Paulo Meireles Barguil – Prof. Dr. UFC

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Mara Paula Santos Silva – Pedagogia UFC

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Ana Caroline Santos Cruz– Pedagogia UFC

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Ana Caroline Costa Bessa– Pedagogia UFC

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Ana Paula Moura da Silva– Pedagogia UFC

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Juliana Jacaúna Carlota– Pedagogia UFC

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Mônica Barbosa dos Santos– Pedagogia UFC

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INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa realizada como pré-requisito da disciplina Ensino de Matemática, tendo como objetivos principais assistir uma aula de matemática, perceber os recursos pedagógicos usados pelo docente e conhecer a realidade escolar e posterior a isso, propor novas perspectivas de ensino. Nesse contexto, a equipe usou como ferramenta metodológica, além da observação, a entrevista que foi realizada com um docente.

A pesquisa ocorreu em uma escola pública municipal, intitulada M. A. localizada em Fortaleza - CE, no dia 29 de janeiro de 2013 às 15h30min (horário do início da aula de matemática), em uma sala de 2º ano do Ensino Fundamental I. A professora de sexo feminino, de iniciais F. E. C, 45 anos, exerce sua profissão há 15 anos e possui formação na área de Pedagogia.

DESCRIÇÃO DA SALA DE AULA

 

A sala de aula media aproximadamente 7,59 x 5,52 m². As cadeiras eram velhas e desconfortáveis e estavam dispostas em fileiras em sentido horizontal da sala (dando a ideia de dois semicírculos). Havia três ventiladores: um sem funcionamento, o segundo ventilava “quase parando” e o terceiro funcionava, porém era bem enferrujado. Entretanto, a sala possuía três janelões que permitiam que a mesma fosse ventilada e arejada. O teto apresentava infiltrações e havia muitas luzes florescentes que somadas à luz que entrava pelos janelões, resultava em boa iluminação. O piso era velho, mas conservado. A mesa da professora estava próxima à lousa e ambas estavam em boas condições de uso. Existia um armário de ferro que a professora guarda o material didático.

Compareceram, neste dia, apenas 11 alunos de um total de 23 alunos matriculados nesta sala. As crianças tinham entre 7 a 9 anos. Segundo a professora, elas eram poucas nesta data devido às pessoas daquelas adjacências estarem em luto e assustadas pela morte de um conhecido deles.

DESCRIÇÃO DA AULA

A professora já havia sido avisada que um grupo de estudantes iria observar um pouco da sua aula a fim de pesquisar a cerca das práticas docentes. Ao chegarmos, notamos que ela ficou um pouco receosa. Informamos para a professora que gostaríamos de observar uma aula de matemática. Como chegamos no primeiro tempo de aula, ela nos permitiu entrar, mas informou que a aula de matemática seria no segundo tempo, e que o primeiro tempo era letramento com a utilização do livro do PAIC.

No momento da aula de matemática, a professora ministrava uma aula sobre agrupamento e se relacionou de forma amistosa com todos os alunos. Ela iniciou a aula dialogando com as crianças acerca do que já sabiam do assunto e, em seguida, fez a apresentação dos conceitos. De modo geral, percebemos que houve uma valorização dos conhecimentos discentes. Contudo, observamos que não relacionava o conteúdo de matemática com o cotidiano dos alunos, isso ficou bem perceptível, pois ela sempre apresentava exemplos do livro.

O livro didático utilizado é intitulado “Fazendo e Compreendendo Matemática”, e seus autores: Lucíola Bechara Sanchez e Marlúcia Peralberg Libermam, 2° ano, editora Saraiva 6ª edição reformulada 2008, componente curricular: Alfabetização Matemática. Vale ressaltar que nem todos os alunos tem o livro, pois o mesmo não veio para todos devido ao fato de alguns alunos serem matriculados após a data do pedido dos livros, assim, segundo a explicação da professora ficou inviável o pedido mínimo de livros. Então, ela sugere aos alunos que não tem livro formem dupla com outro colega.

Ao explicar aos alunos sobre a resolução dos problemas apresentados, a professora não representou a escrita na linguagem matemática, ou seja, não “armou as contas”.

 Na 1ª questão da página 95, que pede para completar com algarismos, palavras e com uma adição, a professora inicia solicitando aos alunos que visualizem a imagem e depois identifique dezenas e unidades. Na questão, o registro na linguagem matemática não é feito, ou seja, a continha não é armada com números, sendo utilizada a forma escrita. Contudo, a questão pede o algarismo, a palavra e por último armar a continha (que a professora esquece-se de fazer em todos os itens). Ela pede apenas que digam as dezenas e unidades e coloca no quadro 20 + 6, não possibilitando que as crianças entendam a relação entre a representação matemática e a imagem apresentada.

Foram realizadas apenas atividades do livro didático, e como já mencionamos, não havia livro para todos os alunos. A forma de suprir a ausência do material para alguns é parcialmente resolvida, quando colocados em dupla. Percebemos que o aluno que fica sem livro pode passar despercebido pela professora quando avalia o aprendizado, pois notamos que enquanto a tarefa foi realizada, um estudante permaneceu aparentemente desmotivado e desenhando algo que nada tinha haver com a atividade. Quando o amigo não conseguia resolver as questões pedia a ajuda do outro que não podia ajudar-lhe muito já que não exercitava com atividades propostas no livro.

