A Etiqueta Social – História

"Pela habilidade de lidar com as pessoas pagarei mais do que por qualquer outra atividade''

John Rockefeller

Através de pesquisas bibliográficas, percebemos que a etiqueta social não é um fenômeno recente. A bibliografia sobre o assunto prova que as regras de comportamento, que hoje classificamos de etiqueta, existem há milênios e algumas delas permaneceram inalteradas durante séculos.

Segundo Castro (1997, p.11), "é difícil afirmar com absoluta certeza qual foi à primeira obra a tratar do tema, mas a Biblioteca de Nova York aponta um papiro egípcio de 2500 a.C., denominado "As Instruções de Ptah-hotep", como o primeiro documento a falar de normas de conduta. Este papiro, que se encontra preservado na Biblioteca de Paris, é um completo manual de boas maneiras e já foi considerado por alguns historiadores como a semente de muitas regras de etiqueta que floresceram mais tarde no Ocidente. [...] Outro marco é Apocrypha, obra compilada por Bem Sira, no século II da Era Cristã. "Julgue um homem por sua aparência", escreveu o autor, fazendo a seguinte ressalva: "Mas não venere nem preze nenhum homem antes de ouvi-lo falar, porque é a prova o julgamento de cada homem".

Como se vê, a preocupação ética e moral estavam presentes nesses antigos textos que ditavam o comportamento. É correto afirmar, inclusive, que as "boas maneiras" foram objeto da filosofia grega, pois, sendo conduta humana, integravam o universo de interesse dos pensadores.

Percebemos essa relação na citação de Castro (1997, p.12):

Platão preocupava-se, sobretudo com a atitude em relação aos mais velhos e orientava seus parentes que ensinassem seus filhos a respeitarem os idosos.

Muitos hábitos cultivados à mesa, em pleno século XXI, tiveram sua origem por volta do século V através das obras básicas da religião judaica – o Talmude. Nessa obra, encontramos recomendações de maneira detalhada como, por exemplo, "que um homem não deve pegar um pedaço de pão maior do que uma oliva". Recomenda, ainda que os pedaços de pão devem ser partidos com a mão, "sem ofender os outros comensais", hábito que sobreviveu a mais de um milênio de evolução social. E, ainda hoje, a boa educação pede que se coma o pão partindo-o em pequenos pedaços.

A história dos procedimentos à mesa não pára por aí. Eles foram descritos em 1.300 por Francisco Barberino, escritor de Florença. Mais tarde, o Papa Urbano VIII, seu parente, orgulhoso das boas tradições familiares, escreveu: "Se um homem não deseja comportar-se como um bárbaro, deve se comportar como um Barberino".

O comportamento à mesa tem muitos outros autores ilustres. Quem já não ouviu falar em Leonardo da Vinci? O gênio criador e artístico é o inventor do guardanapo.

A história que precede esse episódio começa na corte dos Sforza, local onde Leonardo da Vinci trabalhou durante treze anos como mestre de banquete e de cozinha. Durante esse tempo, ele procurava por uma solução para evitar que as toalhas de mesa ficassem imundas após as refeições. Decidiu, então, colocar um pano individual diante de cada convidado. Levou algum tempo, porém, até que as pessoas utilizassem seu invento de maneira correta.Mesa e cozinha eram assuntos de grande interesse para Leonardo da Vinci, que chegou a elaborar um catálogo de boas maneiras à mesa para os Sforza contendo dicas, como: não colocar a cabeça em cima do prato para comer, não cuspir, não colocar as pernas sobre a mesa, não tirar comida do prato do vizinho, entre outras.

