Considerando a etimologia grega de estereótipo (sterós, sólido týpos, tipo), podemos afirmar que estereotipar trata-se de uma tendência a rotular ou etiquetar alguém ou um grupo, de maneira dura e rígida. O estereótipo nada mais é do que um padrão de comportamento, previsto, que acredita-se característico e esperado em relação a determinada pessoa individualmente ou a todos membros de um grupo social, cultural, profissional ou etário.

O estereótipo seria um conjunto de características, positivas e/ou negativas, que atribuímos a um grupo de pessoas de maneira generalizada, ou seja, consideram que todos os elementos de um grupo agem/são da mesma forma. Como toda generalização é perigosa, ao estereotipar um determinado grupo pode-se julgar ou avaliar pessoas de maneira preconcebida e errónea.

O estereótipo também pode ser uma forma simplista e redutiva de retratar uma pessoa ou um determinado grupo, instituição ou cultura. Alguém pode achar que uma pessoa, por ser idosa, agirá de uma determinada maneira. O que necessariamente não acontece, uma vez que há inúmeros tipos de idosos, cada qual com a sua personalidade e singularidades.

 

Em geral o envelhecimento é ainda pintado com cores sombrias,

quer pelos mais novos quer pelos próprios idosos

(Barros, 2005, p. 25).

 

Ao utilizarmos um estereótipo, muitas vezes, estamos desprezando algo de capital importância nos seres humanos que são as diferenças individuais. Cada um possui uma personalidade, temperamento, aptidões, percepções, experiências e vivências. Como generalizar comportamentos e características de seres humanos tão distintos?

Segundo Russ (1991, p. 94) o termo estereótipo significa opinião já feita; clichê; convicção preconcebida, devida à acção que o meio social exerce. Para Ander-Egg (1997, p.77) estereótipo representa um conjunto de características que se atribuem a um grupo humano para generalizar seu comportamento, seu aspecto, sua cultura, seus costumes, etc, conforme representações prefixadas e socialmente compartilhadas sobre o grupo considerado.

Em se tratando especificamente dos estereótipos sobre os idosos, encontramos uma abordagem um pouco mais rigorosa em Martins e Rodrigues (2004, p. 250), quando afirmam que a valorização dos estereótipos projecta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui para a imagem que estes têm de si próprios, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação que causam uma vez que negam o processo de desenvolvimento.

É bom deixar claro que nem todos estereótipos sobre o envelhecimento são negativos. Há também os positivos, tais como: a sabedoria, a amabilidade, a generosidade, a solidariedade, a bondade, etc.

Não temos que temer a velhice nem ignorá-la, já que faz parte do desenvolvimento humano, da mesma forma que as outras faixas etárias. Durante muito tempo os teóricos e estudiosos do comportamento humano esqueceram-se da idade adulta e, mais ainda, dos idosos. Talvez seja este um dos motivos para que existam tantos estereótipos negativos acerca dos idosos ainda hoje.

Precisamos enfrentar e olhar o envelhecimento como ele é, sem mitos, preconceitos ou ideias preestabelecidas. O envelhecimento ocorre de maneira diversificada e plural; não devemos generalizá-lo e/ou estandardizá-lo.

Concluímos, concordando com o autor, quando diz: o envelhecimento é um processo ou fenómeno vivo que suporta a diversidade e a contradição. E não há uma maneira única de envelhecer, senão que cada idoso envelhece a seu modo, sem prejuízo de algumas tendências gerais (Barros, 2005, p. 62). É óbvio que há determinadas características e tendências gerais, mas cada ser humano é um. Logo, há várias maneiras de envelhecer e vivenciar a maturidade humana! Lembramos também daquilo que Beauvoir (1982, p. 502) chamou de estupidez: uma maneira de sufocar a vida e suas alegrias com preconceitos, rotinas, falsas aparências, prescrições vãs. Não devemos padronizar nossos idosos, mas sim permitir que cada um seja o que é, e da sua singularidade tirarmos o máximo de proveito para as nossas vidas!

Bibliografia:

Ander-Egg, E. (1997). Diccionário de Pedagogía. Buenos Aires: Editorial Magisterio.

Barros, J. (2005). Psicologia do Envelhecimento e do Idoso. 2ª ed. Porto: Legis Editora.

Beauvoir, S. (1982). Balanço Final. Trad. Rita Braga. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Huss, J. (1991). Dictionaire de Philosophie. Paris: Bordas.

Martins, R. L. M. & Rodrigues, M. L. M. (2004) Estereótipos sobre os Idosos: uma xxrepresentação social gerontofóbica. Revista do Instituto Superior Politécnico de Viseu. Viseu, 29, 249-254.

Morales Domínguez, J.F. & Arias Orduña, A.V. & Molero Alonso, F. (2004).Aspectos sociológicos y psicosociales del envejecimiento. In Ballesteros Jiménez, Soledad (org.) Gerontología. Un saber multidisciplinar. (pp. 352-353). Madrid: Editorial Universitas.