Introdução

Nos dias atuais, muitas mulheres estão prolongando o desejo de ter filhos, a mulher descobre outras realizações possíveis para si, que não seja a de ser mãe, isso lhe abre o caminho para novas oportunidades e novos objetivos a serem investidos. A execução da maternidade como projeto colaborou para a maior penetração dos valores individuais no interior da família na medida em que passou a ser incluída como uma decisão racionalizada e planejada segundo as circunstâncias1. Devido tais mudanças, muitas mulheres passaram a optar por ter filhos em idade mais avançada, acreditando que podem decidir o momento exato da procriação1.

A fertilização in vitro é uma das técnicas da Reprodução Humana Assistida, sendo indicada para mulheres com lesões das trompas, laqueação irreversível das trompas, endometriose, infertilidade masculina e feminina, e em casos de infertilidade sem causa aparente2.

Este trabalho tem como objetivo levantar os pontos positivos e negativos da fertilização in vitro em mulheres inférteis que procura a realização de ser mãe, citados nos artigos de revisão de literatura.

Revisão da Literatura

Este trabalho trata-se de uma de literatura narrativa da literatura, em  artigos publicados português no período de 2004 a 2014, disponíveis na base de dados da SciELO, tendo como descritores: a Fertilização in vitro, infertilidade, estresse e ansiedade. E para facilitar o estudo, a revisão foi dividida em nas seguintes categorias: fertilização in vitro, pontos positivos e pontos negativos na escolha da fertilização in vitro.

A fertilização in vitro

Na segunda metade do século XX e no início do século XXI houve um grande avanço na área da medicina reprodutiva, ocorreu o primeiro caso de fecundação in vitro com o nascimento de Louise Brown, em 1978. E em 1984 ocorreu o primeiro caso brasileiro de fertilização in vitro, com o nascimento de Ana Paula Caldeira. No Brasil foi legalizada a lei pela CFM Nº 1.957/10 em 09 de maio de 2013, com o objetivo de atender as necessidades dos casais que desejam ter filhos e não conseguem pelo método natural.

A mulher é considerada infértil, após um ano de tentativas regulares sem nenhum método contraceptivo, não consegue engravidar. Estima-se que cerca de 10 a 15% dos casais apresentam problemas para engravidar, os fatores masculino e femininos contribuem cerca de 35%, os fatores inexplicáveis contribuem com 10%, ou associação de causas masculinas e femininas 20 a 30%3.

A infertilidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um problema de saúde publica. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a “infertilidade afeta cerca de 12% dos casais em todo o mundo, com prevalência de 5%  na população em idade reprodutiva”4.

A Infertilidade pode ser amenizada com o uso das tecnologias de reprodução assistida, ultrapassa sua definição inicial e estende-se a outras situações  que a dificuldade reprodutiva não necessariamente ocorre devido a um impedimento da função orgânico-corporal, mas também com a possibilidade de realizar o sonho da maternidade1.

A fertilização in vitro é o principal procedimento da reprodução humana assistida, e uma técnica utilizada em mulheres que apresentam lesão das trompas, gravidez ectópica, laqueação irreversível das trompas de falópio, endometriose, infertilidade masculina, e em casos de infertilidade sem causas aparente2. A fertilização in vitro reproduz de forma artificial, o ambiente das trompas de falópio em um tubo de ensaio ou em uma placa, colocando um número significativo de espermatozoide ao redor de cada ovócito a fim de obter pré - embriões que serão transferidos para a cavidade uterina2.

A técnica da fertilização in vitro possui fases para serem cumpridas antes da implantação, primeiramente utiliza-se os hormônios GnRH que provoca um bloqueio hormonal seletivo na secreção de FSH e LH para estimulação da ovulação, após a ovulação ser estimulada, vamos para a segunda fase que e a coleta dos óvulos, a coleta e realizada por via transvaginal, sob orientação ecográfica, faz-se uma sedação leve, e com a paciente anestesiada dar-se a o  inicio a punção, após ser feita a punção, e feita uma cuidadosa revisão para evitar hemorragias, o material coletado e enviado ao laboratório, quando recebidos no laboratório são identificados e classificados quando a maturidade, são transferidos para uma placa com meio de cultura previamente preparado e estabilizado, onde permanecem ate o momento da fertilização, no laboratório ocorre a fecundação do óvulo pelo espermatozoide fora do corpo da mulher, cumprida a etapa o  embrião e transferido ao útero da mãe onde a expectativa e  que esse implante continue se desenvolvendo5,11.

