As idéias para escrever crônicas (acho que com todo mundo é assim), vêm, às vezes, de repente, e temos que sair correndo atrás de uma caneta ou de um gravador para não perder aquele lampejo de idéia, que até pode se transformar num bom texto.

Isso já me causou vários problemas, como no dia em que minha mulher pôs aquela fantasia de enfermeira e depois de várias trocas de curativo na minha incisão de fimose (essa era a fantasia), e na hora "H" eu saí correndo para não perder a chance de salvar uma idéia para uma crônica que veio de repente.

Quando voltei ela me disse : "foi a melhor desculpa que alguém já deu para uma brochada"

E como golpe de misericórdia, ela arrematou: "quando estiveres com tesão, enfia tua crônica no c.".

Vocês pensam que é fácil ser escritor.

Eu costumo ter, em alguns momentos, essas idéias de forma relâmpago para algum texto, e dependendo da situação, não dá para gravar ou escrever, e a gente acaba confiando na coisa mais inconfiável que temos à nossa disposição, mais até do que os controladores aéreos, que é a memória.

Numa dessas vezes eu guardei na memória uma crônica, que na hora achei ótima, que começava com a letra "m", mas não consigo, de jeito nenhum, me lembrar.

Achei que fosse "marionetes", que falaria sobre a classe sindical. Não. Não era esse nome.

Também pensei que o nome era "maionese", cujo assunto da crônica seria sobre as alternativas bio-energéticas para substituir a graxa lubrificante. Não.

Seria "magistério", sobre os profissionais que não tem o retorno financeiro do investimento? Também não.

Ême, ême, ême. O que será que eu tinha pensado naquela hora?

"Mágica"? A respeito do que fazer com o salário-mínimo? Eu acho que não.

Agora eu estou me lembrando, não da letra, mas do assunto que seria abordado. O assunto seria sobre a situação política do país. É isso. Falta só o título que começava com "m". Que bosta!

Já sei! Lembrei agora.

O título da crônica era "merda".

Sérgio Lisboa