Introdução:
A hepatite B consiste em um problema de saúde pública1. De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de dois bilhões de pessoas já foram infectadas pelo vírus da hepatite B (VHB), dentre essas pessoas 235 milhões se tornaram portadores crônicos (persistência sem melhora, por no mínimo seis meses). Na América do Sul o nível de prevalência é considerado intermediário, entre 2% a 7% são portadores crônicos e 20% a 50% se tornaram imunes à doença1.
A hepatite B pode ser transmitida de forma parenteral, vertical, sexual e forma de continuidade e podem ser classificadas de acordo ao grau de endemicidade: baixo, intermediário ou alto1. Nas áreas de baixa endemicidade, adolescentes e adultos são os mais expostos a risco de infecção pelo VHB, ocorrendo à transmissão por exposição a sangue e fluidos corpóreos1. Em locais de endemicidade intermediária a transmissão ocorre em todas as idades, concentrando-se em crianças em faixas etárias maiores, adolescentes e adultos, também por exposição a sangue e fluidos corpóreos, através de contato sexual e/ou uso de drogas injetáveis. Já nas áreas de alta endemicidade a maioria das infecções ocorre na infância precoce, sendo o risco de persistência do VHB na criança bastante elevado e inversamente relacionado à idade do início da infecção1.
No Brasil, segundo Boletim do Centro Nacional de Epidemiologia, ocorrem os três padrões de distribuição da hepatite B: alta endemicidade na Região Amazônica, alguns locais no Estado do Espírito Santo e de Santa Catarina; endemicidade intermediária nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e baixa endemicidade na região Sul1.
O Brasil é classificado como região de baixa incidência, pois apresenta índices inferiores a 2%2, sua taxa de mortalidade por hepatite B é de 0,6 por 100 000 habitantes e sua taxa de letalidade dos pacientes hospitalizados é de 0,8 a 2%3.
O número de incidência de hepatite B no Nordeste no ano de 2006, entre as faixas etárias 10-19 e 20-69, foi de 2,02% para a primeira e 11,6% para a segunda. Enquanto na Bahia os casos de hepatite B, avançam entre 2,6% e 5%, acometendo 600.000 a 700.000 indivíduos de uma população de 14.016.906 (IBGE-2010). 4

Métodos:
Os dados utilizados para desenvolvimento do estudo foram retirados do DATASUS, onde foram geradas tabelas dos casos confirmados, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, da Hepatite B nos anos de 2008 e 2009 no Município de Lauro de Freitas tomando como base a população residente por sexo e faixa etária. A partir dessas tabelas, foram feitos os cálculos de incidência. Para comparação da incidência no Município de Lauro de Freitas e outros estados do Brasil, foram utilizados dados dos artigos7,8.

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Resultados:
O Município de Lauro de Freitas compõe a Região Metropolitana de Salvador (RMS) do estado da Bahia. Segundo o IBGE no ano de 2010, sua população é estimada em 163.449 habitantes espalhados em quase 57,68km², resultando em aproximadamente 2.833,43hab./km²4. O município é dono do segundo PIB que mais cresce no país (ano de 2008, de R$15.032,36) e é considerado também o quarto município que mais gerou empregos no ano de 20095. Um dos municípios mais industrializados da Bahia, ocupando a 3ª posição entre eles.
De acordo aos dados do Sistema de Notificação de Agravos e Notificação (SINAN), no ano de 2008, quanto ao sexo e faixa etária, 3,53/100000 hab. pertenciam ao sexo masculino e 3,24/100000 hab. ao sexo feminino, e abrangendo os dois sexos apresentou uma incidência de 3,38/100000 hab. entre 20 a 39 anos. Enquanto que entre 40 a 59 anos, 7,01/100000 hab. pertenciam ao sexo masculino e 6,21/100000 hab. ao feminino e unindo os dois sexos 6,59/100000 hab. Já no ano de 2009, não houve casos confirmados no sexo feminino, havendo 100% de redução em relação ao ano de 2008. Tendo somente no sexo masculino com 10,3/100000 hab. entre 20 a 39 anos, apresentando um aumento de 68% em comparação ao ano anterior e 27,1/100000 hab. dos casos entre 40 a 59 anos, tendo um aumento de 74% ao ser comparado com o ano de 2008.


