Bruna Ferreira de Lima Silva e Rosely Silva do Nascimento 1

Robson Nascimento da Mota 2


1 Alunas do curso de Bacharelado em Turismo da Faculdade Maurício de Nassau. E-mail: [email protected] e [email protected]

2 Professor orientador. Bacharel em Turismo, Mestre em Gestão e Políticas Ambientais, professor do curso de Turismo da Faculdade Maurício de Nassau e das Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão – FAINTVISA e coordenador do curso de Turismo da Faculdade do Vale do Ipojuca – FAVIP. E-mail: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado pela exigência da disciplina de Turismo, Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, no quarto período do curso de Bacharelado em Turismo, sob orientação do Professor Robson Mota.

Diante da idéia de que o turismo necessita do meio ambiente para se desenvolver, é de fundamental importância estuda-lo, a fim de planejá-lo para o desenvolvimento de qualquer atividade turística.

Por meio desta pesquisa pôde-se buscar e identificar as possíveis conseqüências da atividade turística no ambiente, principalmente no que se refere às ecológicas.

Em suma, tornou-se relevante a pesquisa para saber e entender os aspectos turísticos no local e se tal fluxo provoca impactos ecológicos na praia de Piedade.

A problemática deste trabalho consiste em mostrar os impactos ecológicos na praia de Piedade a partir da atividade turística, obtendo-se como hipótese, que seja qual for a atividade turística, traz agregada consigo os seus respectivos impactos. Os mesmos impactos podem ser responsáveis por prejudicarem ou não a prática da atividade in loco.

Para se chegar ao objetivo geral, que visa mostrar os impactos ecológicos, provocados pelo fluxo turístico na praia de Piedade em Pernambuco, têm-se os específicos que são, levantar os impactos mencionados na literatura, identificar o resultado dos impactos ecológicos no local e caracterizar o mesmo.

Após a definição do tema de estudo, foi realizada a pesquisa bibliográfica, visando a contextualização da fundamentação teórica, com bibliografias especializadas em turismo, conforme explica Gil (2002, p.44) “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos...boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas.”  Foram também feitas análises de quaisquer registros que possam ser usados como fonte de informação, e o desenvolver do trabalho acarretou a pesquisa em páginas eletrônicas. Em seguida, para obter informações sobre a problemática em questão, foi realizada pesquisa em campo através de questionários, para embasar a análise de fatos ou fenômenos, para assim obter maior aprofundamento das questões propostas, segundo Gil (2002).

Faz parte de todo e qualquer ser humano o desejo de se sentir bem e cuidar do corpo físico e desta forma se utilizar do turismo provocando este deslocamento, que o mesmo está desligado de qualquer atividade remunerada, onde segundo Sechwink apud Barretto (1995) turismo é “movimento de pessoas que abandonam temporariamente o lugar de residência permanente por qualquer motivo relacionado com o espírito, o corpo ou a profissão” (p.10)

O turismo é uma atividade que não se realiza por si só, necessita de um conjunto bem mais amplo, que simplesmente turista e local a ser visitado. Para que a atividade turística possa acontecer, depende da reunião de todos os elementos que estejam diretamente e indiretamente ligados a atividade, para tanto Fuster apud Barretto (1995, p.11) afirma que: “Turismo é, de um lado, conjunto de turistas, do outro, os fenômenos e as relações que esta massa produz em conseqüência de suas viagens(...)”

O ser humano possui uma relação com o meio, e por isso, é necessário uma certa conscientização para que tanto os turistas quanto os residentes locais saibam dos seus limites, até onde podem ir quando a questão é meio ambiente, ou mais propriamente dito, quando se trata da questão ecológica. Vale ressaltar que, qualquer atividade turística que venha a se realizar, depende do meio para que venha a se desenvolver, necessitando ao mesmo tempo da harmonia do mesmo. Tal fato, muitas vezes não acontece, o homem não tem esse respeito com o meio, conforme explica Beni na citação abaixo:

O homem precisa da ocupação e da exploração do espaço natural para a satisfação de suas necessidades mínimas, e, na medida em que percebe que esse grupo não satisfaz tende a manipulá-lo irracionalmente de maneira que vai traçando um espaço cultural até agora abstrato, porque não está situado com respeito as condições do meio ambiente global e muito menos em relação às leis da natureza. (2006, p.54).

