INTRODUÇÃO

Os gatos domésticos são animais pertencentes à Família Felidae, e Gênero Felis. Alguns autores os consideram como uma subespécie do gato silvestre, o Felis silvestris, restrito à África, Ásia e Europa. Outros afirmam que ambas são espécies distintas, logo, os gatos domésticos podem ser atendidos pelos nomes científicos Felis silvestris catus ou, simplesmente, Felis catus (DANTAS, 2010; MEDICINA FELINA, 2013).

O processo de domesticação desses animais é pouco elucidado, sendo que há linhas de pesquisa que apontam que tais indivíduos podem ter passado por um processo de “autodomesticação”, ou seja: tendo pouca ou mesmo nenhuma participação da nossa espécie, diretamente falando. Acredita-se que tal fato está relacionado ao plantio intensivo de cereais, há cerca de 10.000 anos, que propiciou a atração de roedores, com a consequente atração dos gatos para tais locais. Registros egípcios, que remontam a mais de 2.300 a.C. já apresentavam referências ao convívio humano com esses felídeos (LOBÃO, 1992; DIAS, 2009; DANTAS, 2010).

Quando não são criados solitários, em ambiente doméstico, gatos costumam viver em bandos, geralmente compostos por várias fêmeas e seus filhotes; enquanto os machos vivem solitários, aproximando-se do grupo nos períodos reprodutivos (MEDICINA FELINA, 2013).

Tais animais possuem em média 30 centímetros de altura, 55 de comprimento e 3 quilogramas de massa. São muito flexíveis, dotados de patas almofadadas e unhas retráteis; e o tato, visão e audição são bem apurados. Além disso, destacamos algumas atitudes comportamentais dos mesmos como “manias de limpeza” através de lambeduras, “obediência”, e afeto para com a espécie humana (MEDICINA FELINA, 2013).

Os gatos domésticos são animais bastante apreciados pelo homem, relativamente bem conhecidos e com maior proximidade com a espécie humana, pelo menos quando comparado a outras espécies. Dessa maneira, o objetivo dessa atividade foi descrever os principais comportamentos observados nos gatos domésticos em residência devido a sua grande utilização em residências como animais de estimação. 

METODOLOGIA

A atividade foi desenvolvida por meio de observações sistemática e qualitativa dos principais comportamentos analisados em gato doméstico em residência em suas atividades cotidianas mais frequentes, as quais foram obtidas através da aplicação do método animal focal.

As observações foram realizadas durante 05 dias, estendendo – se do dia 31 de março a 04 de abril de 2015. As observações foram das 09h00min às 11h00min e das 13h30min às 16h30min.

 Para a elaboração do etograma foram descritas todas as ocorrências de comportamentos durante o turno diurno, bem como o tempo gasto na atividade (TGA) e o número de ocorrências da atividade (NOA), a fim de identificar a rotina e as atividades desenvolvidas pelo felino durante o dia.

RESULTADOS

A partir das observações foram identificados e descritos 14 diferentes padrões de comportamentos dentro de 35 horas, as quais foram observadas durante o período diurno.

