ESCREVENDO ENQUANTO A ALEMANHA GOLEIA O BRASIL!


Queria entender. Perder era possível, mas não desse jeito. Foi tão horrível que sinto como se nossos cinco títulos mundiais não valessem mais nada. E mesmo que Podolsky educadamente diga que ainda somos o país do futebol, penso que só se for o do futebol ruim.  Não restou mais nada. Não temos boa educação, não temos boa saúde, não temos segurança pública, e nem homens públicos de quem nos orgulhar, só tínhamos o futebol, nossos craques. Agora acabou.
A razão coube aos que foram contra a copa. Eles sabiam que não valia a pena torcer pela CBF. Mas eu não fui enganado pelos dirigentes da entidade futebolística mais corrupta do mundo (depois da FIFA é claro), eu apenas ousei sonhar alto. Em meu sonho o futebol vencia apesar de tudo. Vencia por que estava em casa. Vencia por que merecíamos. Vencia por que já sofríamos o suficiente com as mazelas políticas desse país. O futebol vencia apesar de os estádios serem superfaturados, o futebol vencia apesar de os aeroportos não ficarem prontos. Enfim, vencíamos. Mas não foi assim. Perdemos e perdemos feio, e perdemos tudo.
Quem sabe agora a revolução? O respeito a coisa pública, o fim do “jeitinho”, do apadrinhamento, do nepotismo, quem sabe a mudança? O respeito a fila.
Pelo menos os vice-campeões de 50 podem descansar em paz, libertos, anistiados, perdoados. Surge agora uma ferida maior, mais profunda e dolorida, uma vergonha que não tem tamanho e que nunca vai passar.
Resta seguir com ela, sem hipocrisia, sem tentar escondê-la. Resta mudar e respeitar a fila.




Manaus, 9 de julho de 2014.