Não é à toa, que começamos esse trabalho pela questão ética na educação, pois todo mundo precisa ser educador. A educação não pode ser mais responsabilidade apenas dos pedagogos e dos pais, precisa ser uma decisão de todos.

Ética do educador

Um professor, ou qualquer pessoa empenhada em educação, precisa de algo essencial: cultivar o desprendimento, a generosidade, o altruísmo, as qualidades ligadas ao coração e ao amor. Se essa pessoa agir de tal forma, fundamentada no amor e no humor, especialmente em suas aulas, conseguirá alcançar seu alvo: ver crescer o aprendiz graças ao esforço e ao exemplo que o mestre dar. Essa é a maior recompensa que ele pode ter. No entanto, se esperar admiração ou agradecimentos, pode sofrer uma decepção, pois são raros os casos de educandos que darão esse retorno. Educar é antes de tudo uma missão! Os valores morais faltam na educação e os valores éticos faltam em nós.

A ética no campo da saúde

Engana-se quem pensa que saúde é apenas a ausência de doença, é antes de tudo um estado de harmonia e de equilíbrio. Por isso mesmo, o profissional da saúde, precisa ser um exemplo de harmonia, assim como os educadores. Mas o que é essa harmonia? É exatamente o resultado da coligação dos valores éticos, estéticos e espirituais. Através dessa harmonia, permite-se uma boa circulação da energia vital da expressão benéfica das vibrações de amor, alegria e beleza e a inspiração constante da sabedoria. É difícil separar saúde de educação, já que o profissional da saúde deve ser antes de tudo um educador. Porém, vem sempre em nossas mentes alguns casos bem conhecidos, como exemplo: um médico que recusa atender alguém por falta de pagamento da consulta, algum médico que recebe um chamado no meio da madrugada e não atende, e ainda em caso extremo, onde um médico atropela alguém e não socorre (Jornal Hoje). Precisa-se de compaixão, de abnegação, de amor, e de cumprimento ao juramento feito. Convém citar também a modéstia como indispensável são só para reconhecer os próprios limites e aceitar a colaboração de colegas como para estimular a cooperação ativa do paciente.

Ética e estética na vida do artista

Como a criação precisa de liberdade e o artista precisa de criatividade, de espontaneidade, ele não pode trabalhar cercado por normas e regras; por isso, a tendência é rejeitar a ética. Apesar da desvinculação da estética da ética, apesar da dissociação entre o belo e o bem, existem até hoje resquícios de comportamentos éticos. A ética é uma questão prática. Ética e estética era para caminhar juntos. O artista verdadeiro não se preocupa com o dinheiro e sim em criar. A verdadeira ética espontânea do coração, o despojamento e o desapego tão característicos dos grandes artistas, cuja generosidade os faz distribuir sua obra para os amigos ou para venda em benefício de obras sociais.

A economia a serviço da ética

Como disse o Dalai Lama, ao receber o prêmio Nobel da Paz, “levar a compaixão até o campo dos negócios internacionais exigirá um tremendo esforço”. O fortalecimento de economias fracas e não diversificada é uma política muito mais sábia, tanto para estabilidade política quanto econômica. Com o poder econômico, as pessoas estão matando, causando sofrimento, abusando do poder, estimulando ódio, impedindo a criatividade. A opção não depende da economia, mas do senso de responsabilidade de cada economista quando participa da liderança dos negócios da humanidade.


Benefícios e prejuízos da ciência e da tecnologia.
A transdisciplinaridade

Ao procurar ser objetiva, a ciência eliminou o sujeito da observação e experimentação, o que aumentou mais ainda o caráter fantasioso de tal operação. Afastada da ética, a ciência se tornou aos poucos fria e calculista, puramente racional e desligada de toda ordem de preocupação humanitária. A ciência e tecnologia não têm nenhuma preocupação ética. A tecnologia e a ciência, ao mesmo tempo em que permitem aliviar o sofrimento e a dor de muitos doentes, aumentar a rapidez e eficiência das comunicações entre pessoas e povos e incrementar o prazer do conforto, essa mesma tecnologia está levando a humanidade ao suicídio através da destruição da vida no planeta terra. A ciência e a tecnologia têm avançado muito nos últimos tempos, o ideal seria que através dela, as pessoas pudessem se amar em substituição do ódio, pudessem ter compaixão em substituição ao egoísmo, pudessem enfim, utilizar-se da abrangência da comunicação tecnológica, especialmente através da internet, para demonstrar valores e virtudes tão esquecidos em nosso meio social. Só existirá ética na ciência quando o homem agir com amor!

