INTRODUÇÃO

O Cerrado apresenta uma ampla distribuição geográfica, principalmente pelo Planalto Central Brasileiro, abrangendo os Estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, parte de Minas Gerais, Bahia, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Maranhão, Rondônia e São Paulo, compreendendo cerca de dois milhões de Km2, aproximadamente 23% de todo território brasileiro, sendo o segundo maior bioma do Brasil (Ribeiro & Walter, 1998). O Cerrado também ocorre em áreas disjuntas ao norte nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas ilhas no Paraná. Há outras áreas de cerrado, chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e no Pantanal.
Para Arruda (2004), a paisagem desse Bioma é caracterizada por extensas formações campestres e florestas mesófilas ou sub-bosques. Nas vegetações dessas paisagens ocorrem variações na composição florísticas, fitossociologica e produtividade desses ecossistemas naturais devido vários fatores como litologia, geomorfologia, relevo e altitude, hidrografia, solos e clima. Os tipos variados, fitofisionômicos enquadrados em formações florestais (mata ciliar, mata seca, mata de galeria, cerradão), savanicas (cerrado strictu senso, parque de cerrado, palmeiral e vereda) e campestre (campo sujo, campo repustre e campo limpo) Malheiros (2004), é caracterizado pela a heterogeneidade espacial dessas regiões que, são representadas pela diversidade de climas, solos, topografia, latitude, freqüência de queimadas, profundidade do solo freático, pastejo e ações antrópica que reflete num mosaico diferentes tipos de vegetação encontrados nesse bioma (Alho & Martins, 1995; Ribeiro e Walter, 1998).
Segundo Ribeiro & Walter, (1998), o cerrado stricto sensu, designa um dos tipos fitofisionômicos que ocorre na formação do Cerrado, bem definida pela composição florística e pela fisionomia. Tem uma ampla distribuição pelo planalto central, ocupando 70% da área total do Cerrado. Marimon & Lima (2001). Tem um corpo vegetacional bem definido de estrato arbóreo-arbustivo de aproximadamente 6 ou 7 metros com acentuada tortuosidade, com ramificações irregulares e retorcidas e, um aspecto xeromórfico, que é explicado pela teoria do escleromorfismo oligotrófico. Malheiros (2004). Ferri (1969) e Ratter et al (1996), depois de comparar trabalhos publicados sobre a vegetação stricto sensu, chegaram a conclusão que a vegetação desde subsistema apresenta uma grande diversidade devido às variações climáticas e tipos de solo. Silva, et al (2002).
Para Silva, et al. (2002) o cerrado stricto sensu apresenta um estrato rasteiro geralmente contínuo e menos denso que nos outros campos, entre 30 e 60% de sua cobertura, caracterizando bem este subsistema cerrado. Segundo Malheiros (2004) o cerrado stricto sensu. possui a maior parte de espécies vasculares do planeta por hectares entre 300 a 450 espécies, que é rico em espécies vegetais frutíferas e medicinais. Ocorre sob latossolo submetido a elevado intemperismo, tipicamente profundos, porosos, ácidos (pH entre 4,5 e 5,5), pobres em bases trocáveis e ricos em óxido de ferro e alumínio, como também em solos arenosos e areias quartzosas. Malheiros (2004).
O levantamento florístico é importante, pois é o estudo inicial para o conhecimento da flora da área, implicando em listas de espécies ali instaladas que fornecem indicações sobre onde podem ser encontradas espécies com potencial de uso, que, poderão contribuir para estudo atributos da comunidade, bem como a fitossociologia, e a diversidade florística da área. Podem também determinar as espécies nativas ali existentes, bem como as espécies invasoras ou exóticas. Franco (2004).
Autores como Felfili et al. (1993); Filgueiras & Pereira (1993); Goodland (1970); Mantovani & Martins (1993); Pereira (2005); Rater et al. (1996) Rizzo (1981) entre outros, têm feito levantamento florístico e fitossociológicos em áreas de Cerrado em diferentes regiões do País. Trabalhos que evidenciaram a importância do bioma Cerrado, as sua fitofisionomia típicas e a elevada diversidade florística. Campos et al. (2006).
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo fazer o levantamento preliminar das espécies floridas em resquício de cerrado stricto sensu no paço municipal de Goiânia, assim, contribuindo para o conhecimento da flora da área, bem como, fornecer dados a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA) para uma futura unificação com o Parque Municipal Paço, pois se trata de um dos últimos resquícios de cerrado stricto sensu no município que esta sendo degradada pela ocupação urbana. Dentro do programa de preservação do Paço Municipal Park inserir as áreas em estudo, criando trilhas e realização de práticas de conscientização ambiental.
O trabalho justifica-se porque há projeto em andamento da SEMMA para a preservação do Paço Municipal Park, deixando a área em estudo fora desse programa. A área I está ameaçada pela construção de uma igreja e, as outras duas áreas vagarosamente vêm sendo degradadas por ações antrópicas. Mediante o trabalho será demonstrado a riqueza florística dessa área, que merece esforços para a unificação com Paço Municipal Park.