Ética, filosoficamente, reveste o caráter de uma pessoa, que pode diferenciar o certo do errado, o bem do mal, o justo do injusto. Deve, teoricamente, ser um conceito universal. Aristóteles, sabiamente, ensinava que a ética é necessária para formar um homem "virtuoso", aquele capaz de produzir apenas ações orientadas para o bem e à felicidade. A moral, entretanto, varia de uma cultura para outra, pois é formada pelos valores de cada grupo social. A moral não é única, pois é resultado da interação do indivíduo com os costumes de cada região. A ética e a moral são essenciais para que uma pessoa se conduza, pessoal e profissionalmente, pela ação correta, pela não-violência, pelo exemplo, com ações equilibradas e conscientes, de forma conciliadora e com responsabilidade pessoal. De fato, é elemento de dignidade, de respeito à pessoa humana.
A globalização, permitida pelos acessos à rede mundial, cria condições para que morais diferentes sejam conhecidas e que, individualmente, interagem com cada internauta conectado. Este cyber space promove uma nova forma de relacionamento humano, que paradoxalmente, une as pessoas e culturas. Paradoxal porque aproxima, neste mundo imaginário (ou não!), pessoas que não se conhecem e que podem valorar a moral de forma diferente, em grupos de relacionamento, chats etc. Esta interação termina por criar convenções morais que podem ser diferentes do local onde o "ser conectado" vive fisicamente.
Esta "interação moral cibernética", constituída pela moral individual de cada internauta e pela diversidade cultural, permitirá a construção de uma "ética global"? Este é o verdadeiro desafio da world wide web, onde anônimos ou não, invadem e permitem a invasão de sua intimidade e, ao mesmo tempo, recebem uma enorme quantidade de informações morais ou não. Tais costumes podem formam novos valores, criando uma nova ordem moral. O cyber space influencia a formação da moral, pois apresenta qualquer tipo de comportamento, certo e errado.
Para criar esta "ética global", os internautas precisam, portanto, recorrer, novamente, a Aristóteles: "É importante buscar um meio racional na vida de verdadeiras virtudes e orientar as ações na direção de um equilíbrio entre os extremos viciosos". Somente a virtude leva uma pessoa a ser boa!
Jefferson de Almeida é doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e foi professor de ética no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores "Cel PM Nelson Freire Terra", da Polícia Militar do Estado de São Paulo.