Mas os livros de etiqueta só ganharam maior difusão em 1440 com a invenção da imprensa pelo alemão Johannes Gutenberg. O primeiro volume impresso sobre o assunto foi o "Livro da Cortesia", de Jacques Le Grand. Por volta de 1487, lançou na Inglaterra O Livro das Boas Maneiras, a fim de ensinar a seus compatriotas o caminho da boa conduta. E a etiqueta social foi se difundindo, tendo como protagonistas de sua história personagens nobres como Luís XVI, o rei Sol; Napoleão Bonaparte, que com a restauração do império firmou a pompa cerimonial de forma rigorosa e o próprio Leonardo da Vinci, como já citamos.Muitos momentos marcaram as exigências de cada época no que tange à preocupação com o rigor do cerimonial e da etiqueta. O seu auge aconteceu no século XIX, época da burguesia e do requinte. La Belle Époque foi um período de grandes recepções, salões abertos a bailes, decorações exuberantes e fartura à mesa.

Castro (1997, p.20) descreve tal momento: [...] a nobreza mostrava-se cada vez mais exigente L'Etiquette Oficielle et Diplomatique à la Cour du Quirinal (A Etiqueta Oficial na Corte do Quirinal), um manual de boas maneiras lançado em Paris, em 1885, nos dá um exemplo do rigor da época. [...] O que mais impressiona no manual é a severidade e a intolerância com que recomenda que se tratem aqueles que não observam estritamente as regras cerimoniais.

Voltando para o nosso tempo, temos como característica do início do século XXI a informalidade, decorrente das mudanças impostas pelos constantes avanços tecnológicos, o que vem acontecendo de forma tão intensa que as regras tendem a ficar mais flexíveis.

No entanto, a função básica da etiqueta social – possibilitar um convívio social agradável – é mantida em toda sua essência. Se em alguns períodos da história ela foi instrumento de discriminação a serviço da elite, hoje cada vez mais sua importância tem sido reconhecida. Preservar bons hábitos e costumes pode ser relevante e possibilitar que a vida em sociedade seja mais harmônica.

A inspiração da etiqueta está no cuidado e respeito com o próximo, baseada em regras simples, no bom senso, na cordialidade. Enfim, em bons sentimentos.

A Etiqueta como símbolo de "controle social" na corte de Luiz XIV

A "etiqueta", assim, mesmo demonstrando ter o escopo de satisfazer as necessidades, a preservação de privilégios e os caprichos existenciais do rei, traz em si outros "momentuns" em seu contexto, principalmente o de dominação e de controle social, que a nosso ver contribuíram para pôr em relevo a forma pela qual a sociedade da corte manteve a sua estrutura organizacional de poder.

Entender a maneira como este exercia o controle de todas as ações na sociedade cortesã, tendo como eixo a disputa pelo poder, é um trabalho interessante, na medida em que se aprofundam os estudos e passa-se a observar como a "etiqueta" tornou-se o ponto de referência de todas as possíveis configurações estabelecidas na sociedade francesa, projetando concretamente a vida de cada membro da corte na comunhão de seus interesses, não servindo somente como uma mediação social entre rei e súditos.Ao aceitar esta interpretação, devemos fazê-lo em dois momentos que relacionam entre si.Num primeiro momento, como instrumento de dominação, demonstrada pela sua concreta realização e o seu máximo desenvolvimento na medida em que a, Elias (1994) "[...] monarquia chega a seu maior poder na fase histórica em que a nobreza em decadência já está obrigada a competir de muitas maneiras com grupos burgueses em ascensão, sem qualquer um dos lados possa derrotar inapelavelmente o outro".

A forma centralizada de poder praticada por Luiz XIV, dentro de uma concepção que impôs a si próprio como princípio e fim de todas as ações na corte, obrigou o rei a criar instrumentos de controle da sociedade que agissem como forma de dominação e conduzissem para uma estabilização política.

Ao aceitar a tese, a respeito da etiqueta como um hábil instrumento de dominação, antes de ser somente um instrumento do cerimonial sem influência qualquer, deveu destacar a complexidade que levam para esta afirmação. Neste tipo de relação existente, o raciocínio é elementar, sua prática se fundamenta no momento que ao lado do homem que pratica o poder, estiver outro que aceite a coerção, a dominação, a opressão, a imposição, e condicione o seu comportamento da maneira como tal aquele deseja, quer seja por submissão inconsciente ou por interesses próprios, sem resistência às determinações, perdendo assim a sua própria identidade. Apesar da complexidade com que a rede de submissão ou de interesses pode ser abordada, é vital destacar a argumentação trabalhada por Norbert Elias no tocante aos interesses dos nobres em manter o sistema de dominação vigente neste período.

