ÉTICA NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

 

 

 

 

¹ Alcides Inácio Sousa Simião

 

 

 

RESUMO

 

Neste artigo, abordaremos alguns princípios resumidos da ética na educação dos Surdos, o papel do Intérprete Educacional como figura importante a acessibilidade, analisando também o professor gestor como figura principal dentro de um ambiente escolar, versando sobre a necessidade de legitimar a função do intérprete de acordo com a sua responsabilidade, não doravante sendo atribuídas diversas outras e em alguns momentos tornando prejudicial o seu desempenho ético. Algumas indagações serão colocadas como maneira de repensar e legitimar a ética dentro do ambiente escolar principalmente direcionado a educação dos Surdos.

 

 

 

 

 

PALAVRAS CHAVES: ÉTICA, EDUCAÇÃO, INTERPRÉTE, LIBRAS, ESCOLAR

 

 

 

 

Belém

2014

________________________________________________

¹ Mestrado Sapiens – Polo Belém ,   E-mail , [email protected]

 

ÉTICA

 

A definição mais clássica de ética, vem do Grego ETHIKOS, significando

aquilo que pertence ao ETHOS, que significa bom costume, então temos como definição grega que a ÉTICA, se fundamenta pela razão. De acordo com o sentido mais amplo a ética é uma filosofia tida como um processo reflexivo, o qual leva a justificar os atos derivados das ações de consciência moral interferindo diretamente na concepção universal do entendimento do bem e do mal. Independente de como se apresenta, a ética objetiva o pensamento e sentimento levado a razão do homem em detrimento ao seu bem estar.

Analisando o ensino como exigência ética, PAULO FREIRE, crítica os desvios que a facilidade dispõe como possibilidade a deixar os caminhos como verdadeiros quando encontramos dificuldades, ou seja, procuramos os facilitadores sem a importância devida aos métodos utilizados, Somos capazes de perceber, atuar e alterar através das escolhas a maneira como devemos exercer a ética. Quanto mais transgredimos os direcionamentos do pensar certo, mas nos afastamos dos princípios éticos (PAULO FREIRE,1996, p-16).

Para TAYLOR, a perda dos sentidos no nível ético advém do desenvolvimento da cultura e sociedade com o exacerbado individualismo, gerando certo declínio a sociedade.  ¨ Modificar a visão moral de alguém por meio da razão é sempre, ao mesmo tempo aumentar a clareza e o entendimento que essa pessoa tem de si mesma ¨ (TAYLOR, 1995, p-49).

TAYLOR observa o útil calculo das relações de custo – produção e da maior e da maior eficiência como mediadores do sucesso, sendo essa relação a mensurar todos os âmbitos da vida humana, inclusive a ética.

Em uma breve análise, notamos a questão ética como norte de propagações teóricas fundamentadas no agir e pensar em detrimento a razão individualista, sendo a ética como um consenso de uma parte por um todo, onde as razões de utilização dos meios didáticos ou produção, não devem ferir os pensamentos que advém de uma participação de ideias e pensamentos com abrangência ao bem estar de todos, explorando sempre a ideia de manter a postura e o grau de satisfação pessoal equilibrado.

Ética apesar de ser uma noção primitiva, sugere um procedimento de convivência a partir de princípios que envolvem leis, valores e normas, que contribuem de maneira coletiva ao bem comum, realizando a opção individual e mantendo com os demais uma justa relação aceitável e dessa maneira justificando suas ideias e virtudes. 

 

EDUCAÇÃO

A educação envolve o ensinar e aprender observado em qualquer sociedade, de modo cultural insere o individuo no grupo ou sociedade. A educação exerce também um processo de socialização entre grupos onde a assimilação de características dos mais variados grupos sociais em seus aspectos de integração por modo de agir e desenvolver habilidades de convivência entre si. Assim podemos exemplificar a educação em alguns grupos, a saber, conforme abaixo:

  •  Educação Escolar, realizado em instituições, sendo a escola o principal espaço de transmissão com ritmos e práticas peculiares.
  •  Educação Tecnológica, procura transmitir conhecimentos técnicos visando o ajustamento aos modos de produção e os métodos e utilização e manuseio dos instrumentos tecnológicos existentes, tornando-os também críticos ao entendimento técnico instrumental.
  •  Educação Cientifica, visa proporcionar o ensino da capacidade de utilizar métodos com planejamento e desenvolvimento de pesquisas. Atribuindo ao educando a capacidade de argumentação e contra argumentação, através da premissa da capacidade do saber pensar.