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Sexo
Faixa Etária
Masculino Feminino
Nx100000 N x100000 Total N x100000

20-39 anos 1 3,53 1 3,24 2 3,38

40-59 anos 1 7,01 1 6,21 2 6,59










Tabela 2. Incidência de Hepatite B em Lauro de
Freitas no ano de 2009 por faixa etária e sexo.
Sexo
Faixa Etária
Masculino Feminino
Nx100000 N x100000 Total N x100000

20-39 anos 3 10,3 - - 3 10,3

40-59 anos 4 27,1 - - 4 27,1
























Discussão:
No estado de Santa Catarina a incidência de hepatite B no período de 1996-2001 foi de 41,62/100.000 hab. nos homens e 23,15/100.000 hab. nas mulheres. A partir de 2002 a incidência em mulheres mostrou-se maior, mantendo-se assim até o ano de 2004, incidência nos homens e nas mulheres de 15,6/100.000hab. e 20,99/100.000 hab. respectivamente.7 Se comparado a Lauro de Freitas, percebemos que a incidência é maior e que houve uma redução considerável inversa nos perfis. Enquanto em Lauro de Freitas, do ano de 2008 para 2009 apresentou uma redução de 100% nos casos do sexo feminino, o estado de Santa Catarina apresentou uma redução de 62% dos casos no sexo masculino. Percebemos também que o município de Lauro de Freitas apresenta menores índices em relação à Santa Catarina.
No estado de Pernambuco a incidência quanto ao sexo, no período de 2001-2006, cerca de 54% pertenciam ao sexo masculino enquanto cerca de 46% dos casos notificados pertenciam ao sexo feminino. Quanto a faixa etária observamos que cerca de 71% dos casos se encontram na faixa etária dos 0 a 19 anos, cerca de 13% entre os 20 a 39 anos, cerca de 10 % entre os 40 e 59 anos e o restante acima de 60 anos.8 Se analisarmos esses dados, juntamente com os de Lauro de Freitas, veremos que eles concordam no momento em que a incidência no sexo masculino é maior, porém discordam na faixa etária, pois enquanto Pernambuco apresentou notificações nas idades de 0-19, em Lauro de Freitas não foram encontrados dados nessa faixa etária e discordam também no momento em que a incidência em Pernambuco é maior na faixa etária dos 20-39 e menor na de 40-59, pois em Lauro de Freitas, apresentou-se o contrário.







Conclusão:
De acordo com os dados obtidos, o município de Lauro de Freitas apresentou índices baixos e resultados positivos, pois não apresentou nenhum índice de letalidade e mortalidade, porém não podemos afirmar que esses dados nos dizem a verdadeira realidade da hepatite B em Lauro de Freitas, pois podemos interpretar de duas formas: positiva ou negativa. Se analisado positivamente, nos diz que possui equipes capacitadas, que a prevenção e que o tratamento vem tendo eficácia, evitando ao máximo que atinja a forma crônica da doença. Porém se analisado negativamente, podemos afirmar que as pessoas não estão tendo acesso, nem mesmo informação sobre a doença, impedindo a notificação. Outro fator que deve ser levado em consideração é que a hepatite B tem seu período assintomático. Como no ano de 2008 o número de notificação foi menor que 2009, podemos deduzir que pessoas que não apresentavam sintomas em 2008, começaram a apresentar em 2009, aumentando o número de notificações. Portanto para chegarmos a uma conclusão mais concreta temos que levar em consideração o grau de organização e implantação do sistema de saúde, juntamente com a cobertura vacinal. O que ainda é a melhor medida para a prevenção e promoção da saúde.



Referências:


1. Vranjac, Alexandre; Centro de Vigilância Epidemiológica. Guia de orientações técnicas, hepatites B e C. Publicado em: Secretária de estado da saúde. Pag. 1-53.
2. R7 Notícias. Brasil tem baixa Incidência de Hepatite b. Acesso em junho de 2011. Disponível em http://noticias.r7.com/
3. Saber viver. Ministério divulga dados de Hepatites virais. Acesso em: 03 de jun. de 2011. Disponível em: http://www.saberviver.org.br
4. HPortuguês.Incidência da hepatie B na Bahia. Acesso em : 03 de jun. 2011. Disponível em: http://www.hportugues.com.br/noticias/atual/docimagebig.2011-05-04.4502302812
5. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Indicadores de saúde e econômicos. Acesso em: 03 de jun. de 2011. Disponível em: http://www.ibge.gov.br
6. Ministério da Saúde. Datasus. Incidência e casos confirmados de Hepatite B em Lauro de Freitas. Acesso em: 08 de maio 2011. Disponível em: http://www.datasus.gov.br
7. De Souza, Denise Erig Rocha; Panizzi, Mirvaiane; Cavalcanti,Laura; Dal?ri , Mariana; Sakae, Thiago Mamôru. Incidência de Hepatite B e Vacinação no Estado de Santa Catarina. Brasil, 1996-2004. Publicado em: Arquivos Catarinenses de Medicina. Pag. 1-5.
8. Vieira, Antonio Odael da Silva Martins; De Melo, Sueme Maria; De Lima, Maria Luiza Carvalho; Arcoverde, José Helton Vasconcelos. Incidência da Hepatite b no estado de Pernambuco no período de 2001 à 2006. Pag. 1-3.
9. Chavez, Juliana Helena; Campana, Sabrina Gonçalves;
Haas, Patrícia. Panorama da hepatite B no Brasil e no Estado de Santa Catarina. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 14(2), 2003. Pag. 1-6.