UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Curso de Filosofia em EAD ? Bacharelado 3º período

ESTADO E EDUCAÇÃO EM PLATÃO

Maria da Graça Silva Mourão


Resumo do Artigo: Estado e Educação em Platão, publicado em 10/10/2008 por Ademir da Costa em http://webartigosos.com Acesso em 05/10/2010.

No presente artigo, o autor objetiva a reflexão a respeito da educação em Platão, a partir da concepção do estado ideal. O mesmo concentra sua análise nos diálogos e em particular, em "A República", tendo como fio condutor o método dialético. Para isso, faz uma contextualização histórica sobre a vida e a obra do pensador grego. Nesse viés, cita a contribuição de Sócrates para a formação de seu pensamento.
Sócrates influencia o projeto dialético de Platão ao se utilizar de um método dialético fundamentado em um diálogo bem conduzido que consiste em se demolir as opiniões frágeis e enganosas, onde a própria pessoa admitia sua ignorância. Assim, Platão vai redefinindo suas propostas políticas, levando em consideração a política justa feita com ciência e com ética, através de uma base pedagógica sólida.
Platão sempre demonstrou seu interesse nos assuntos políticos. Para ele, os seres humanos e a polis possuíam a mesma estrutura. Os homens são dotados de três almas ou três princípios de atividade. São elas: A alma concupiscente, a alma irascível ou colérica e a alma racional.
Na concepção de Platão, segundo o autor, o homem justo é aquele cuja alma racional (pensamento e vontade) é mais forte do que as outras duas almas, impondo à concupiscente a virtude da temperatura ou moderação e à colérica a virtude da coragem, que deve controlar a concupiscência. Assim, o homem justo em seu entendimento é o homem virtuoso, onde prevalece o domínio racional sobre o desejo e a cólera.
A Pólis também possui uma estrutura tripartite, formada por três classes sociais. São elas: a Classe econômica, composta por proprietários de terra, artesãos e comerciantes; a classe militar, onde se encontram os guerreiros, responsáveis pela defesa da cidade e, por fim, a classe dos magistrados, com sábios e legisladores que garantem o governo da cidade. Dentro desses parâmetros, Platão afirma existir quatro formas de governo corrompidas, tendo como referência, o estado ideal. Em sua idéia, não há uma alternância, mas uma decadência natural até se chegar ao extremo, cujo último elo da cadeia se refere à tirania, cuja degeneração chega ao ponto máximo. É interessante ressaltar que, para o pensador, a cidade justa deve ser governada e administrada por filósofos e pelos homens da ciência. O governo injusto estaria então, nas mãos dos proprietários ou militares, com tendência a lutar pelos seus próprios interesses.
Referente à educação, Platão promulgava que a mesma objetivava a formação moral do homem para viver em um Estado Justo, rejeitando a educação dos sofistas, encarregados de transmitir conhecimentos aos jovens de elite através da oratória. Ele os considerava corruptores da juventude, alicerçando o princípio da justiça como uma prerrogativa dos mais fortes.
Defendia o pensador, que essa área seria de responsabilidade do Estado, reivindicando-a de forma universal e abarcante a meninos e meninas.
O modelo educacional apresentado por Platão se estrutura por uma formação básica que evolui até os estudos filosóficos. Nela, as crianças deveriam ser retiradas dos pais e enviadas para o campo para que se desvencilhassem de influência corruptora da família. A formação em idade militar era valida para Platão. Lá, os jovens deveriam permanecer dos 17 aos 20 anos., onde seriam submetidos a testes para saber que carreira seguir. Dentro desse esquema de seleção, os mais dotados iniciariam os estudos superiores. Dentre os reprovados, os "melhores" se destinariam ao exército e os outros a diversas profissões e ofícios civis.
O autor do presente artigo se apropria de várias partes do discurso de Platão para esclarecer e fundamentar suas falas sobre o tema proposto, concluindo com a observação de que não havia no estudo a pretensão em se esgotar o assunto sobre a concepção de educação de Platão e sua importância para a humanidade. Ressalta o real destaque para a educação nas obras do pensador grego, sobretudo, em "A República", levantando a idéia de ter sido Platão o primeiro estudioso a suscitar o caráter público da educação, entregando ao poder estatal a responsabilidade de sua prática e inferindo seus pressupostos teóricos.

Referências Bibliográficas do Autor

BOBBIO, Norberto. A Teoria das Formas de Governo. 1ª Ed. Brasília: UNB, 2000

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Martins Fontes: 2000

JAEGER, Werner. Paidéia, a Formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 1994

PLATÃO. A República. In: Coleção Os Pensadores. 5ª Ed.. São Paulo: Nova Cultura, 1994

PESSANHA, José Américo. Platão e as Idéias. In: Curso de Filosofia para professores e alunos dos cursos de segundo grau e graduação. Rio de Janeiro: Jahar, 2004.