Em novembro de 2010 deu-se início o processo de pacificação do Morro do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e

Marinha do Brasil. A pacificação da área garantiu, através da instalação de oito Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), a retomada* do controle pelo setor público da região antes dominada por facções criminosas.

Agora, a região estabilizada e segura possibilitou investimentos em infraestrutura, como a modernização da estação de trem de Bonsucesso e a instalação e integração de um teleférico, que interliga esta estação de trem a Palmeiras - passando pelas estações de Adeus, Baiana, Alemão e Itararé - ao sistema ferroviário.

A gravação da novela “Salve Jorge” pela Rede Globo, retratando o cotidiano dos moradores no Complexo do Alemão, divulgou ao mundo uma imagem positiva da região e fez com que viajar de teleférico e conhecer o Complexo do Alemão, tornasse parte do roteiro turístico para aqueles que pretendem conhecer a cidade do Rio de Janeiro. Tanta visibilidade aliada à curiosidade dos visitantes trouxe boas oportunidades de abertura e de maior desenvolvimento para os pequenos comerciantes do local, que atendem a demanda alimentícia dos turistas, com seus restaurantes, bares, pizzarias, lanchonetes, sorveterias, petiscos, etc.

Especificamente, o crescimento acelerado do comércio alimentício, no Complexo do Alemão, faz-nos pensar em como esses empreendedores estão se estruturando ou se organizando para suportar as demandas e exigências de seus novos clientes, os turistas, com diversas necessidades e padrões de qualidade.

Este estudo busca descrever a realidade dos empreendimentos do ramo alimentício no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na modalidade Arranjo Produtivo Local (APL) Urbano, tendo como hipótese a aceitação, pelos empreendedores locais, em participar de um sistema de produção cooperativo gastronômico para o desenvolvimento da região, “visto que sua consolidação representa o alcance de melhores condições na vida das populações, uma vez que emergem como uma oportunidade de incrementar quantitativa e qualitativamente a atuação das pequenas e microempresas (PMEs)” (Arranjos Produtivos Locais..., UEM, 2005).

Alguns dos benefícios que o trabalho cooperativo propicia relacionam-se a velocidade e economia em custo de transação num limitado espaço geográfico; o efeito do conhecimento para fora dos limites da empresa; interação entre os processos de cooperação e competição; ganhos competitivos importantes; rápida difusão de inovações ao longo do aglomerado, em função do contato pessoal de empreendedores e colaboradores.

* Esta foi a maior ofensiva contra o tráfico de drogas e contou com uma tropa de 2,7 mil homens, sendo 1,2 mil policiais militares, 400 policiais civis, 300 policiais federais e 800 militares do Exército. Uma união de forças estadual e federal inédita no país (UPP Alemão - http://www.upprj.com).