E num segundo momento, como instrumento de controle social, em razão de buscarmos uma configuração social mais abrangente para a sua ação que venha abordar as "relações ambivalentes entre as camadas sociais de um mesmo Estado, a alternância entre a dependência recíproca e a hostilidade das várias camadas sociais, sobretudo no seio de formações sociais com muitos extratos, onde os vários grupos combatem simultaneamente em várias frentes. O termo controle social, em seu aspecto conceitual, tem recebido conotações e significados polêmicos e diferenciados, que na maioria das vezes tem trazido mais divergências e poucos momentos de convergência para o seu entendimento nas diversas configurações que podem instalar em seu redor, desde uma acepção na perspectiva determinista de força, dominação, repreensão, a qual estamos acostumados a vivenciar, ou quanto para indicar uma relação de harmonia entre o homem para com a sociedade dentro de uma abrangência social.

Fonte inesgotável de situações de controle social é o cerimonial do levantar do rei Luis XIV, sendo possível distinguir o prestígio e a hierarquização da cada nobre, bem como, demarcando com muita precisão o centro de equilíbrio da corte O acesso ao quarto de dormir, composto por entradas pré-determinadas, o vestir do rei, a prece, enfim cada gesto em seus aposentos determinava com muita probidade a maneira como Luiz XIV governava e mantinha o controle sobre os nobres da corte.

Elias (1987), ao referenciar sobre o ritual do levantar do rei, demonstra ter "interesse em analisar mais de perto essas estruturas porque é precisamente em tais contextos que melhor se observam as particularidades das pressões que os homens envolvidos em determinadas relações sociais infligem uns aos outros", pois em cada gesto do rei estava determinado um valor de prestígio, um agrado, um desagrado que demarcava a condição social de cada um.

Esta particularidade da etiqueta de ser um símbolo de controle social é possível visualizar e considerar que esta foi um instrumento bem sucedido e utilizado adequadamente por Luiz XIV, aproveitando dos interesses dos nobres que convergiam para um único objetivo, a manutenção do seu "statuo quo", ou seja, o de centro de poder na corte. A etiqueta serviu para Luiz XIV dominar, espalhar tensões, prestígios, ansiedade, restrições aos membros da corte fazendo-a de uma maneira ímpar, canalizando todo o poder para a sua pessoa. Daí a máxima "L'État c'est moi" - "O Estado sou eu".

A Importância da Etiqueta Social nas Relações Humanas

É interessante observar que, nos dias atuais, muito se tem falado em etiqueta social. Percebemos uma procura, cada vez maior, de pessoas interessadas em aprender e colocar em prática o aperfeiçoamento do conviver. Com certeza, essa demanda é reflexo da problemática das relações humanas intimamente ligadas à ética social.

A ética é a grande discussão deste novo milênio, nada melhor do que falarmos da ética cotidiana, ou seja, da etiqueta - palavra que, interpretada ao pé da letra, significa "pequena ética".

O mundo de hoje é fundamentalmente diverso daquele de nossos avôs e mesmo, sem recuar muito no tempo, de nossos pais: vida agitada, veloz, inquieta, em que a velocidade e o relógio substituíram o sossego de antes; em que a cordialidade e a civilidade cederam lugar à agressividade e à indelicadeza, em que a sensibilidade, aos poucos, vai sendo esmagada por um materialismo desconcertante. Não podemos deixar de lamentar esse estado de coisas, responsável pelo abandono quase completo das formas de cortesia, como eram compreendidas até o início do século passado e hoje relegadas a segundo plano por um generalizado e cômodo desleixo no modo de falar, de apresentar-se, de comportar-se.

