É possível que alguém responda o que exatamente uma revista de moda, duas revistas de negócios e um livro de auto-ajuda possam ter em comum, antes mesmo de finalizar essa leitura?
Bom! Para aqueles que responderam não, o texto a seguir é a resposta, para os que acreditam saber do que se trata, ainda sim, é válido conferir o conteúdo.
No final do ano de 2001, após todo o impacto mundial causado pelo atentado aos EUA, muitas coisas começaram a mudar, a sentir a reflexão desse episódio e uma delas foi a publicidade e propaganda. Todos os setores precisavam encontrar o seu novo rumo, a direção que condissesse com a nova realidade.
A revista VOGUE Brasil (segmento da moda feminina, principalmente), nº 283, dezembro de 2001, lançou uma edição especial com o título A NOVA CARA DA PROPAGANDA, onde o enfoque era desmistificar que a fase de um criador todo-poderoso persistia, ou seja, desde esse tempo vem-se notando que a criação não trabalha mais onipotente , mas também com a área de negócios, planejamento, mídia e outros setores de importante funcionalidade dentro de uma agência de publicidade e propaganda. Entretanto, foram convidadas a participar dessa edição as seguintes agências:Age.,dm9ddb, Full Jazz, dpz, Calia Assumpção, Carillo Pastore, Fabra Quinteiro, Lew Lara, McCann Erickson, Neogama, qg e W/Brasil e cada uma aponta qual é o novo caminho da publicidade e defende sua justificativa de que o mesmo já foi descoberto há tempos e não só agora como parece.
Vejamos então, a opinião também de outros, para descobrirmos se realmente essa nova direção é nova ou velha?
Já na revista VOCÊ S/A, edição 53, de novembro de 2002 (segmento voltado para as pesquisas no mercado de trabalho em geral), quase um ano depois, aparece um título curioso: A REIVENÇÃO DO PUBLICITÁRIO, nota-se que aqui o destaque é para o profissional em si e não somente ao meio comunicação. É válido enfatizar seu subtítulo: "A crise econômica provocou retração nos investimentos publicitários. O resultado é uma revolução no mercado e na atuação de seus profissionais". De que crise econômica estamos falando? É evidente que é daquela desencadeada pelo ataque as torres do World Trade Center, que na VOGUE, com três meses de pós-atentado já se falava das mudanças que iriam ocorrer.
Prosseguindo com a matéria da VOCÊ S/A, encontramos uma preocupação repetitiva envolvendo o setor criação, em que as agências que ainda vivem o glamour de 30 anos atrás, não percebendo que o mundo mudou terão que tão cedo diminuir seu contingente ou mesmo a remuneração dos que permanecerem, porque no novo caminho da publicidade as agências estão preferindo permanecer com dez funcionários que ganhem 1.000 reais a um que ganhe 10.000 reais, que geralmente remete ao criador.
Porém, é fácil perceber que o cliente e consumidor mudaram a sua postura diante de toda essa evolução, estão mais por dentro dos acontecimentos e mais exigentes, o que faz um bom publicitário deixar de compreender somente de propaganda, para entender de negócios. E esse emaranhado de informações está encaminhando o novo caminho para as formações especializadas em marketing, em que o profissional pode exercer sua criatividade de formas variadas sem se prender a área de criação, podendo sugerir estratégias criativas e funcionais, mídias criativas e econômicas, argumentos de atendimento criativos e eficientes e assim por diante. Por isso, que os bureaux de criação, mídia, planejamento, etc se mostram tão pertinentes e próximos, não significando que aceitáveis facilmente por todos.
Profissionais respeitados, conceituados e consolidados no mercado estão deixando seus salários assoberbados para simplesmente se adaptarem a nova realidade e assim, ainda poderem crescer e aparecer e não, estagnar. A exemplo, vê-se Danuza Simonetti, que deixou o cargo de atendimento de uma grande agência no mercado paulistano para ser gerente de marca da 0800 e se deu bem. Há também o caso de Ehr Ray, autor da idéia dos mamíferos da Parmalat e abriu mão do cargo de diretor de criação da DM9, para estudar outras propostas e um profissional desse porte fora do mercado, ainda que por pouco tempo, quer com certeza nos dizer algo.
Os comentários a respeito desse novo caminho, não pára por aí e continua atraindo a atenção de outras revistas e jornais. Isso se comprova quando na edição de nº 227, de 12 de fevereiro de 2003, da revista CARTA CAPITAL (segmento de política, economia e cultura), a capa traz o título MÍDIA e três destaques: "ONDE FALTA PÃO... A escassez de dinheiro provoca grita dos veículos de comunicação e das agências. O sistema, agora, enfrenta os seus próprios equívocos", "MUNIÇÃO PARA A GUERRA. Uma série de estudos analisa o quadro atual de oligopólio nas comunicações e propõe alternativas para um sistema mais democrático" e por fim, "INVENTAR O QUINTO PODER. O professor inglês Roger Silverstone defende, em livro publicado no Brasil, que a sociedade se alfabetize em mídia para desafiar o Quarto poder."
