas as criaturas tenha nascido como tal e obedeça as ordens de Deus.

        O Islã se diferencia de outras religiões , no sentido de não ser produto da mente humana , não se utilizou de nomes de mensageiros  ou de comunidades onde surgiram, trata-se de uma religião universal, revelada por Deus  a Adão que foi o primeiro homem, o nome da religião não foi escolhido, nem decidido por gerações posteriores como as demais, não é uma religião nova, foi escolhida por Deus, o altíssimo, é que relata o Alcorão, último livro revelado por Deus, segundo o autor do livro, que usei com o fonte para esses conhecimentos e, por conseguinte,eliminar essa semente ruim que insistia germinar no meu coração, tal com o erva daninha.

         Muitos muçulmanos designam essa religião  como maometismo, no que o autor do livro e profundo conhecedor do assunto, considera um erro gravíssimo, que automaticamente pode levar a conclusões errôneas acerca do Islã, vistos que os desavisados poderiam pensar que o nome da religião foi tirado de um mortal que é Muhammad (Maomé), por conseguinte, levar a uma dedução de que a religião islâmica foi fundada por Maomé e que os muçulmanos tratados por maometanos adoram Muhammad como Deus ou filho de Deus, ou mesmo que faz parte  da divindade , o que é incorreto, pois os muçulmanos adoram um Deus único e , Muhammad era um ser humano , um  mortal  encarregado por Deus de divulgar sua mensagem , sendo  o último profeta enviado por Deus, fechando o ciclo da profecia, portanto os muçulmanos abominam essas denominações  e a consideram uma afronta , pois essa  aceitação implica na limitação a universalidade  do Islã , em face da adoração   de Muhammad.

          É como foi importante entender através desse estudo  que a religião no Islã é definida como sendo aquela que inclui a relação entre o ser humano  e seu criador, entre o ser humano e ele mesmo, entre o ser humano e outras espécies , sem limitações no que concerne ao aspecto limitação á vida privada do ser humano, ou seja, é um sistema de vida tanto individual como coletivo , abrangendo os mais variados assuntos, não só os rituais religiosos , mas também os aspectos sociais, econômicos , judiciários e as relações internacionais dentre outras, pois dentro de uma ordem social universal o Islã trás um esquema de vida completo, combinado com a ciência e a lógica, pois sua principal característica é estabelecer , é equilibrar a vida espiritual  e a mundana, que a elevação espiritual deve ser alcançada , vivendo-se piedosamente nesse mundo conturbado, não renunciado a ele .

      Ufa, acho que tirei um peso das costas, juro que não foi fácil, mas foi necessário, quando enfrentamos nossos medos, nossos desconfortos, mudamos nossa atitude diante da vida, sair dessa zona aparentemente confortável nos faz ter a certeza que podemos ser melhores como pessoas, nos faz entender que atos isolados  não devem contaminar outras pessoas, que as vezes  somos obrigados por circunstâncias impostas pela vida, a viver dentro de uma caverna infestadas de grandes e pequenos morcegos, velozes, imponentes, orgulhosos, que se movimentam em várias direções , livrando –se de obstáculos, morcegos que associávamos a vampiros,  verdadeiros monstros, mas que são apenas inofensivos morcegos, e que os monstros estão fora das  cavernas, que não podemos generalizar atitudes de um em detrimento de muitos, entender, mesmo que de forma  tímida o Islã, me livrou de uma culpa, os muçulmanos não podem pagar o preço de uma ação devastadora de um grupo de radicais fundamentalistas que um dia resolveram dar um  tiro certeiro no coração do  mundo, e que esse ato, isolado, não deve ser atribuído aos muçulmanos, a relição islâmica e muito menos manchar de sangue o Alcorão, que as pessoas que param ao meu lado , na rua , nos sinais, são na sua maioria pessoas comuns , não são os assassinos sem rosto que aterrorizam a cidade, agora quando olho para a floresta não vejo apenas arvores para a lenha, vejo muito mais.

 

            SÁDIA PITANGA-11/09/2011.