Efetivamente, a nossa maneira de viver mudou e muito como resultado de uma adaptação necessária, de um ajustamento lógico e oportuno. Alguns costumes que se achavam em desacordo com as circunstâncias atuais desapareceram por si mesmos. Outros nasceram por força de diferentes circunstâncias, renovando o que precisava ser renovado, ou seja, fazendo certas concessões aos novos costumes.Uma coisa, porém, é certa: nunca a etiqueta social foi tão necessária quanto agora num momento em que todos os códigos parecem ter entrado em crise, a ética e o bom senso são diretrizes para uma nova conduta.O mais importante hoje em dia na convivência humana é procurar sobreviver de uma forma mais confortável e vamos buscar isso no interesse, na sensibilidade e no entendimento entre as pessoas. A humanidade precisa se amar mais, compreender os desníveis de educação e cultura geradores de conflitos. Para tanto, é necessário aprender a conviver com o próximo.

Aprender é modificar-se. Todos nós devemos ter uma proposta de vida para buscar nossas metas. Portanto, a autonomia e o interesse pessoal são competências essenciais para modificar nossas atitudes. É claro que para tudo se faz necessário a motivação; é pela motivação que atingimos nossas metas; motivação é a mola que impulsiona tudo. Devemos estar motivados e conscientes da necessidade de aprendermos a lidar com o outro. Somos processos evolutivos e vamos buscar isso no respeito, no entendimento e no amor.Saber viver é respeitar o seu próximo dentro da escala de valores de cada um, e para colocarmos isso em prática devemos superar as desigualdades existentes, passando a encará-las como elemento necessário para o crescimento humano.Paradoxalmente, tudo o que se vê no dia-a-dia conspira contra o bem estar. O contemporâneo tornou-se o sistema de desaprender. As novelas, jornais, filmes e outros instrumentos da mídia nos ensinam a cada dia novas maneiras de trair, tapear ou maltratar, deixando de lado o respeito ao próximo – base da ética social. Será que a educação e a gentileza teriam sumido de nossos costumes?

É hora de percebermos que, neste mundo cada vez mais populoso, para sobreviver, temos que nos tratar melhor, deixando de lado falsos valores, que buscamos através de caminhos errados, como o ódio, a violência, o egoísmo. De acordo com Castro (1991, p.V), devemos nos lembrar de uma elementar visão dos direitos humanos: "todos estamos num só bloco terrestre para ser vivido, desfrutando até onde nossa resistência permitir, não deixando que o excesso de população nos torne perdidos por falta de conhecimentos de boas maneiras, de respeito ao próximo e do espaço para cada um".É fácil perceber que o momento exige transformações e mudanças radicais. Por que não começarmos reconsiderando as relações humanas, que são os princípio de todos os problemas e todas as soluções?Para que as relações interpessoais alcancem êxito, não ficando apenas no papel ou como temas centrais de conferências, palestras e discursos, é fundamental que tenhamos como propósito de vida: "faça aos outros o que queira que lhe façam". Isso é praticar relações humanas legítimas. Partindo desse pressuposto, todos os seres humanos estariam vacinados contra a agressividade e seriam mestres na ciência do comportamento humano.

Relações Humanas – Um Manual de Boas Maneiras

O homem é um ser social por natureza (Aristóteles).Torre (1981, p. 43) exemplifica, através de um fato real, a afirmação acima:

Por volta de 1921 foram encontradas, na floresta da Índia, duas meninas vivendo em cavernas, com lobos. Suas idades eram de 2 a 4 anos para a mais jovem e entre 8 e 9 anos para a mais velha. Como e com que idade foram abandonadas ali, não se pôde precisar. Levadas a um orfanato, a menor morreu em menos de um ano e a outra sobreviveu mais alguns, de modo que foi possível avaliar seu comportamento e tentar reeducá-la. Locomovia-se engatinhando, pois não sabia andar só com os membros inferiores; não conhecia palavras; comia carne crua, não se acostumava às roupas, possuía olfato tão desenvolvido como o faro de certos animais e seus olhos, no escuro, tinham brilho peculiar.