A nova ética nas empresas e organizações

As empresas são o veículo do uso das tecnologias tanto construtivas como destrutivas. A nova cultura organizacional voltada a tudo que tem vida, precisa atender aos interesses do homem, da sociedade e da natureza. Ela precisará se centrar na Pessoa (público interno, pessoal dirigente, subalterno), a Produção de bens ou de serviços e a Plenitude ou a realização plena dos objetivos mencionados. Unindo pessoa e produção, havendo cooperação maximal entre o pessoal e a empresa, se obterá o máximo de produção através do máximo de participação. Ficamos com a pergunta: produção e participação a serviço de quem e de quê? As empresas fabricam cigarros, armas ou agrotóxicos, contribuindo assim para matar um maior número de pessoas com programa de qualidade de vida entre os funcionários. Incoerência pura! A nova motivação profissional consistirá em desenvolver empresas em que a direção e o pessoal não terão mais tempo nem esforço a medir, porque terão consciência da importância de sua tarefa para os outros e para si mesmos. Terão a certeza de que a sua organização é um organismo vivo, com finalidades e tecnologias construtivas.


Política, transpartidarismo e valores éticos

No mundo inteiro estão estourando escândalos provocados por faltas éticas de políticos. A nível de Brasil, quem não lembra do mençalão? A nível de Paraíba: o governador foi cassado por duas vezes, mas uma liminar o mantém no poder até julgamento no TSE. A nível de município: em Campina Grande, há mais ou menos um mês atrás o prefeito Veneziano estava sendo afastado do poder por denúncias feitas dos próprios vereadores da cidade, mas uma vez, a liminar concedida, mantém um corrupto nos representando. O que o povo exige é que seus representantes eleitos sejam antes de tudo dedicados a causa pública e honestos. O público exige idealidade aos compromissos assumidos durante as campanhas ou depois e aos partidos e programas que lhes são próprios. Transpartidarismo é um termo forjado para designar os valores e princípios comuns a todos os partidos políticos. É aquilo que todos preconizam e que os une acima das diferenças. O ideal seria que os políticos tivessem o poder de amar, mas estes têm amor pelo poder. Caso conseguissem essa mudança em suas vidas, seria um exemplo de amor e fraternidade e restabeleceria a unidade da trilogia: liberdade, igualdade e fraternidade, o cultivo e incentivo disso é fundamental para um verdadeiro democrata.

A transreligiosidade e seus valores

Tudo indica que está se caminhando para definir uma transreligiosidade, isto é, a descoberta dos princípios, valores comuns a todas as religiões e tradições espirituais. Através de encontros inter-religiosos que se multiplicam a cada dia, correntes religiosas e espirituais que se achavam separadas e às vezes se criticavam reciprocamente passam a se conhecerem e descobrem que seus pontos comuns são muito maiores do que suas divergências. Todas as religiões do mundo, não importa qual a sua visão filosófica, fundamenta-se primeiro e principalmente no preceito de que devemos reduzir nosso egoísmo e servir aos outros. Os muçulmanos por exemplo, são divididos em fanáticos e não fanáticos, mas tudo que fazem é em “Nome de Alá”. Sabemos que o fanático é sempre intolerante, a exemplo do “homem bomba”, que dar sua própria vida, será que nunca leu nas escrituras que foi Deus que nos deu a vida e somente Ele, pode tirá-la? Bem, não cabe aqui julgar nenhuma religião. “Acabou a época que uma religião poderia se declarar superior às outras” (Rabino Sobel, Eco 92).