Cada um desses subitens apesar de independentes tratam das características desse novo mundo da publicidade que desde então temos comentado. Sendo assim, o que irá sobressaltar aos nossos olhos será exclusivamente o primeiro. Nele, ressurge o descontentamento de pagar aos criadores seus salários estrelares num momento pouco pertinente e o advento dos bureaux, bem como a intromissão, ou melhor intervenção, de agências e redes de tv, que discordam com a entrada desses no país. Logo, essa nova mudança causa medo e se torna tabu em muitos debates elaborados para deslanchar as questões que envolvem principalmente, as agências de médio e pequeno porte. Mesmo aquelas formadas por profissionais de presença como, Washinton Olivetto (W/Brasil), ainda se defendem dessa mudança radical, na maior parte das vezes por razões financeiras, já que consideram esse assédio insistente dos bureaux com um risco econômico e desrespeito ao trabalho de criação dos publicitários.
Agora é chegado o momento de introduzir ao ardor dessa discussão, o intrigante elemento que é a relação de tudo que já foi dito até aqui, com o livro de auto-ajuda: "Quem mexeu no meu queijo?"1, de Spencer Johnson2, M.D.. Pois, saibam que mesmo indiretamente ele se parece com um resumo de tudo, porque é uma maneira surpreendente de lidar com as mudanças em seu trabalho e em sua vida.
Ele fala, de quatro personagens que representam as nossas partes simples e as complexas.
Às vezes, não queremos enxergar as mudanças que estão ocorrendo ao nosso redor, nem tampouco no interior de nossa vida ou trabalho. Às vezes, enxergamos sim, mas o que temos é medo, insegurança de seguir aquele raciocínio e se convencer de que é preciso mudar também. Às vezes, estamos prestes a começar a mudar, entretanto a comodidade ainda nos convence a ficar e desistir de tentar correr atrás do que realmente se quer.
As mudanças são tantas, que complicamo-las ainda mais. Às vezes, o que se quer no início de uma vida pessoal ou carreira não serão nossas únicas conquistas e deveremos querer mais e outras coisas.
O queijo pode ser qualquer coisa que você realmente queira e quando já o tiver conseguido, alguém (exemplo do atentado aos EUA, que mesmo de longe nos atingiu certeiramente), pode simplesmente mexer nele, tira-lo do lugar e se você parar tudo por aí, vai envelhecer acreditando que tudo o que fez e realizou se finda com seu desaparecimento. Às vezes, o queijo, é um departamento de uma empresa que está mudando ou se extinguindo e você não quer aceitar e mudar com ele, não deseja deixar suas crenças de lado e correr atrás do desconhecido. Lembre-se de que alguns nomes do mercado publicitário teve os eu queijo mexido e resolveu mudar e encontrou um novo queijo, talvez ainda mais gostoso e se precisar, vai perseguir outros sabores de outros queijos. E ficar se perguntando se dará certo para todos e o que aconteceu com esses profissionais, pode simplesmente não acontecer igual para você, preste atenção de que cada um tem o seu queijo para experimentar e tomar conta.
Nesse final fica uma lição: "Ele refletiu sobre os erros que cometera no passado e os usou para planejar seu futuro. Haw sabia que você pode aprender a lidar com a mudança:
Pode ter mais consciência da necessidade de simplificar a vida, ser flexível e se mover rapidamente.
Não precisa complicar demais as coisas ou se confundir com crenças assustadoras.
Pode notar quando as pequenas mudanças começam, para estar mais preparado para a grande mudança que pode ocorrer" (Página: 74).
Não existe um manual a ser seguido e sim, uma compreensão dos fatos e imagina-se que se a mudança na publicidade estão ocorrendo agora ou antes, não importa. O importante, é saber acompanha-las, é saber traduzi-las e absorve-las da forma mais positiva. Assim, já falava o "MANUSCRITO DA PAREDE":
A mudança ocorre ? Continuam a mexer no queijo
Antecipe a mudança ? Prepare-se para o caso do queijo não estar no lugar
Monitore a mudança ? Cheire o queijo com freqüência para saber quando o queijo está ficando velho
Adapte-se rapidamente à mudança ? quanto mais rápido você se esquece do velho queijo, mais rápido pode saborear um novo
Mudança ? Saia do lugar assim como o queijo!
Aprecie a mudança ? Sinta o gosto da aventura e do novo queijo
Esteja preparado para mudar rapidamente muitas vezes ? Continuam mexendo no queijo
(Página: 77)
Ao final, comece a mudar a partir desse momento, não faça parte do grupo que afirma não ter aprendido nada com a história ou acham que já conhecem e sabem tudo...

1 ? Obra que encontra-se no topo dos livros esotéricos, religiosos e de auto-ajuda mais vendidos por no mínimo três edições consecutivas da Revista Época (nº 249, nº 250 e nº 251), segunda sua pesquisa.
2 ? Spencer Johnson é co-autor de O Gernete-minuto com Kenneth Blanchard. Escreveu diversos títulos que foram grandes sucesso de vendas e entraram nas principais listas de mais vendidos do mundo, entre eles cinco títulos da série Minuto. Seus livros já venderam mais de 11 milhões de exemplares em 26 línguas.