O relatório do Instituto de El Cano sobre a Política externa de Madrid considera a proposta marroquina de autonomia como uma alternativa viável

Um estado independente no Saara não será viável. Esta é a principal conclusão a qual um relatório do Instituto El Cano resultou, o mais importante think-tank espanhol, que redefine a política externa de Espanha.

Em uma declaração à rádio RNE, o presidente do instituto, Emilio Lamo de Espinosa, reiterou ontem de manhã a mesma posição. Ele afirmou  desde o início que, se o Saara torna-se um Estado, não será sustentável  e será sob soberania marroquina, mas com um forte grau de autonomia, informou a Agência Espanhola Europa Press. Ele insistiu também sobre a necessidade de reconduzir o processo nessa direção.

A chave para alcançar este objetivo, de acordo com Emilio Lamo de Espinosa, é  convencer as partes a chegar a um acordo entre Marrocos e Argélia e  estimular o crescimento econômico do Magrebe árabe, acrescentando que o região é uma área prioritária para a política externa da Espanha.

 Intitulado “ Para uma renovação estratégica da política externa espanhola", o relatório do Instituto El Cano foi desenvolvido por cerca de 200 especialistas espanhóis: pesquisadores, autoridades governamentais, representantes de multinacionais, PME, ONGs, sindicalistas, jornalistas e deputados de todos os partidos políticos.

Entre as questões abordadas por este documento figura a questão do Saara marroquino. De acordo com a agência espanhola Europa Press, o relatório refere-se a alguns processos judiciais tradicionais afetando Espanha dos quais o problema do Saara marroquino. O Instituto El Cano considera que a Espanha poderia adotar uma postura pró-ativa, e quando as condições serão favoráveis, propor uma solução de autonomia que permite satisfazer Marrocos e  Frente do Polisário. De acordo com a mesma fonte, esta solução passa sem mencionar explicitamente por um estatuto de autonomia para o Saara Ocidental sob soberania marroquina, porque, como o El Cano aponta, a criação de um estado povoado de uma centena de habitantes heterogêneos e susceptîveis de radicalizar-se se houver afluxo dos migrantes do Sahel, é uma fonte de preocupação não só para os países do Magrebe, mas também para a Europa, especialmente Espanha, devido à proximidade entre as Ilhas Canárias e Saara.

Tal  agência qualificou esta nova posição, proposta pelo Instituto El Cano de idéia audaciosa para o Saara. De acordo com o jornal El Pais, o relatório espanhol do think-tank elaborado em 2001, sob a presidência honorífica do Príncipe Felipe de Borbón y Grecia, destaca com precaução, a preocupação de uma possível independência da antiga colónia espanhola.

O jornal espanhol " El Mundo", anotou que este relatório de 151 páginas é muito importante. E a primeira tentativa iniciada desde quase 40 anos de democracia, com o objetivo de definir uma política externa baseada no consenso e bom senso, a favor do diferendo entre Marrocos e Frente do polisario.

Lahcen EL MOUTAQI