É necessário entender que o meio é bem mais amplo que a natureza, e que todos os fatos, acontecimentos são refletidos nesse meio, conforme afirma Cooper (2001, p.184) “...no momento em que a atividade turística acontece, o ambiente é inevitavelmente modificado, seja para facilitar o turismo ou durante o processo turístico.”

Em relação ao ambiente a ser estudado é importante ressaltar que, “A praia de Piedade, considerada urbana, localiza-se no município de Jaboatão dos Guararapes.”, segundo site Guia do Recife e Pernambuco. Ainda sobre a praia de Piedade, encontrou-se também através de página eletrônica que a mesma “[...] tem 4,5 km de extensão, vizinha à praia recifense de Boa Viagem. Muitos bares e restaurantes, hotéis de luxo e outros equipamentos.”, conforme site Pernambuco de A/Z.

Quanto ao referencial teórico, para a realização do presente artigo, foram utilizadas algumas bibliografias relacionadas ao assunto abordado, no projeto de pesquisa consultou-se as obras de Barreto (1995), Beni (2006), Cooper (2001), Gil (2002), além das páginas eletrônicas, Guia do Recife e Pernambuco e Pernambuco de A/Z. Quanto ao texto de contextualização do local em estudo, além do Jornal do Comércio do dia 30 de agosto de 2007, com a matéria Jaboatão contra a maré, foram utilizadas páginas eletrônicas da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e Guia do Recife e Pernambuco. No texto acerca do conceito de Turismo foram utilizados, Dias (2003), Lickorish e Jenkins (2000), Barreto (1995) e Sancho (2001). E por fim, no texto acerca do conceito de impactos utilizou-se Beni (2006), Dias (2003), Lickorish e Jenkins (2000), Mirra (2006), OMT (2003), Ruschmann (1997) e Sancho (2001).

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 CONTEXTUALIZANDO A PRAIA DE PIEDADE

O Município de Jaboatão dos Guararapes encontra-se localizado no Litoral da Zona da Mata do Estado de Pernambuco, numa distância de 18 km da cidade do Recife, possuindo 263 km2 , segundo informações dos sites da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e Guia do recife e Pernambuco. Ainda conforme o site da Prefeitura, o município “Limita-se ao Norte com a cidade do Recife e o Município de São Lourenço da Mata, ao Sul com o Município do Cabo de Santo Agostinho, a leste com o Oceano Atlântico e a Oeste com o Município de Moreno.”

O Município é considerado o Berço da Pátria pelo fato de ter sido cenário das principais batalhas de resistência ao poderio holandês da região, ocorridas no Monte dos Guararapes. Sua população é de 581.556 habitantes (Censo de 2000/2001), possuindo um clima “...quente e úmido, com chuvas predominantes de outono – inverno.”, e o mesmo ainda é dividido em três distritos, o de Jaboatão dos Guararapes, Jaboatão e Cavaleiros, conforme sites mencionados acima.

É no distrito de Jaboatão dos Guararapes, que encontra-se situada a sede da Prefeitura, no bairro de Prazeres, o distrito possui uma população de 326.321 habitantes, com práticas do comércio e da agricultura como principais atividades econômicas. Dando ênfase ao distrito de Jaboatão dos Guararapes por se tratar da parte litorânea do município, que  dispõe de uma orla de 7 km de extensão, dividida pelas praias de Venda Grande, Candeias, Barra e Piedade, esta última a qual daremos enfoque ao decorrer do texto. O distrito ainda dispões de fácil acesso através da BR-232 e BR-101, ficando a uma distância de 13 km do Porto do Recife, 36 km do Porto de Suape e a apenas 2 km do Aeroporto Internacinal dos Guararapes. Contando também com a construção de um metrô de superfície, cujo ligará Cajueiro Seco ao Centro do Recife, segundo informações contidas no site da Prefeitura do referido Município.