O procedimento da fertilização in vitro apresenta alguns procedimentos difíceis e desgastantes, tanto para as mulheres, quanto para os homens, como a ingestão de hormônios, testes em laboratórios, exames de ultrassonografia, uso de medicamentos, anestesia, a obtenção da amostra de sêmen por masturbação e o estresse perante a transferência dos embriões. Cada etapa que se realiza causa uma expectativa de sucesso e satisfação, quando se passa para a etapa seguinte ocorre a incerteza de que vai dar certo ou não6.

Os casais começam o tratamento com expectativas positivas de sucesso, mas quando ocorre o fracasso surgem as tristezas, decepção e perda pela vontade de realizar o seu sonho de ser pais, começam associar o fracasso, o sofrimento físico, os homens lembra da coleta do sêmen como uma experiência estressante e a sua única participação no processo da fertilização in vitro6.

Vantagens da FIV

Delmore-Ko, Pancer, Hunsberger, Pratt,8 destacaram as grandes vantagens da FIV para os casais que utilizaram desta técnica, como a chegada de um filho, expectativas dos cônjuges, planejamentos da gravidez, superação da infertilidade, sucesso em seu tratamento, ajustamento conjugal, satisfação sexual, fortalecimento do casal diante das dificuldades vivenciadas para alcançar a gravidez, a segurança é a confiança que as mulheres sentem em relação aos seus parceiros, realização de dever cumprido perante a sociedade.

Pontos negativos FIV

De acordo com Litt et al.,7, a ansiedade, depressão, além de raiva, frustração, isolamento familiar, social e dificuldades sexuais, mal estar, sensação de desgaste físico, cansaço, sensibilidade emotiva excessiva e irritabilidade, estão frequentemente associados aos resultados negativos da FIV e entre os casais que não alcançarem a gravidez, até mesmo à depressão.

 

Discussão

Segundo Spotorno, Silva e Lopes7 em seu estudo, a infertilidade e seu tratamento constitui em tentativas complexa, ao mesmo tempo em que são referidas ansiedades, frustrações e a necessidade de ter que lidar com o sofrimento do marido e dos familiares, também se expressa sentimento de esperança e otimismo, assim como apoio dos familiares e do próprio marido. Borlot e Trindade7 destacaram em seu estudo, que o efeito dessa experiência sobre o casal tende a ser influenciado pelas características anteriores de suas relações.

Verhaak et al.,8 realizaram um estudo com 207 mulheres que participaram do primeiro ciclo de fertilização in vitro, onde fez avaliação antes do tratamento e três semana após o teste de gravidez, em relação aos níveis de estresse e a satisfação conjugal, observou que independente do tratamento ter apresentado resultado, houve uma queda na satisfação em relação a sexualidade, nesse período os casais estariam mais preocupados em confirmar o resultado da gravidez do que com relacionamento conjugal.

Em um estudo de Holter, Anderheim, Bergh e Moller7 com 117 casais que foram avaliados antes, durante, e após o tratamento, em relação ao seu bem-estar emocional, ao desejo de um filho, os efeitos psicológicos da infertilidade e a relação conjugal, os autores observaram que não tiveram diferenças entre os casais que engravidaram, em relação aqueles em que a gravidez não ocorreu, os cônjuges estava mais preocupado em manter a proximidade e o apoio mutuo, tanto durante o tratamento como após o mesmo.

Conforme Lok et al.,5 a insatisfação com o casamento está relacionado com a ansiedade pós falha de tratamento. Mulheres que culpa o marido por falta de suporte são as mais frequentes acometidas de depressão, ambas as partes relacionam-se com distúrbios do afeto entre o casal5.