Conflitos de valores no exercício do direito e da justiça

Começo por dizer que a lei do direito só foi criada, porque nós não criamos uma lei ética para nós mesmos. A lei do direito é imposta e nós temos que obedecê-la. O Direito é antes de tudo uma instituição ética e as leis jurídicas estão a serviço de valores tais como a verdade, o que implica julgamento de valor. Então, se a justiça está a serviço da verdade, é contraditório um juiz que absolve o réu convicto de que ele é culpado. Outro caso: A menina Isabella, que foi jogada do 6º andar do prédio onde mora, tudo indica que pelo próprio pai; mesmo o pai sendo advogado e o avô paterno também, este último, defende o filho arduamente, mesmo sabendo que sua neta se foi por causa da insanidade daquele que ele tanto defende. O texto afirma que a justiça “defende os desprotegidos, a viúva e o órfão, e hoje, os meninos de rua”. Mas, será mesmo? Vemos diariamente crianças que moram na rua serem assassinadas, serem estupradas, levadas para fora do país e nós, o que fazemos? Vemos tudo na televisão e ficamos de braços cruzados. Onde está a defesa da justiça? Os órfãos, por exemplo, quando muito, vivem em orfanatos que podem até ter o que comer, beber, vestir e onde dormir, mas não se vive só disso, o amor, eles tem? As viúvas, sobrevivem se seus maridos tiverem deixado alguma pensão, ou se algum filho for muito generoso e quiser ajuda-la, mas a justiça? Essa com certeza não aparece. Procurador, advogado de defesa e juiz são profissões extremamente delicadas, pois o valor ético da verdade sem sempre pode ser atendido com toda a clareza necessária.

A ética do quarto poder

É sem dúvidas o poder mais perigoso, justamente por ser tão importante e por praticamente todas as pessoas terem acesso. O poder de comunicar, de informar, o poder da mídia, onde jornais, revistas, rádio, TV, órgãos publicitários, internet, não se limitam à informação, mas de fato contribuem para formar opinião pública, modificar a adesão e valores e por isso podem chegar a mudar o comportamento efetivo de cidadãos isolados ou mesmo de uma população inteira. O poder de comunicar é na realidade o de educar. Comunicar é educar e educar é comunicar. O valor ético que deveria vir em primeiro lugar na mídia, seria o culto da verdade. Porém, a mídia não tem valor ético, faz de tudo para se sair melhor que a concorrência, usa de ma fé mesmo. Que valores estão sendo passados para as populações através da mídia? Qual o efeito da propaganda comercial num lar pobre? Imaginem um adolescente que assiste a um comercial diariamente, várias vezes, de um produto típico para sua idade, bonito, que chame atenção e mais ainda, geralmente é uma moça linda que conquista um rapaz bonito e rico, ou vice e versa; o conflito que passará este telespectador, sabendo que está muito distante dele conseguir tal coisa que o comercial invade sua casa e como se fosse num toque de mágicas, estaria ao alcance de todos. Isso é no mínimo, humilhante, sem a menor compaixão por parte da mídia, onde a TV está praticamente presente em todos os lares. De qualquer forma, já que a função ética da mídia é educar, tudo que vale para a ética na educação, vale também para a mídia. A finalidade da mídia é educar, mas na verdade, ela tem se tornado a cada dia um manual de má conduta.

A alma no negócio

O lema: “amigos, amigos, negócios a parte” pressupõe que não se deve misturar negócio com amizade. Isto é o cúmulo da fragmentação que vivemos, resultante da fantasia da separatividade. As relações econômicas, quando conduzidas com a ética essencial, espontânea, a ética do coração, podem ser, e são efetivamente, uma grande oportunidade de comunicação verdadeira entre os povos. Em vez de competição, pode-se desenvolver a cooperação através da parceria. Além do amor e da amizade, um negócio bem sucedido precisa ser fundamentado na verdade. Nesse sentido pode-se dizer que negociar é um treinamento e uma oportunidade de aprender abertura, compreensão, paciência, amizade, empatia. O negócio com alma é a porta aberta para o verdadeiro amor.