Como mencionado anteriormente, é no distrito de Jaboatão dos Guararapes que está localizada a praia de Piedade, local de estudo. Sua orla possui cerca de 4,5 km de extensão e está a uma distância de 1,5 km do município de Jaboatão dos Guararapes. Encontra-se localizada entre as praias de Boa Viagem e Candeias, ao Norte e ao Sul, respectivamente. Está em uma área que é a mais urbanizada da cidade, margeada por hotéis e prédios de luxo, “...sua vegetação é composta por coqueiros existentes nas residências da orla. Suas areias são finas e de tonalidade clara. Boa para o banho, apresenta média profundidade e intensidade de maré com um recuo de aproximadamente 50m.”, segundo site da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. A prática do surf é proibida nesta praia, por se tratar de mar aberto, propiciando nas áreas mais profundas a presença de tubarões, mas o banho de mar não causa nenhum risco. No seu entorno, encontra-se uma infra-estrutura composta por restaurantes, boates, bares, ambulantes, hotéis e entre outros recursos. A Igreja de Nossa Senhora de Piedade, que possui grande importância histórica e um rico potencial cultural, vem a acrescentar a orla de Piedade, de acordo com site mencionado acima.

Ainda sobre a Praia em estudo, segundo informações do Jornal do Comércio do dia 30 de agosto deste mesmo ano, a mesma vem passando por alguns impactos naturais, com ocorrência de marés altas e avanço do mar, que ocasionam erosão, vem conseqüentemente prejudicando a orla, hotéis e prédios que a margeiam, com isso está deixando todos preocupados e em total desconforto.

Assim encontra-se caracterizada a Praia de Piedade, localizada no distrito de Jaboatão do Guararapes.

2.2 ANALISANDO OS CONCEITOS DO TURISMO

Entende-se por turismo a estada de pessoas fora do seu entorno habitual, na finalidade de realizar atividades onde o mesmo permaneça “in loco” por um determinado período de tempo em busca de satisfação pessoal, conforme Sancho (2001, p.38) menciona através do conceito adotado pela OMT (1994): “O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”.

Em sentido de complementação, como forma de abranger ainda mais a atividade turística, Lickorish e Jenkins (2000) afirmam que o turismo vai além de uma atividade econômica, envolve vários setores e fenômenos, requerendo dados de natureza econômica, cultural, social e ambiental, tendo em vista que trata-se de uma atividade de múltiplas faces.

Conforme o contexto e com base nos autores citados, percebe-se que o conceito do turismo é uma questão muito ampla, variando de autor para autor, onde de certa forma um complementa o outro. Tendo isso em vista e com base no que foi dito no decorrer do texto, como forma de confirmar, pode-se observar no que diz Dias a respeito do conceito de turismo:

 É o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao de seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, com o objetivo de lazer, negócios ou outros motivos, não relacionados com uma atividade remunerada no lugar visitado. Importante assinalar que o turismo compreende todas as atividades dos visitantes, tanto de turistas como excursionistas. (2003, p.45)

E desta forma, Dias vem mostrar que o turismo compreende toda e qualquer atividade desenvolvida pelos visitantes na localidade visitada.

Vale ressaltar que, a prática da atividade turística significa deslocar-se do seu entorno habitual, utilizando-o dos seus componentes, frisando que a permanência esteja desvinculada de qualquer atividade lucrativa, segundo afirma Hunziker e Krapf apud Barretto (1995, p.11): “Turismo é o conjunto das relações e dos fenômenos produzidos pelo deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local de domicílio, sempre que ditos deslocamentos e permanência não esteja motivados por uma atividade lucrativa.”

 

Como forma de uma maior confirmação do que foi mencionado pelos autores do parágrafo anterior, o turismo se dá a partir de visitas temporais a determinado lugar que não faça parte do seu entorno habitual, sendo esta realizada por qualquer motivo, menos que esteja relacionado com atividade remunerada, como também afirma Burkart e Medlih apud Lickorish e Jenkins (2000).

Diante de diversos conceitos que foram mencionados no decorrer do texto, percebe-se que todos os autores citados definem o turismo praticamente de uma mesma forma, apenas aprimorando e completando-os uns aos outros, onde procuram enaltecer e fundir o conceito de turismo, para mostrar a tal importância da atividade. Foi citado por todos os autores no texto que o turismo é uma atividade em que a motivação tem que está desagregada a atividade remunerada, entretanto desta forma vale ressaltar que a partir do momento em que o visitante viaja para determinado lugar com a motivação de atividade lucrativa ele também estará de certa forma movimentando a atividade turística por este ser um setor que provoca o efeito multiplicador. Desta forma sendo motivados por atividade remunerada ou não o visitante vai desenvolver e movimentar a atividade, na qual envolve os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais do local a ser visitado, mostrando assim a relevante importância do turismo.

