INTRODUÇÃO

O Estágio nos coloca frente a frente com a profissão que estamos nos preparando para assumir, também nos dá oportunidade de refletirmos e colocarmos em prática as teorias até aqui estudadas.

Nas observações percebemos que a leitura de histórias pela professora não era uma prática constante, e que os conteúdos trabalhados era basicamente de Matemática e Português e eram orientadosde forma mecânica, onde só copiavam. Continuamos com a proposta da escola , porém o nosso planejamento deu prioridade instigar o aluno a pensar, não lhes dando tudo pronto. Pois buscamos maior compreensão da complexidade do ato de educar em nossas experiências vividas. Não é nosso desejo sermos simples reprodutoras, pois não somos simples agentes receptores e passivos. Estamos buscando superar as nossas limitações nos confrontos e contradições que vivemos a cada dia.

Nosso projeto de estágio englobou os recursos e os mecanismos da língua oral e escrita, a leitura e a exploração de temas transversais como o preconceito racial, as diferenças, e também os valores humanos como a justiça, o respeito, a honestidade, as perdas.Optamos em elaborarmos nosso projeto com contos, o qual se intitula de Contando e Recontando Histórias, sabendo que seria uma forma de aprender muito mais significativa, envolvendo o cotidiano social das crianças e fazendo-os sentir um ser integrante do processo ensino-aprendizagem.

Diariamente, encontravam-se em média 18 crianças, com alunos na faixa etária de 6 a 8 anos, formando a turma de alfabetização. Esse grupo era um grupo muito curioso e que colaboravam muito na hora da aula, participando ativamente das atividades e assim ampliando seu conhecimento.

Quase todos os alunos da turma são de famílias com um poder aquisitivo baixo, os pais não possuem trabalhos fixos, vivem do trabalho na roça e algumas destas crianças faltavam muito as aulas e em conversas com eles descobrimos os motivos das faltas constantes; um deles faltava por que precisava catar mamona com o pai , outro porque tinha que ficar cuidando da casa e dos irmãos mais novos, e ainda um aluno que não vinha pois estava com fome e não sentia forças de vir á escola. Diante do exposto não podemosignoraressa realidade e nosso papel como educadoras foi apesar destesproblemas proporcionar a estas crianças aprender com prazer e alegria, viajando no mundo da imaginação com as mais diversas histórias, para isso experimentamos diferentes formas de contar histórias e utilizamos textos variados.

Nesse período também vivenciamos alguns conflitos e disputas, comuns na sua faixa etária, mas sabemos que a educação acontece também nestes momentos, do mesmo modo o carinho e a amizade que muitos apresentavam durante as brincadeiras em grupo, havia envolvimento, doação e muita agitação, era evidente que todos queriam se fazer presente.

Logo no primeiro dia ao entrarmos na sala com a "maleta"caixa colorida e várias figuras dos personagens das histórias que seriam contadas expostas, todos ficaram encantados, ao abri-la depararam com vários livros, perguntaram se podiam lê-los e claro concordamos, apesar daquelas crianças não lêem aindao código escrito, liam as imagens expostas nas capas e no interior dos livros, neste momento podemos constatar que nosso projeto seria significativo na aprendizagem da turma.

Todos os dias havia a hora de contar histórias,como o planejamento e a pratica foram realizados em dupla , em sala sempre revezávamos, uma contava e a outra trabalhava a atividade e vice-versa. Variávamos também a posição das crianças quando ouviam as histórias: sentadas em círculo, sentadas nas cadeiras ou deitadas no chão. Em outros momentos solicitávamos que eles recontassem a historia de forma oral e também em forma de desenhos.

DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

Trabalhamos a história " João e Maria, Menina Bonita do laço de fita, O Lobo e os sete cabritinhos, o Patinho feio e outras que não tínhamos planejado, mas como o planejamento é flexível, conseguimos reorganizar conforme a necessidade da turma naquele momento, conforme o pensamento de Maximiliano Menegolia e Martins Santana que afirmam:

"Que a seleção dos conteúdos não pode ser caracterizada pela rigidez como se fosse uma decisão definitiva e inflexível. Ela consiste na possibilidade de alterar e reestruturar, sempre que for necessário de acordo com as novas situações que surgem no dia a dia do estudante". (MAXIMILIANO E MARTINS, 1998).

A partir das histórias desenvolvemos atividades de Bingo de palavras, onde eles pescavam as palavras e quem tivesse na cartela marcava, ganhava quem conseguisse marcar todas primeiro.Com garrafas pets fizemos "boliche" onde o nome dos personagens estavam colados nas garrafas quem derrubasse vinha ler a palavra, estas atividades de leitura foram muito significativas, pois como diz Cagliare,"è lendo que se aprende a lê e escrevendo que se aprende a escrever".

A abordagem aos contos de fadas foi essencial para estabelecer uma relação de prazer e descontração entre o ensino e a aprendizagem. Bruno Bettelheim (1975), Diz:

"Que os contos de fadas ajudam a formar a personalidade da criança deeducação infantil e defende que a leitura de contos de fadas não só oferece a imaginação da criança novas dimensões que seria impossível ele descobrir por si só, como também contribui para seu crescimento interior" (BRUNO BETTELHEIM,1975).

Abordamos também histórias sobre a higiene pessoal, assunto no qual sentimos necessidade de trabalhar, a partir das observações em sala. Contamos as histórias: Juca sujo, Juca limpo de ... e. Inserimos na rotina da turma escovar os dentes todos os dias após a merenda. Confeccionamos aventais para que não sujassem a farda , feitos de ...conseguimos escovas de dentes para todos, onde aproveitamos para trabalhar os nomes de cada um, chamando um a um para pegar a que estava escrito seu nome.

Falar das outras atividades, do ultimo dia

As crianças gostavam muito de cantar , todos os dias elas iam para frente cantar para os colegas e as professoras, este momento virou parte da rotina e o melhor que foiinserido por eles.

CONSIDERAÇÃOES FINAIS:

O Nosso Estágio foi muito gratificante, pois conseguimos colocar uma semente em cada criança, despertando o gosto pela leitura. Ensinamos algumas coisas e aprendemos muito mais, portanto o estágio não é só de maravilhas e empolgamentos. Alguns pontosdeixaram-nosinquietos como a situação das crianças já com 8 e 9 anos ainda não conhecem o alfabeto, tantos problemas que já foram citados neste artigo e a necessidade que estas crianças tem de uma educação voltada para a realidade deles, entretanto pensamos que nos poucos dias que estivemos com a turma não foi o bastante, mas temos certeza que foi de grande significado para todos.

Referências:

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas, Tradução de Arlete Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.