Escrever é preciso- O princípio da pesquisa

Mario Osorio Marques- 2011. 2ª edição.

Resenhado por Sendi Lauer

“Escrever é preciso- O princípio da pesquisa”, escrito pelo educador Mario Osorio Marques, aborda os aspectos do ato de escrever, principalmente na elaboração de um projeto científico, e representa uma contribuição ao pensamento pedagógico. A obra não se destina apenas a universitários e docentes, como também a pessoas que queiram ampliar seu conhecimento sobre a educação e sobre os métodos da escrita. Autor com mais de 40 anos de experiência e dedicação ao trabalho de formação docente na região de Ijuí-RS, Mario foi sociólogo, doutor e pesquisador em educação, com vários livros e artigos publicados.

A obra, com 146 páginas, é organizada em cinco capítulos que apresentam uma sequência didática de informações sobre o ato de escrever, o qual é um ato inaugural, conforme o autor.

No capítulo 1: “A questão é começar”, o autor afirma que escrever é iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis e que é necessário escrever para posteriormente pensar. Comenta também que escrever “bonito e certo” bitolava o texto, por isso deveríamos nos reeducar e transformar o escrever em um ato inaugural e não algo pré-determinado por regras ou por alguém. Diante disso deveria ter uma alteração na metodologia de ensino utilizada pelos docentes e ampliação dos parâmetros avaliativos, o que traria mais “gosto” pela escrita, ou paixão, como se expressa o autor.

Marques relata a importância da leitura em voz alta e da presença de um bom dicionário para a elaboração do texto, afinal, cada palavra tem seus “segredinhos”. Ele utiliza comparações e cita várias obras e autores, não apenas neste capítulo, mas durante toda a obra.

Importante destacar parte de uma citação de Novaes (pág.24):

“Dizem que a televisão castra nossa imaginação. È verdade. Mas às vezes a fecunda, dependendo do uso que dela se faz.” 

Percebemos que temos várias fontes de informações, basta sabermos abstrair o que é útil à nossa aprendizagem e desenvolvimento.

No capítulo 2: “navegar é preciso”, o autor utiliza metáforas, dizendo que não há caminhos e que esses precisam ser abertos; navegar é preciso para atingir novos lugares, ou seja, ler e pesquisar para adquirir novas ideias.

Neste capítulo destaca-se a influência da psicanálise na ação comunicativa e opiniões de filósofos sobre a imaginação. Assim, percebemos que a obra não abrange apenas a literatura e o desenvolvimento de um bom texto, mas também envolve frequentemente as ciências sociais, como a psicanálise, filosofia e sociologia.

No capítulo 3: “ A obra do escrever no périplo de seu encontro com o leitor”, Marques deixa claro que quando a obra chega às mãos do leitor, estará a mercê dele. Porém sempre permanecerá suposto o autor. Também comenta sobre as várias possibilidades de interpretação de um texto.

O escrevente possui resistências ao escrever, pelo desconhecimento do que vai escrever ou temor de quem vai ler o escrito. Entendemos pela obra que a solução seria: pesquisar muito, libertar a imaginação e encarar a escrita como um reescrever. Importante observar a citação de Marques (pág.85):

“ Se não se surpreende com o que escreve, o autor não produziu um texto seu.”

No capítulo 4: “Escrever, o princípio da pesquisa”, ressalta-se que não se faz ciência sem escrever. Pesquisar é ir à procura de algo diferente e há a necessidade do estímulo de prosseguir sempre, porque assunto puxa assunto e o tema nunca se esgota. Por isso a leitura é a base para que se possa armazenar dados sobre vários temas.

Iniciamos de fato a pesquisa quando começamos a escrever sobre algo. Isso ocorre, por exemplo, com o projeto de pesquisa. Conclui-se que todo conhecimento transmitido possui um embasamento teórico, ou seja, foi avaliado e pesquisado.

No capítulo 5: “Escrita e pesquisa na universidade”, Marques apresenta características do bacharelado, mestrado e doutorado. Em seu ponto de vista, a universidade deixou de conferir apenas diplomas e passou  a desenvolver as responsabilidades sociais e profissionais.

Realmente presenciamos universidades que buscam formar profissionais éticos e qualificados que posteriormente sejam vistos com bons olhos pela sociedade. Além disso, como afirma o autor, a pesquisa deve educar o cidadão para que possa enfrentar situações inéditas, sequer previstas. Este conhecimento não deve ser transmitido apenas nas universidades e sim, desde a educação infantil.

Marques fala que o texto é uma interlocução com o leitor e, observando sua obra, percebemos que é exatamente isso que ele faz. Dialoga com o leitor, elaborando parágrafos em primeira pessoa, com  linguagem mais simples para facilitar essa comunicação.

  Marques consegue atingir seu objetivo, pois através da obra apresenta o ato da escrita em todos os seus parâmetros, além de transmitir a forma de desenvolver um projeto de pesquisa. Recomenda-se a obra devido a elevada quantidade de informações úteis ao leitor em seu desenvolvimento educacional e para ficar ciente dos fatores que influenciam na escrita de um bom projeto.