2.3 CONCEITUANDO IMPACTOS E REFLETINDO ACERCA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Qualquer atividade econômica com finalidade de desenvolvimento gera impactos, na qual os mesmos têm origem em um processo de mudanças, de acordo com a explicação de Ruschmann (1997) e Sancho (2001). Também como forma de complementar e explicar ainda mais o que foi dito, Sancho afirma:

A realização de toda atividade econômica envolve a utilização de recursos e, em conseqüência, o entorno, no qual se realiza, é obrigatoriamente afetado. De outro lado, qualquer mudança no entorno do homem pode trazer um impacto positivo ou negativo ao seu bem-estar. (2001, p. 227)

Pode-se destacar para melhor entendimento do que foi mencionado acima, a respeito do entorno e desenvolvimento, a explicação de Bartelmus apud Sancho (2001): “o entorno, considerado como aquelas “condições e influências que se inter-relacionam com o homem” -; e o desenvolvimento visto como “um processo para melhorar o bem-estar humano, estão estreitamente relacionados.” (p.227).

Com isso, observa-se que impacto está relacionado ao meio, seja ele natural ou não. Fica evidente que o impacto tem relação com o meio ambiente, e este com o turismo, no sentido que seus recursos são atrativos para o turismo, estando eles inter-relacionados, segundo menciona a OMT (2003). Podendo-se concluir depois de todo esse estudo sobre impacto, que o desenvolvimento da atividade turística causa impactos tanto positivos quanto negativos ao meio ambiente.

Desta forma, com base no que foi dito a respeito do que se trata impacto, fazendo uma ligação com o meio ambiente, chega-se a conclusão que impactos ambientais são as mudanças a partir do desenvolvimento da atividade turística no meio ambiente, segundo Lickorish e Jenkins (2000), no qual continuam defendendo que não é apenas o desenvolver da atividade que gera a degradação do meio, e sim a falta de planejamento para a prática da atividade. O mesmo ainda confirma dizendo: “O desenvolvimento do turismo e o uso de uma área geram impactos ambientais. É essencial que esses relacionamentos sejam compreendidos afim de se planejam, desenvolverem e gerenciarem os recursos adequadamente.” (LICKORISH e JENKINS, 2000, p. 117)

Ainda a respeito dessa noção de impacto ambiental, a regulamentação do CONAMA (apud MIRRA, 2006, p.28), expressa no art. 1º da Resolução n. 001/1986 define:

(...) considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I-        a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II-      as atividades sociais e econômicas;

III-    a biota;

IV-    as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V-      a qualidade dos recursos ambientais.

Já Beni afirma que:

O homem precisa de ocupação e da exploração do espaço natural para a satisfação de suas necessidades mínimas, e, na medida em que percebe que esse espaço não o satisfaz, tende a manipulá-lo irracionalmente, de maneira que vai traçando um espaço cultural até agora abstrato, porque não está situado com respeito as condições do meio ambiente global e muito menos em relação às leis da natureza.

Ainda que o homem tenha adquirido a capacidade de alterar em grande escala os ecossistemas, ele o faz sem avaliar e dimensionar formal e irracionalmente – no sentido de planejamento integrado – o impacto causado por total perturbação. (2006, p.54)

Em suma, se faz necessário estudar quais são esses impactos, a fim de encontrar formas adequadas do uso do meio para o desenvolvimento da atividade turística. Segundo Ruschmann: “É preciso ressaltar que todas as intervenções do turismo não se traduzem, necessariamente, na agressão ou na degradação do meio ambiente natural.” (1997, p.56).