  • LIMPEZA: Sentado sobre as patas traseiras, lambe seis vezes a pata esquerda enquanto mantém a direita apoiada ao chão. Após isso, lambe a pata direita repetindo este ato mais seis vezes. Em outros momentos, ainda continua sentado sobre as patas traseiras, porém mantendo a pata esquerda esticada. O gato lambe a pata dianteira direita por nove vezes seguidas. 
  • ESPREGUIÇAR: O animal espreguiça-se esticando as patas dianteiras projetando seu corpo para trás, e após isso, estica as patas traseiras projetando seu corpo à frente, cada uma durante cerca de 20 segundos.
  • FUGA: O animal fica com medo ao escutar barulhos e ruídos externos a residência. Nesse momento ele olha rapidamente para os lados mexendo rapidamente as orelhas, e ligeiramente corre para debaixo de uma das camas do quarto, e lá permanece até o ruído sumir, com aproximadamente 1min33seg.
  • EXPLORAR: O animal sai de dentro da casa cheirando-a por duas e/ou três vezes, e senta-se na varanda. La o animal senta-se sobre as patas traseiras abanado o rabo de um lado para o outro cerca de 19 vezes por minuto enquanto está parado.
  • ROLAR: No quintal o gato deita de barriga para baixo, patas dianteiras e traseiras esticadas, rola vagarosamente para direita esfregando-se no chão cerca de 8 vezes por minuto.
  • BRINCAR: O animal ao visualizar alguns “materiais” (papeis, caixa de fósforos, etc.) no chão olha ao seu redor desconfiadamente e vai passando de uma pata para a outra numa velocidade consideravelmente rápida até atravessar todo o corredor. Ao entrar na cozinha ele continua com o ato até a caixa de fosforo entrar e não conseguir tira-la, saindo em seguida para o quintal.
  • BEBER ÁGUA: O gato aproxima-se da vasilha de água, cheira-a cinco vezes de pé sobre as quatro patas. Bebe aguar por 20 segundos, olha uma vez para cada lado e volta a beber por mais 10 segundos.
  • INTERAÇÃO: Ao chegar à sala de estar o gato visualiza sua dona sentada e rapidamente chega até ela e esfrega a cabeça nas pernas durante 55 segundos. Após isso ele senta-se sobre as patas traseiras mantendo as patas dianteiras esticadas durante 02h13min segundos, e novamente volta a esfregar-se na sua dona durante 34 segundos.
  • DORMIR: O animal fica deitado lateralmente com as patas dianteiras e traseiras esticadas em cima da cama de um dos donos, dorme aproximadamente 3 horas pela manhã. Durante a tarde o animal dorme mais 1h32min na varanda.
  • DESCANSO: O animal sentou-se sobre as patas traseiras durante 47 segundos até que deitou mantendo as patas dianteiras esticadas ao chão, cabeça em pé e orelhas voltadas para cima e assim permaneceu durante 18min. 
  • APROXIMAÇÃO DO RECINTO COM ALIMENTO: Ao aproximar-se da vasilha de ração, o gato cheira-a por 13 vezes antes de começar a comer.
  • COMER: Ainda de pé sobre as quatro patas, o gato avançar contra a comida por 10 vezes durante 18 segundo. Senta-se sobre as paras traseiras enquanto continua a comer com as orelhas voltadas para baixo
  • PÓS-ALIMENTAÇÃO: O animal interrompe o ato de comer, caminha até a varanda. Lá senta sobre as patas traseiras, enquanto observa o ambiente durante 20 segundos, olhando para o lado direito, após isso, o animal deita-se no chão e cochila durante 37 minutos.
  • DEFECAÇÃO: O animal vai até a cozinha e fica de frente a porta que leva até o quintal, ao observar que está fechado, corre para varando e lá vai para porção que tem terra. Anda durante o espaço cheirando. Após isso começa a cavar mexendo as patas durante 14 vezes até cavar um buraco. Aproxima-se do mesmo e lá fica durante 32 segundos. Após defecar o mesmo, joga areia novamente em cima do buraco, cheira-o e vai para a sala.

CONCLUSÃO

Através das observações foi possível constatar os principais comportamentos do gato doméstico em residência durante o período diurno, tais como: Limpeza, hábitos de espreguiçar, fuga, momentos de descanso-observação, exploração, rolar, brincadeiras, beber água, interação, dormir, descanso, comer, períodos pós-alimentação, defecação. Dentre essas foi verificado que as mais frequentes foram a aproximação com o recinto de alimentação, alimentação, beber água, e dormir, as quais são justificadas pelo fato de serem atividades essenciais para a sobrevivência do animal.

REFERÊNCIAS

DANTAS, L. M. S. Comportamento social de gatos domésticos e sua relação com a clínica médica veterinária e o bem-estar animal. Niterói, 2010. Dissertação (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.

DIAS, C. G. A. Estudo Das Relações Materno-Filiais Em Gatos Domésticos (Felis silvestris catus): Comportamento E Controle Olfatório. Fortaleza, Ceará, 2009. Dissertação (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará, 2009.

GENARO, G. Gato doméstico: futuro desafio para controle da raiva em áreas urbanas?. Revista de Pesquisa Veterinária Brasileira, V. 30, N. 2, 2010.

LOBÃO, A. O. A origem do gato doméstico. Jornal de Piracicaba, Piracicaba/SP, 1992.

MEDICINA FELINA. A história do gato. 2013. Disponível em: <http://portalmedicinafelina.com.br/histor