Enfim, a educação de acordo com PAULO FREIRE, é permanente não pela exigência ideológica, politica ou econômica. Mas pelo fato de ao longo da sua historia o ser humano tenha incorporado a sua natureza. ¨ não apenas saber que vivia, mas saber que sabia, e assim, saber que podia saber  mais ¨ (PAULO FREIRE, 1996)

O CÓDIGO DE ÉTICA NA INTERPRETAÇÃO DE LIBRAS

 

A elaboração dos códigos de ética, objetivam a orientação do uso de normas atribuindo uma padronização que regerá uma atividade, sendo a elaboração, redação, analise e aprovação por instituições credenciadas e competentes para o desempenho da função o qual aquele código será destinado, desta maneira embasado nos preceitos de fidelidade e veracidade, os códigos de ética fortalecerão a imagem e as relações interpessoais no seu uso como responsabilidade sociocultural.

Historicamente a primeira organização de intérpretes e tradutores de línguas orais, foi criada em 1974 no Rio de Janeiro, ASSOCIAÇÃO  BRASILEIRA DE TRADUTORES – ABRATES, a partir da colaboração de tradutores e estudiosos como Paulo Ronai, Aurélio Buarque de Holanda e Raymundo Magalhaes Junior, sendo este ultimo atuando como o primeiro presidente da associação. Outros profissionais que contribuíram foram: Marco Aurélio Moura Matos, Elias Davidovitch, Clovis Ramalhete e Daniel Rocha (WENGORSKI, 2009).

PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS ÉTICOS

 

Conheceremos alguns princípios fundamentais para o exercício da profissão de intérprete da LIBRAS, resumidamente temos o interprete como:

  • Uma pessoa de caráter moral, honesta e confidente;
  • Sempre fiel e imparcial em suas interpretações;
  • Reconhecer sempre seu nível de competência para não prejudicar sua interpretação;
  • Manter uma vestimenta que não atraia sobre si a atenção, mas sobre sua interpretação.

Entre outros, os quais não cabe aqui aprofundamento a respeito.

 

Analisamos que a capacidade de interpretação além de técnica, precisa de um requisito pessoal incontestável para a finalidade e repasse das informações, ou seja, a responsabilidade sobre o que esta sendo interpretado e a necessária convicção da fidelidade da informação. Outro requisito importante é o relacionamento com os profissionais da área, para troca de ideias, atualização de novos sinais e a socialização das informações referente a profissão.

A ética do intérprete exige também o segredo profissional quando houver troca de informação de cunho pessoal com o surdo, principalmente quando ocorrer de grave prejuízo a terceiros e sem o consentimento da origem da informação.

A atuação desses profissionais se constitui a medida que os surdos são reconhecidos socialmente e fazem uso de sua língua de sinais, sendo a garantia de acessibilidade dos surdos gerado pela legislação – Lei de Acessibilidade 10.408 de 2000, regulamentada pelo decreto  5.296 de 2 de dezembro de 2004, em seu artigo 23. Garantindo ao surdo de interpretação em sua língua nos espaços públicos ou privados.

 

 

O PAPEL ÉTICO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL

 

A interpretação em sala de aula é apenas uma das possibilidades de atuação do profissional intérprete da Língua de Sinais, iremos direcionar este artigo para esta atuação.

De acordo com QUADROS (2005), o papel do intérprete em sala de aula acaba sendo confundido com o do professor gestor, o intérprete educacional tem um papel importante para o aluno surdo em sala de aula, há casos em que o aluno surdo tende a confundir o papel do mesmo com o do professor gestor e também o inverso, o professor gestor tende a consultá-lo sobre o desempenho educacional do aluno surdo. Cabe ao intérprete educacional saber distinguir bem o seu papel dentro do contexto escolar, não podendo assumir o papel do professor gestor, mas tendo somente a função de meio de comunicação entre o professor e o aluno surdo e vice versa.