A autora supra citado ainda continua confirmando através de suas afirmações, que o desenvolvimento da atividade turística em ambientes naturais trazem algumas vantagens, na forma em que criam programas de conservação e preservação das áreas naturais, sítios arqueológicos e também de monumentos históricos. Ao mesmo tempo que também afirma que: “Ecologicamente, percebe-se uma utilização mais racional dos espaços e a valorização do convívio direto com a natureza.” (Ibidem, p.57)

 

São vários os autores que mostram essa importância da atividade turística como forma de impactos positivos no meio ambiente. A OMT trata essa questão como: “Ajuda a melhorar a qualidade ambiental geral das áreas, pois os turistas gostam de visitar lugares que sejam atrativos, limpos e não-poluídos. A melhoria da infra-estrutura do turismo também contribui para uma maior qualidade ambiental.” (2003, p.105). Na medida que confirma Sancho (2001), explicando que um entorno bem conservado tem certo valor para a atividade turística, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento da economia local e do país, tornando assim evidente a importância do desenvolvimento do turismo, contribuindo ainda para a revalorização do meio ambiente e entorno de uma determinada região. 

Desta forma Lickorish e Jenkins procuram esclarecer dizendo: “Se bem planejado e controlado, o turismo pode ajudar a manter e a melhorar o meio ambiente de várias formas...” (2000, p.120). Citando em sua obra que a melhoria na qualidade ambiental, melhoria no meio ambiente e melhoria na infra-estrutura, são impactos positivos evidentes e notáveis no meio em que a atividade turística está sendo desenvolvida. Melhorando estes através de incentivos de cuidar do meio, através do controle da água, ar, problemas com o lixo, poluição sonora, entre outros, além de incentivar também a melhoria da estética ambiental, segundo ressaltam os autores mencionados acima.

Outro fator importante e que traz um impacto positivo muito importante para o meio ambiente, é a contribuição financeira com origem na atividade turística, através dos turistas, podendo ser utilizadas para pagar gerenciamento e proteção das áreas mais prejudicadas do ponto de vista ambiental. Estes através da renda gerada pela cobrança de ingressos em algumas áreas ou parques ecológicos ou outras formas de contribuição direta, conforme explica Dias (2003).

De acordo com o autor supra citado, ainda coloca em destaque que a atividade contribui para o aumento da consciência ambiental. Este fato se explica na medida que o turista tem um maior contato com o ambiente natural, compreende-o e descobre sua tal importância, o mesmo desenvolvendo uma forma de conscientização desse problema. Da mesma forma que pessoas que trabalham a atividade predatória podem torna-se guias turísticos, contribuindo dessa forma para a conservação ou até mesmo preservação, com isso gerando empregos alternativos. Também com o controle da atividade turística e do movimento dos visitantes nas áreas protegidas, pode limitar os impactos sobre o ecossistema e ainda diminuir os impactos negativos sobre os recursos.

Como conseqüência do desenvolvimento da atividade turístico no ambiente natural, Dias continua a afirmar:

O governo arrecada contribuições financeiras das mais variadas formas de toda e qualquer atividade turística...Há impostos e taxas, licença para o exercício de diversas atividades, que vão possibilitar que os governos atuem para gerir os recursos naturais que serão utilizados pelo turismo. O dinheiro arrecadado pelo governo pode ser destinado para qualquer atividade ou programa de conservação... (2003, p.98)

 

 

Sendo estas, contribuições financeiras obtidas de fontes governamentais, mais uma forma de benefício que a atividade traz para o meio ambiente, segundo retrata o autor supra citado.

Em contra resposta aos impactos positivos, encontram-se os impactos negativos conforme explica Lickorish e Jenkins (2000) ao falar da poluição da água, ar, sonora e visual. Respectivamente falando, a poluição das águas inicia-se a partir da falta do planejamento de um sistema de tratamento de esgoto para construções de hotéis e resorts nas proximações ou nas próprias áreas costeiras, permitindo desta forma ao efluente poluir os lençóis d água subterrâneas e parques aquáticos. O desenvolvimento da atividade gera a poluição do ar, através do crescimento do fluxo de turistas que poluem de forma direta as ruas com o aumento de lixo e poeira. Segue-se desta forma a poluição sonora, que se dá com o aumento de barulho na localidade produzido pelo crescimento deste mesmo fluxo. Já a poluição visual é resultado das variadas projeções construídas, deixando os prédios fora da arquitetura local, e provocando uma descaracterização do lugar, com o intuito de deixar o meio mais confortável ao turista, e ainda o excesso de campanhas de publicidade nas ruas, em padrões diferenciados resultando em um ambiente aversivo ao turista.

