ESPAÇO E PLANEJAMENTO HABITACIONAL: UMA QUESTÃO DE

SAÚDE PSICOLÓGICA, SOCIAL E URBANA

Renata Meneghini

UNIVAP, Planejamento Urbano e Regional, [email protected]

Resumo

Identidade territorial é assunto relevante nos estudos de planejamento urbano e psicologia social. Ambos os campos disciplinares veem o ser humano em sua dimensão histórica e social e nas relações com o lugar de vida. Tratando-se do problema de populações que perdem seus territóriosapós tragédias urbanas, acredita-se que, junto a esse infortúnio, há um rompimento dos vínculos sociais, da identidade coletiva e de sua historicidade. Há por isso, uma situação de desequilíbrio social e urbano comprometendo a qualidade da vida. O objetivo do trabalho é trazer à tona dois casos de famílias moradoras de Campos do Jordão, que perderam suas casas pelo desmoronamento de terras ocorrido no bairro Santo Antônioem 2000, moraram de favor e, hoje, residem em conjuntos habitacionais populares.A metodologia incluirá duas entrevistas-piloto com moradores que perderam suas casas na referida tragédia, quando serão levantadas questões sobre o bairro em que viviam e o atualconjunto habitacional onde residem. Os resultados mostram que ambas as famílias sofreram psicológica e materialmente com a perda da casa e doterritório em que viviam, devido às más condições estruturais da habitação nos morros.Assim como grande número de famílias brasileiras, conclui-se que, na situação de ambas as famílias,a ausência do poder público nas tarefasdo planejamento da habitação de interesse social se dáao mesmo tempo em que a população, vivendo precariamente e atribulada com as questões da sobrevivência, continua sem a força psicológica da união necessária para se mobilizar e superar as adversidades de um círculo viciosoem que se encontra de indesejável qualidade de vida social e urbana.

Palavras chave:planejamento urbano; habitação; saúde.

Área de Concentração:Planejamento Urbano e Regional.

INTRODUÇÃO

Identidade territorial é assunto relevante nos estudos de planejamento urbano (SANTOS, 2004; LEFEBVRE,2001)e ciências sociais (OZOUF-MARIGNIER, 2009) .

Ambos os campos disciplinares veem o ser humano em sua dimensão histórica e social e nas relações com o lugar de vida (SANTOS, 2004).

Tratando-se do problema de populações que perdem seus territórios após tragédias urbanas, acredita-se que, junto a esse infortúnio, há um rompimento dos vínculos sociais, da identidade coletiva e de sua historicidade (HALBWACHS, 1990).

Há por isso, uma situação de desequilíbrio social e urbano comprometendo a qualidade da vida.

Algumas populações são mais afetadas pelos desastres ambientais devido a vulnerabilidade socioambiental, como exemplo, a região serrana do Rio de Janeiro (Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis), com distribuição desordenada pelo território (ocupação de área de proteção ambiental, margens de rios e encostas) sem nenhuma ação do estado para conter esse processo (FREITAS et al, 2012). 

Segundo estes autores as questões acima estão relacionadas ao nível de desenvolvimento da população e limitações na redução de riscos, baixa participação comunitária, insuficiência de cadastramento e mapeamento de risco, insuficiência de planos municipais de redução de riscos (FREITAS et al, 2012).