Casos excepcionais de sobrevivência de seres humanos isolados nos primeiros anos de vida confirmam que o homem é um ser social por natureza, pois só vivendo em sociedade torna-se humano. Do contrário, nada difere dos outros animais.

Vivendo em sociedade, por sua própria natureza, o homem está em permanente interação com seu semelhante, estabelecendo relações sociais, adquirindo consciência grupal, criando cultura.

Para entendermos um pouco mais sobre as relações humanas, se faz necessário associá-las às relações interpessoais, conforme explica Minicucci (2001, p.22): O termo Relações Humanas tem sido empregado, com freqüência, para referir-se a Relações Interpessoais.

Esse relacionamento poderá ocorrer entre:

a.- Uma pessoa e outra;

- marido e mulher;

- vendedor e comprador;

- professor e aluno.

b.- Entre membros de um grupo

- pai, mãe e filhos, no lar;

- professor e alunos, numa classe;

- empregados e chefes, numa empresa.

c.- Entre grupos numa organização

- os grupos de estudo numa classe;

- os grupos de trabalho numa firma. (MINICUCCI, 2001, p. 22)

Podemos perceber que o relacionamento entre as pessoas (interpessoais) refere-se a relações humanas e esse relacionamento se faz em diversos níveis e, por isso, se torna tão complexo e, muitas vezes, tão conflitante. Sendo os seres humanos sociáveis, vivendo em uma sociedade, necessário se faz serem tolerantes, a fim de que o relacionamento com os outros, que estão inseridos no mesmo grupo, seja harmonioso.A eficiência em lidar com outras pessoas é constantemente prejudicada pela falta de habilidade, de compreensão e de trato pessoal.Muitas vezes, as relações humanas vão por água abaixo porque algumas pessoas não têm o traquejo interpessoal necessário à boa convivência, apresentando comportamentos como os relacionados a seguir:

a. não ouvem tão bem quanto falam;

b. interrompem os outros quando falam;

c. são agressivas;

d. gostam de impor suas idéias;

e. não compreendem as outras além de seu ângulo de visão.(MINICUCCI, 2001, p.30)

A experiência tem comprovado que as pessoas podem aprender a aperfeiçoar suas habilidades em compreender os outros e a si próprias, adquirindo traquejo nas relações interpessoais.

Minicucci (2001, p.31) acrescenta que "a compreensão dos outros (um dos aspectos mais importantes nas Relações Humanas) é a aptidão para sentir o que os outros pensam e sentem."

Nesse sentido, a etiqueta social tem muito a acrescentar a cada um de nós, norteando-nos através das regras de boas maneiras, tanto na vida pessoal, como na profissional, que servirão para uma melhor conduta perante a sociedade em que vivemos. Logicamente, quanto mais pessoas tiverem acesso a esse "código", maior harmonia haverá entre elas. Seguindo este pensamento, Ortolan (1999, p.11) completa que "a educação não é um artigo que possa ser comprado." É um hábito que se adquire, no dia-a-dia, com prática e a observação; portanto, está ao alcance de todos".

A Educação na Corte

A educação na corte, era uma educação artificial, relacionada à imitação dos gestos apropriados a situações vivenciadas pelos nobres. Educava-se para o "ideal de pessoa bem educada", de cortesão ou de homem gentil.

Segundo Weber (1969) "Antes mesmo de deixar Viena pela corte da França na primavera de 1770, a jovem princesa Maria Antonieta, recebeu um curso concentrado e intensivos sobre a maneira como os Bourbons lidavam com a aparência, o vestuário e a imagem pública. Ela foi redesenhada da cabeça aos pés, e um renomado instrutor de dança francês treinou-a para se mover graciosamente ao usar saltos altos, saias-balão e uma pesada e incômoda cauda. Sua aparência, os mais velhos lembravam-lhe incessantemente, decidiria seu sucesso ou fracasso como esposa real francesa".