Como citado anteriormente sobre a poluição visual, gerada por falta de um planejamento paisagístico acaba por resultar em um outro impacto, segundo Sancho descreve:

Além dos impactos estéticos e paisagísticos, esse tipo de desenvolvimento arquitetônico provoca segregação dos moradores locais, especialmente nos países menos desenvolvidos, onde a população receptora não dispõe de recursos suficientes para ceder às facilidades turísticas. (2001, p. 231).

Da mesma forma que mencionado acima, na citação de Sancho, o surgimento de resorts além da descaracterização do local, tem provocado cinturões de isolamento da comunidade local.

Ainda sobre a questão dos impactos negativos no ambiente, decorrentes da prática da atividade turística em determinado local, Lickorish e Jenkins ainda explica que alguns outros impactos, como a superlotação e congestionamento de áreas que promovem manifestações populares, gera uma aversão que parte dos residentes aos turistas.

Um outro importante impacto negativo, desta vez mencionado por Ruschmann (1997) são as barreiras sociopsicologicas, que ocorrem em residentes e turistas. Nesta, não há por parte dos residentes interesse de interagirem com os turistas, e os mesmos são vistos apenas como fonte de geração de dinheiro para a localidade, o autor continua explicando que a atividade turística gera capital para as comunidades, porém esse dinheiro se concentra apenas nas mãos dos organizadores do núcleo receptor, e a mão-de-obra não capacitada ao turismo se concentra apenas a uma pequena parcela desse capital turístico.

A utilização inadequada de atividades realizadas pelo aumento do fluxo turístico em áreas naturais, como a prática de esportes em regiões montanhosas, por exemplo, além de degradar a flora e fauna, gera o que chamamos de erosão da região, como se pode observar no trecho:

Nas regiões montanhosas, a proliferação de atividades esportivas com “mountain bikes”, jipes, motocicletas, etc. além de perturbar a tranqüilidade do entorno, afetando o habitat natural, a flora e fauna, ocasiona graves problemas de erosão. (SANCHO, 2001, p. 233 )

Lickorish e Jenkins (2000) ressaltam o dano a locais históricos e arqueológicos ambientais, por meio do vandalismo praticado pelos turistas e uso inapropriado para a prática de atividade.  O crescimento da atividade turística gera o que chamamos de rivalidade na utilização de recursos naturais, e resulta na retirada de espaços que poderia ser utilizado como fins de outras atividades, como a agricultura, por exemplo, afirma Sancho (2001). Pode-se observar também na mesma obra o despejo e a forma de tratamento inadequado do lixo, uma vez que os valores são altíssimos, vem crescendo o número de depósitos de lixo, onde o tratamento não vem ocorrendo de forma coerente.

Como se pode observar em todo o texto e segundo confirmação de Lickorish e jenkins (2000), os impactos continuam a existirem a partir da ruptura ecológica através do uso de forma inadequada e abusiva de ambientes naturais frágeis por parte principalmente do aumento do fluxo turístico.

Em suma, conclui-se que se por um lado a prática da atividade turística é responsável pelo desenvolvimento e preservação do meio, por outro lado a atividade quando mal planejada se torna responsável por trazer danos através dos impactos negativos, muitas vezes até irreversíveis a natureza.

3 CONCLUSÃO

Foram aplicados 50 formulários junto a população e comerciantes locais da Praia de Piedade, município de Jaboatão dos Guararapes, onde antes de se analisar a pesquisa, faz-se importante analisar o perfil dos entrevistados.

Dos entrevistados, 52% eram do sexo masculino e 48% do sexo feminino, onde 24% possuem uma faixa etária de 18 a 25 anos, 28% de 26 a 35 anos, 30% de 36 a 45 anos, 12% de 46 a 55 anos e apenas 6% mais de 55 anos.

No que se refere ao estado civil, 46% são solteiros, 48% casados, 4% divorciados e 2% outros.

Quanto à escolaridade, 24% apresentam o nível fundamental completo/incompleto, 60% nível médio completo/incompleto e 16% superior completo/incompleto.

