Especialistas em quê?

            Cada vez mais temos visto a falta de dedicação dos profissionais na busca da preparação adequada para exercer suas atividades laborais. Uma das maiores reclamações é a falta de tempo. Só depois de Cristo já são mais de dois mil anos que cada dia tem vinte e quatro horas. Mas, infelizmente, parece que boa parte de nós ainda não percebeu isto: o dia não terá aumento de horas, continuará a ter vinte e quatro horas.

            No trabalho, via de regra, são oito horas diárias de labor. São 480 minutos diários que temos para cumprir nossas tarefas e, em pouquíssimos lugares, invariavelmente, há espaço para treinamento nesse período. Não há outro jeito: preparação deve ser, sobretudo, fora do ambiente de trabalho.

            Ao realizar treinamentos, palestras, cursos, não é difícil notar que alguns participantes estão ali meramente por obrigação. Sentem-se desconfortáveis, alguns, embriagados pela arrogância e soberba, murmuram que não precisariam estar ouvindo tudo aquilo novamente, pois já sabem tudo o que precisam para empreender um brilhante trabalho. Crasso erro, pois o primeiro sinal de ignorância é a crença de que tudo já se sabe.

            Quando o evento é aberto à população, é possível notar também que alguns vão deixando o treinamento quando começam a ouvir algumas verdades que lhes ferem profundamente o íntimo, tendo em vista que não aceitam ser contrariados, diante do primeiro sinal de contrariedade, sentem-se ofendidos e retornam ao lamentável mundo da mediocridade.

            Muitos profissionais sentem-se mal quando precisam permanecer por duas ou três horas em treinamentos. Acreditam que é extremamente cansativo e que não traz resultado algum. No entanto, são capazes de varar a noite na espera do show de um cantor, grupo, de uma banda, cantora tipo como famosos. Enfrentam chuvas, lama, aglomeração, desconforto, empurra-empurra para assistirem, o mais próximo possível, o artista.

            Sim, os artistas merecem o nosso carinho, mas, o maior carinho a quem devemos dar é a nós mesmos. Por que somos capazes de aguardar três, quatro, cinco horas para assistir a um show que, em muito pouco nos acrescentará profissionalmente, no entanto, não temos força de vontade para participar de treinamentos, palestras, que, quase sempre, nos enriquecem sobremaneira?

            Uma das maiores reclamações quando instigo os participantes dos meus eventos a lerem é a falta de tempo. Quando lhes digo que não estão lendo porque preferiram se tornar especialistas em novelas, em filmes, em jogos de futebol, por isso não têm tempo, a maioria sente-se desconfortável, pois refletem e concluem que é absolutamente verossímil a afirmativa. Mostro-lhes que se lerem, ao menos, 10 minutos por dia, ainda que sejam péssimos em leitura, lerão 3 páginas e, certamente, próximo de 100 páginas em um mês. Ficam boquiabertos quando revelo que com apenas 10 minutos por dia de leitura, serão capazes de ler mais de 1.000 páginas em um mês.

            Não é preciso abandonar as novelas, os filmes, os jogos de futebol, os programas da tarde. Eles também têm seu papel na sociedade. Muitos deles esclarecem dúvidas latentes sobre a vida de cada ser humano. Até mesmo as novelas que, infelizmente, na sua maioria, não dão bons exemplos de moral, honestidade, ética, apenas revelam o lado caótico do país. Ainda assim, se as pessoas tivessem opinião crítica, aprenderiam, pois podemos aprender grandemente com os maus exemplos: podemos aprender a como não nos comportarmos.

            O grande problema gravita na necessidade neurótica que algumas pessoas têm de não perder um capítulo da novela, um segundo do jornal, um minuto do jogo de futebol. Conheço funcionários que quando são instigados a laborarem até mais tarde logo respondem: “só posso ficar até o horário da minha novelinha”. Se não mudarem tal comportamento são os melhores candidatos para vencer o jogo dos fracassados.

            Não há meio termo para os que decidem não se especializar na atividade ou atividades que exercem: ou você conta muito com a sorte e vê o que acontece; ou você se prepara muito, conta pouco com a sorte e faz as coisas acontecerem?

            Qual é a melhor decisão? Decidir é fácil, o difícil é enfrentar as conseqüências do que fora decidido!

 

            Um abraço e felicidades sempre!

            Professor Paulo Sérgio Buhrer

            www.professorpaulosergio.com.br

 

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