Rousseau: Segundo a sua concepção pedagógica, critica a educação e a etiqueta da corte

Pressupostos básicos: Os pressupostos básicos de Rousseau com respeito à educação eram a crença na bondade natural do homem, e a atribuição à civilização da responsabilidade pela origem do mal. Se o desenvolvimento adequado é estimulado, a bondade natural do indivíduo pode ser protegida da influência corruptora da sociedade. Conseqüentemente, os objetivos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança e seu afastamento dos males sociais. O mestre deve educar o aluno baseado nas suas motivações naturais. "Logo que nos tornamos conscientes de nossas sensações, estamos inclinados a procurar ou evitar os objetos que as produzem", diz ele.

 Método: Essencialmente o mestre deve educar o aluno para ser um homem, usando a estrutura provida pelo desenvolvimento natural do aluno, enquanto ao mesmo tempo mantendo em mente o contexto social no qual o aluno eventualmente será um membro. Isto somente pode ser conseguido em um ambiente muito bem controlado.

Para Rousseau, a educação deve ser natural, mantendo sempre o homem na natureza, afastando-o da civilização que corrompe. Na corte a educação é relacionada às aparências e de imitações dos nobres. É uma educação que corrompe o sujeito. Há uma questão ideológica envolvendo os valores dos nobres, que são transmitidos aos burgueses, que buscam o reconhecimento da sociedade, a imitação é digna de riso, pois o burguês não tem o refinamento do nobre.

A Etiqueta no BRASIL... A Etiqueta no BRASIL

Ainda existe quando folheamos o jornal de domingo, nas revistas de mulher nua para os homens de classe média, periódicos que ensinam a escolher os tipos de vinhos adequados, a combinar os convidados, a vestir-se, decorar a casa, dar festas e... Subir na vida pelo domínio dos gestos de bom-tom (às vezes ensina-se até a pensar).

No Brasil, o aprendizado das roupas e comidas adequadas funciona mais como maneira de discriminar quem não conhece as regras (muitas vezes descabidas),como instrumento de prepotência, do que para tornar agradável o convívio social.

Um Mundo Etiquetado... Onde Quem não é Etiqueta, é Julgado!!!

Cada vez é mais evidente, que vivemos num mundo "etiquetado" como se todos fôssemos produtos de um supermercado, cada um com o seu respectivo "preço"...

A Etiqueta do Antigo Regime tem a mesma função da Etiqueta de hoje

A etiqueta é a expressão de uma sociedade hierarquizada, ele embute uma micro política, porque há uma padronização de comportamentos adequados,a uma classe específica,relacionando-se as roupas,mercadorias,empregados,linguagem,marcas de roupas e entre outros.Hoje as pessoas querem "parecer" mais do que "são", vivemos em uma sociedade que julga muito mais pela aparência.

Conclusão

A Estética da Etiqueta, asociedade move-se cada vez mais, por jogos de interesses, valoriza-se o Ter, em favor do Ser...

Pequena Ética, repleta de conteúdos e maneiras, se divulga e, por meio, também uma micropolítica: os gestos significam educação e riqueza; através deles a sociabilidade burguesa e de classe média encontra uma expressão eficaz, muitas vezes solene.

O Brasil que é uma sociedade de consumo, em que é pequena a tradição cultural dos membros da classe dominante, o teatro das boas maneiras e da fineza que se pretende aristocrática pode facilmente descambar para oco, o ridículo.

Referências Bibliográficas

CASTRO, Claudine. Etiqueta: um guia prático e atual para as boas maneiras. 3.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.

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ELIAS, Norbert. A Sociedade de Corte. Lisboa: Editorial Estampa, 1987.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador: uma história dos costumes. Tradução de Ruy Jurgman.

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MINICUCCI, Agostinho. Relações humanas: psicologia das relações interpessoais. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2001.

ORTOLAN, Braga Glorinha. Educação e requinte. Bauru: Graphpress, 1999.

TORRE, Della M. B. L. O homem e a sociedade: uma introdução à sociologia. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 1981.

WEBER, Caroline. Rainha da moda: como Maria Antonieta se vestiu para a Revolução. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges. 2 ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 1v.