Sobre a ocupação dos entrevistados identificou-se que desempregados, pescadores, balconistas, coordenadores, assistentes de administração, gerentes, atendentes, porteiros, recepcionistas, cobradores de ônibus, seguranças, professores, jardineiros, promotores de vendas, publicitários, e padeiros correspondem a 2% cada; administradores de empresas e auxiliares de escritório 4% cada; secretárias, donas de casa, pedreiros e barraqueiros correspondem a 6% cada; ambulantes e estudantes 8% cada, enquanto que taxistas correspondem a 20%.

No que diz respeito à existência ou não dos impactos que foram elencados no texto, através das referências bibliográficas, conclui-se que, em 38% das respostas a atividade turística promove a conservação ou preservação da orla, 56% acreditam que não e apenas 6% não souberam responder.

Sobre a atividade turística provocar uma utilização racional do espaço, 56% responderam que sim, 30% responderam que não e 14% não souberam responder.

Quanto à atividade promover o desenvolvimento positivamente da qualidade ambiental, 36% afirmaram que sim, 46% responderam que não e 18% não souberam opinar.

No que se refere às respostas sobre a atividade promover a valorização do meio, 50% responderam que sim, 38% responderam que não e 12% não souberam responder.

Sobre o turismo trazer melhorias na infra-estrutura, 34% disse sim, 62% disse não e 4% não souberam responder.

Quanto a investimentos em projetos de lazer ou recreação na Orla, 12% responderam que há esse investimento, 80% responderam que não e 8% não souberam responder.

Já sobre o a atividade trazer aumento da consciência ambiental, 38% responderam que atividade traz sim essa consciência, 50% responderam que não e 12% não souberam responder.

Quando a questão foi o controle do fluxo turístico trazer impactos positivos, os resultados foram que 58% das pessoas responderam que sim, 32% responderam que não e 10% não souberam responder.

Sobre incentivos de cuidados ao meio, 34% afirmaram que há esse incentivo, 62% responderam que não, e apenas 4% não souberam responder. Já em relação a incentivos a programas de conservação ao meio, 20% responderam que existe, 70% responderam que não e 10% não souberam opinar.

Quanto à atividade turística ser responsável por produção de poluição sonora, 26% responderam que sim, 64% responderam que não e 10% não souberam responder.

Sobre a segregação dos moradores devido às construções na Orla, 20% das pessoas entrevistadas responderam que há essa segregação, 62% responderam que não há e 18% não souberam opinar.

Sobre a poluição do ar, 38% afirmaram que existe esse tipo de poluição no local, 54% responderam que não e 8% não souberam responder. Em relação a poluição das águas, 60% afirmaram que sim, 38% responderam não e 2% não souberam responder.

Em relação a descaracterização do local proveniente da atividade turística, 22% responderam que sim, que há uma descaracterização, 72% responderam que não e 6% não souberam responder.

Sobre a existência de insatisfação dos moradores em relação aos turistas, 16% disseram que sim, 70% disseram que não e 14% não souberam opinar.

 

Quanto ao fluxo promover a degradação do local, 32% responderam sim, 60% responderam não e 8% não souberam responder.

Sobre o vandalismo dos turistas causarem danos a locais históricos e arqueológicos, apenas 24% das pessoas entrevistadas disseram que há esse vandalismo por parte dos turistas e 76% disseram que não.

No que diz respeito a orla está retirando espaço para a realização de outras atividades, 10% responderam sim,  86% disseram não, e apenas 4% não souberam responder.

E por fim, sobre o uso inadequado e abusivo de ambientes frágeis na Orla, 16% responderam sim, 76% responderam não e 8% não souberam responder.

Ainda completando a pesquisa, é importante ressaltar a insatisfação por parte da população local no que se refere a forma de governo do município, houve aí uma unanimidade das respostas. A falta de pesquisas para se realizar bons planejamentos na localidade, falta de investimentos na atividade turística e a existência de um pequeno fluxo turístico nessa praia também foram pontos observados diante da pesquisa.  

Esses foram os resultados obtidos com a pesquisa realizada in loco, desta forma chega-se a conclusão que os resultados obtidos obedecem a uma lógica, onde o senso comum está em harmonia em suas respostas, dando uma credibilidade de confiança as mesmas.