Escrivaninha II
Com e Dês compromissada

Bem a meu gosto hoje é domingo e faz sol, releio a crônica de Hilda Hilst,
domingo, 13 de Setembro de 1993, intitulada CRONISTA: FILHO DE ISHTAR, e penso...Penso mais um pouco; Escrever ou não escrever ? Ir ter com as bromélias e fingir que o vento está de amargar?

Enfim entrego-me ao desafio de enfrentar o bloco de notas aberto e registrar
meu contentamento com a noite passada e, porque não deslizar os dedos sobre a infâmia de meus cabelos...Aterrorizada frente ao espelho vejo-me noutro dilema; tingi-los ou deixar à vista o sumo leitoso dos anos...

A vida é problemática e estamos
a problematizá-la de formas Infinitamente criativas. Escolho outra questão portanto...


Quinze minutos se passaram desde o primeiro pensamento, o que poderia eu ter realizado neste período de indecisão? Voilá, conforta-me o pensamento de ter tempo para gastar sem pontuais compromissos.

Com as palavras de Hilda ainda, atravessando-me, percebo o quanto ando de mãos dadas aos existencialistas...


Olho à esquerda e vejo a pilha de leitura por terminar. Com ouvidos do coração ouço Hazel Rowley chamando-me. Decidido , logo mais , no início da tarde irei ao lago , levarei comigo na cesta de pique nique, o vinho que ganhei do meu filho ontem, excelente escolha por sinal e o Livro- TETE-A-TETE: SIMONE DE BEAUVOIR E JEAN-PAUL SARTRE que estava reservado para num domingo como este; encantadoramente ensolarado apesar de bastante frio e ventoso, típico de início de inverno aqui no sul do País. Sua luminosidade é magnífica e creio oportuno aproveitá-la para leitura ...

Afinal a consciente utilização dos recursos naturais é um bom assunto, compromissar-se com este é responsabilidade de todos como diria Sartre; estamos condenados à liberdade e, esta implica em responsabilidades para conosco e com o todo, não sobrevivemos no isolamento e decidir entre viver ou morrer é nossa maior questão e, sobre o drama da finitude pairam nossas assombrações...

Se não leram ainda deixo a dica -a Crônica de Hilda supracitada.

Virgínia fulber - Domingo – 07 de junho 09 N.Hamburgo RS- Brasil

 

ESCRIVANINHA I

 

Escrever é tornar-se é um vir a ser, lançar-se nas e através das percepções, dos afetos, registrá-los na memória do tempo. As percepções já são multiplicidade no momento em que delas se lança mão, serão além, impressões de vida ,vida mesmo potencializada e potencializando afetos capazes de provocar encontros e reencontros nas dobras do tempo, assim sendo escrever também é viver em outras dimensões de Espaço tempo, é tornar-se a própria dobra e desdobrar-se sobre ela mesma sendo outros, vários dispositivos de afetos – Virgínia Fulber- - de além mar poeta -2004-