Em QUADROS (2005, p-60), devido essas dificuldades de entendimento do papel de cada individuo no contexto do uso da  LIBRAS na educação, houve a necessidade do estabelecimento de regras éticas voltadas especificamente para esta atividade, justamente para não haver confusão quanto as atividades exercidas de cada um, cabe aqui algumas indagações a respeito: Se a responsabilidade de ensinar passa a ser do intérprete , então porque não contrata-lo com professor ? Caso haja a necessidade de um professor de Língua de Sinais , o intérprete dependendo da formação poderia assumir este cargo, mas tão e somente nessa situação.

Em outros países como nos EUA, foi considerado antiético o intérprete assumir papeis fora das suas qualificações tais como: - tutorar alunos, apresentar informações sobre o desenvolvimento do aluno, acompanhar e disciplinar os alunos, realizar atividade extraclasse. http://www.deafmall.net/deaflinx/edcoe.html (2002).

QUADROS (2002, p-61), identifica alguns elementos sobre o intérprete da Língua de Sinais no site http://www.deafmall.net/deaflinx/useterp2.html (2002), que devem ser considerados:

  • Em sala de aula o professor gestor é a figura principal;
  • O intérprete deve sempre manter-se neutro e garantir ao aluno o direito a manter algumas informações confidenciais;
  • Também o auxilio do professor gestor é um direito do intérprete;
  • Intervalos entre aulas os quais devem garantir o descanso pra melhor desempenho;
  • E não esquecer que o intérprete é apenas uma das ferramentas de acessibilidade.

Cabe ao professor gestor garantir a metodologia aplicada para aquele aluno surdo, como estamos falando exclusivamente da ética direcionada ao ambiente escolar, os demais assuntos e atuações relevantes a função do interprete ficarão fora desta discussão.

CONCLUSÃO

Finalizamos este artigo sobre o limite entre a ética e a necessidade de comunicar e educar baseado no contexto da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, com o desejo que as reflexões aqui levantadas no sirva de base para questionamentos voltados a Educação do aluno surdo, ampliando sua inclusão e motivação no ambiente escolar, intercambiando ideias principalmente sobre as questões sócio culturais e as diversidades que abrangem o conhecimento dentro e fora do ambiente escolar, tornar a imparcialidade como um direcionamento de ações que integralizara os surdos e os ouvintes dentro do processo de formação intelectual tornando prazerosa e eficaz o entendimento e aprendizado.

As prerrogativas e questionamentos nos levam a meditar sobre como a ética aproxima-se da Educação e o mesmo tempo torna-se obscura em alguns momentos, principalmente quando sofre uma imposição externa ao desempenho e a transmissão da informação e do conhecimento.

 

REFERÊNCIAS

 

 < www.fara.edu.br/site/servicos/downloads/colecao/etica.pdf  > acesso 13/08/2014.

 

< http://www.theoria.com.br/edicao0212/etica_de_taylor.pdf  > acesso em 13/08/2014.

FREIRE, Paulo: Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. – São Paulo: Paz e Terra, 1996.

<http://www.artigonal.com/administracao-artigos/etica-resumo-1495547.html. >          Acesso 14/08/2014.

< http://www.aedb.br/seget/artigos07/857_formacao 2007resende.pd >  acesso 14/08/2014.

Política e educação : ensaios / Paulo Freire.  – 5. ed  -São Paulo, Cortez, 2001.(Coleção

Questões de Nossa Época ; v.23).

< http://www.deafmall.net/deaflinx/edcoe.html > (2002).

< http://www.deafmall.net/ >  acesso 19/08/2014.

QUADROS, Ronice Muller De, O tradutor e Interprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos, - Brasília, 2005.

< http://www.brasilescola.com/sociologia/o-que-etica.htm > acesso 21/08/2014.

< http://conceito.de/etica > acesso 21/08/2014.

< http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/qualidade_da_educacao.pdf > acesso 21/08/14.

< http://www.senac.br/BTS/361/artigo2.pdf > acesso em 21/08/14.

<http://cienciahoje.uol.com.br/categorias?listasubject=Educa%C3%A7%C3%A3o%20cient%C3%ADfica >  acesso 21/08/2014.

< http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-alfabetizar-letrar/lecto-escrita/teorias-teoricos/paulo-freire-educacao.pdf > acesso 21/08/14.