Durante a explicação do conteúdo a docente utilizou, além do livro, o material dourado, onde foi possível representar as unidades e as dezenas. Os alunos participaram da aula ao resolver as questões na lousa e ao responder os questionamentos da professora. Quando chamados a utilizar o material dourado, todos mostraram interesse em fazer a representação, aguardando ansiosos a sua participação. A aula foi iniciada às 15h30min e durou 30 minutos.

AVALIAÇÃO DA AULA 

 

Diante da perspectiva atual se vê a necessidade em dinamizar as aulas com novos recursos que incitem a participação ativa e criatividade de alunos e docentes. Assim, em uma aula onde só há uso do livro como recurso e somente um tipo de material concreto, principalmente nessa faixa etária em que a dispersão é algo quase inevitável, não se consegue administrar por muito tempo a realização do aprendizado, sem que uma parte dos alunos não esteja em déficit. Assim pode-se afirmar que o tempo de aula não foi bem aproveitado pela ausência de criatividade, embora existisse uma tentativa de entrosamento da professora com os alunos, e esse foi um aspecto positivo, além do uso do livro, mas é importante ressaltar que nem todos os alunos tinham.

É perceptível, portanto, que esse modelo de aula contribui para a formação de um aluno sem criatividade e ainda incapaz de contextualizar os conteúdos que vivencia na escola à sua vida cotidiana, justamente pela ausência dessa relação no discurso e ações da docente, sendo assim, esses alunos serão reprodutores do que aprenderam, sem compreender epistemologias e interpretações tão necessários nesse processo de ensino e de aprendizagem. Esse tradicionalismo continua formando cidadãos que não acreditam em seu potencial, pois aprenderam que existe sempre um modelo a ser seguido, não vendo necessidade em exercer sua criatividade. Para que essa aula seja mais criativa sugere-se a presença de diferentes materiais concretos em todas as aulas, além da linguagem matemática correta e sua representação na lousa.

PLANEJANDO UMA NOVA AULA

 

Pode-se citar aqui alguns dos recursos que a professora poderia usar para dinamizar as aulas no sentido de explorar a criatividade docente e discente.

Ao iniciar a aula, a professora poderia apresentar alguns materiais como folhas coloridas, canetinhas, lápis, cola e tesoura sem ponta, para a confecção de objetos (material concreto) para se trabalhar na aula, mas somente após indagar dos alunos alguma situação que eles tenham vivenciado que se relacione ao que será estudado e se imaginam que conteúdos irão estudar.

Depois pedir que os alunos se dividissem em grupos de, no máximo 5 (aqui vai depender da quantidade de alunos presente na sala).

Durante essa fase de confecção perguntar aos alunos como eles acham que os povos antigos faziam para realizar o mesmo percurso que estão percorrendo. Até aqui já estaria sendo trabalhada, além da coordenação motora, a importância do trabalho em equipe, noções de medida, a história e consequentemente os “por quês” de se estudar tais conteúdos, dentre outra diversidade de coisas, e isso tudo relacionando as atividades que o livro apresenta e que serão realizadas em casa, caso não haja tempo para o fazê-las em sala. O embasamento teórico poderia continuar a ser o livro, porém da forma mais lúdica possível.

Após a confecção dos objetos, que levaria 15 minutos para a conclusão, a professora poderia indagar aos alunos como eles agrupariam esses objetos, como classificariam (por cor, tamanho, etc.) e pedir também que fizessem (aqui também depende da quantidade de alunos presente na sala, por exemplo: 30 alunos poderiam formar 6 grupos de 5) grupos diferentes e representassem na lousa, essa parte da aula levaria 20 minutos. Após essa fase dentro do tempo estabelecido, os alunos deveriam se reunir em um grande círculo juntamente com a professora e apresentar as dificuldades que tiveram ao realizar a atividade.

E por fim, em aproximadamente 10 minutos, a professora daria as explicações necessárias, relacionando tudo o que foi visto com os conceitos científicos.

           

CONCLUSÃO

É perceptível, portanto que a escola pública ainda não obteve avanços capazes de transformar uma realidade onde a Pedagogia Tecnicista e Tradicional, são modelos fáceis de copiar e disseminar na práxis cotidiana dos docentes, onde quem aprende e quem ensina está fadado a se manter nesse patamar de atuação mínima, onde o aluno por falta de motivação, oportunidade e conhecimento do professor, se vê sem perspectiva de futuro e não é capaz de compreender a epistemologia dos conhecimentos adquiridos, que são de fato necessários para toda a sua vida escolar e social.

Outrossim, é indiscutível a necessidade da escola retomar o seu papel de formar opiniões com conhecimento histórico, onde o sujeito em situação de aprendizagem se perceba como ator que participa e faz parte da construção do conhecimento físico, social e científico.

REFERÊNCIAS

 

BARGUIL, Paulo Meireles. Matematização: uma longa e prazerosa caminhada. Fortaleza. 2012. 12 f. Notas de aula. Digitado.

________. Sentido numérico: usos, registros, propriedades e operações. Fortaleza. 2012. 8f. Notas de aula. Digitado.

________. Sistema de numeração decimal: histórico e características. Fortaleza. 2012. 11 f. Notas de aula. Digitado.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

APÊNDICE

 

QUADROREGISTRO DE EVENTOS OBSERVADOS

 

DURAÇÃO MINUTOS

EVENTO

ATITUDE DO (A) PROFESSOR (A)

ATITUDE DO (A)S ESTUDANTES

COMENTÁRIO DA EQUIPE

5 min

Explicação do conteúdo

A professora demonstra, com o uso do material dourado, a representação de dezenas e unidades

Participam da aula com interesse em usar o material apresentado.

 

 

25 min

Resolução de questões