Ética nas relações internacionais e na diplomacia

Conhecemos o custo da guerra, mas desconhecemos o custo da paz. Esta cultura da paz depende de uma educação para a paz. Mas para isso, o professor na sala de aula, precisa começar esta paz dentro dele mesmo, e assim resplandecer aos seus alunos, sua paz interior, sem duvidas contagiará a todos, sem precisar impor limites com normas e regras. Através do amor, pode-se ensinar a paz a todos. Além dos políticos e dos governos, há uma classe de profissionais que podem exercer neste assunto uma tarefa de primeiro plano: são os diplomatas as suas diferentes funções, incluindo os embaixadores. O diplomata é por definição uma pessoa formada para evitar, contornar ou resolver conflitos entre as nações. Os diplomatas são os mensageiros, e o serão cada vez mais, da compreensão e da boa vontade entre os povos desta nossa Terra.

O meio ambiente como força propulsora dos valores éticos

O meio ambiente como assim conhecemos, é visto de duas maneiras: uma,que já está sendo ultrapassado pela visão holística: onde separa o meio ambiente de cada um de nós, estabelece uma barreira entre nós como sujeitos e o meio ambiente como objeto a ser explorado para o nosso deleite. A segunda, estamos na natureza e no meio ambiente, mas ao mesmo tempo temos o meio ambiente e a natureza dentro de nós. Dessa forma, podemos dizer que o meio ambiente exige de nossa parte uma ética que consiste em respeitar a natureza como um todo. A natureza nos dar segurança, prazer e poder desde que lhe demos amor. Cuidar, tratar, curar, acarinhar o nosso planeta consiste em lhe dar amor; é função de todos nós, e também de empresas e organismos, substituir os valores de exploração e hiperconsumismo. Comecemos então, pelas nossas salas de aula.

A questão agrícola: alimentação e limitação dos recursos planetários

Por causa da necessidade de critérios de sustentabilidade ou de viabilidade ecológica, as exigências éticas se tornam mais imperativas para o agricultor e o engenheiro agrônomo. Os agrotóxicos devem ser evitados em nome de uma ética de segurança do consumidor. Enfim, o agrônomo precisa encontrar formas de respeitar a fauna e flora, cultivando o amor para poder gerar alimentos a população, mas tudo dentro de uma ética que deverá lhe ser peculiar. Cultivar a terra por amor aos outros, aproveitando o amor generoso que ela nos proporciona. Em retribuição o agricultor precisará respeitar as leis de harmonia que a governam.

Lazer e tempo livre: um freio aos valores destrutivos?

Vivemos em uma sociedade onde a atividade produtiva nos sufoca, onde o tempo livre e do lazer é uma garantia de liberdade. O lazer garante à heterogeneidade, a diversidade, a vida. O tempo livre garante, sobretudo a faculdade de livre circulação da energia nos sete centros energéticos, entre outros, a plenitude da expansão de todos os valores universais ligados à verdade, à beleza, e ao amor, mais particularmente. Tudo indica, inclusive, que deve se aumentar o tempo livre para o lazer afim de se frear esta exploração sem limites que existe em nossa sociedade.

Considerações finais

Por tudo que foi dito até agora, estejamos certos de que a partir de nossa ética, a tendência a aumentar a qualidade de vida é enorme se mudarmos nosso comportamento, basicamente fundamentado no amor, podemos viver melhor nos diversos campos que foram abordados no decorrer deste trabalho. Sem dúvidas todas as áreas são extremamente importantes, mas a cautela com a educação, deve ser fixada no cotidiano das aulas dos professores e no dia a dia dos pais. Precisa-se antes de tudo, que o professor se aproprie da ética, não apenas para ditar normas e regras aos seus alunos, mas educar-lhes para a própria vida. O bom exemplo é o segredo para uma boa educação.