Uma coisa que me provoca muita admiração em época de eleição é a atuação da militância. Sejam os que agem por vocação, por acreditar, por ideologia e, óbvio, alguma parte só por dinheiro, esses exércitos dão cor e brilho especiais para as campanhas. Exagerada ou comedida, ali sempre está a militância para não deixar seus candidatos esmorecerem, não deixarem “a peteca cair”, como dizem alguns.

 Ao menor sinal de cansaço, é só o candidato olhar de lado para ver bandeira tremular incansável, ver braços e pernas se multiplicando nas caminhadas para entregas de panfletos, nas argumentações que defendem pontos de vistas ou desfazem boatos. É participação coletiva, mas cada militante traz para si a responsabilidade como se fosse o único a defender algo ou alguém em quem acredita.

 Confesso que, nesta época, não me contento apenas em observar militâncias. Mesmo com meu meio século de vida, busco participar ativamente e com o mesmo entusiasmo juvenil e sonhador com que fazia no final dos anos 70, quando só sonhávamos em modificar o mundo. Olhando hoje, sentimos que muito conseguimos e o melhor é que a esperança nos move a conquistar e melhorar ainda mais.

 No fundo, ser militante é ser o andante Quixote em busca de um mundo ideal. Quem sabe vida de militante se resuma na frase: “... da realidade, moinhos a vencer...”, dita por Oswaldo Montenegro na música “Retrato - Poeta maldito, moleque vadio”. Toda luta por justo ideal é valida, quanto as guerras, elas não valem mesmo a pena.

 Lamentável é que do jeito que algumas coisas andam brabas ultimamente, acredito que certo mesmo estava João Bosco ao dizer, em 1976, na música “O Cavaleiro e os moinhos”: “... meu companheiro, tá armado até os dentes, já não fazem moinhos como os de antigamente”