Baram et al.,5 em um trabalho com 86 mulheres demonstraram que 66% dos casais, se queixavam de tornar pior o relacionamento, das funções sexuais e do estilo de vida após não obterem sucesso no tratamento da FIV. Weaver et al.,5 em seu estudo concluem que homens podem se beneficiar de orientação sobre como ajudar sua parceira, oferecendo suporte emocional e diminuindo o estresse do casal.

Segundo Holter e cols,7 observaram duas semanas após o resultado da gravidez ou na falha da menstruação, que as mulheres que conseguiram engravidar apresentaram menores índices de raiva, frustração, sensação de isolamento, culpa e depressão, relataram maior sentimento de sucesso, alegria e satisfação.

Segundo Gouveia4, a sociedade atribui aos casais a necessidade de ter filhos chegando mesmo a existir pressão social e cultural neste sentido. Wramsby e Collins4 encontraram evidências que a gravidez  tende a ser descrita pelas mulheres que recorreram a FIV, sendo mais gratificante e satisfatória, essas mulheres relatam que o desconforto advindo da gravidez é valido.

De acordo com McMahon e cols4 os obstáculos da gestação seriam secundárias diante da alegria de planejar um filho, e que a experiência da infertilidade teria enriquecido a vivência da gestação. Segundo Maia4 a nível social, ser pai e ser mãe e visto como um desígnio da vida, as motivações para a maternidade são varias e são diferentes em relação à história familiar.

Conclusão

Em relação ao trabalho concluímos que as mulheres inférteis são mais vulneráveis ao estresse e a ansiedade, se sentem na obrigação de gerar um filho para cumprir com o ciclo da vida, justificar-se perante à sociedade, familiares, religião, status socioeconômico, que a mulher se sente o desejo de ter um filho como algo inato, que precisa se concretizar para se sentir uma mulher completa.

 

 

Referências

1. Teixeira CL, Parente SF, Boris BDG, Novas configurações familiares e suas implicações subjetivas:reprodução assistida e família monoparenteral feminina, Revi Psico. 2009 Jan/Dez;40(1):24-31.

2. Akkar ISCA, Faria A, Diretrich MA, Cuenca RMC, A Reprodução Humana Assistida e a Seleção de Embriões,Rev de Art e Humanidades. 2012 Abr;9:03-20.

3. Moreira TNS, Melo MOC, Tomaz G, Azevedo DG, Estresse e Ansiedade em Mulheres Inférteis, Rev Bras de Ginec Obstet. 2006 Jun;28:358-363.

4. Silva VRI, Ferreira SNMA, As Vivências da Mulher Infértil, Rev de Enferm. 2012 Dez;8:181-189.

5. Veloso PR, Busso EN, kawasak IMF, Aspectos Emocionais do Casal após falha nas técnicas de Fertilização in vitro, Rev Arq Médicos. 2006 Nov;51:81-87.

6. Makuch YM, Filleto NJ, Procedimentos de Fertilização in vitro: Experiência de Mulheres e Homens, Rev Psic em Estudo Maringá. 2010 Out/Dez;15(4):771-779.

7. Silva MI, Lopes SCR, Reprodução assistida e relação conjugal durante a gravidez e após o nascimento do bebê, Rev Est de Psicologia. 2009 Set/Dez;14(3):223-230.

8. Dornelles NMLIA, Silvia MI, Lopes SCR, Gestação com o Auxílio das Técnicas de Reprodução Assistida, Rev Inter Psicologia. 2010 Dez;15:89-100.

9. Corrêa CFRK, Vizzoto MM, Cury FA, Avaliação da Eficácia Adaptativa de Mulheres e Homens Inseridos num Programa de Fertilização in vitro, Rev Psic em Estudo Maringá. 2007 Mai/Ago;12(2):363-370.

10. Dornelles NML, Lopes SCR, Desafios para a maternidade no contexto da reprodução medicamente assistida, Rev Est de Psicologia. 2010 Set/Dez;15(3):251-257.

11. Abdelmassih R, Aspectos gerais da Reprodução Assistida, Rev Bioética. 2010;9(2):15-24.