Erosão do solo: o efeito das gotas de chuva sobre o solo descoberto

Um solo desprovido de cobertura vegetal está sujeito à ação do processo erosivo mais do que um coberto. Como isso ocorre?

Quando o solo está sem cobertura vegetal, seja esta viva ou morta, caso uma chuva ocorra, ele está altamente vulnerável a sofrer erosão. Esse fato decorre devido à energia cinética (ou energia do movimento de queda) das gotas de chuva. As gotas de chuva atuam "bombardeando" o solo, e provocam a desagregação do mesmo. Com isso, agregados de partículas do solo são rompidos pelo impacto das gotas de chuva e as partículas que o compunham passam a se depositar na superfície do solo, reduzindo os poros que absorvem a água no mesmo. Desse modo, com menos poros para absorver água, há uma diminuição da velocidade de infiltração de água no solo, estando esta mais sujeita a correr na superfície do mesmo em um processo denominado escoamento superficial que, em regiões tropicais, é o grande causador de erosão dos solos. Esse "ataque" das gotas de chuva ao solo desnudo causando a desintegração da estrutura do mesmo, é chamado de erosão por salpico e a redução da infiltração devido à obstrução de poros da superfície do solo é conhecida como selamento superficial devido à formação de crostas superficiais.


Figura 1. Solo agrícola sem cobertura vegetal. Este solo, caso uma chuva ocorra, está altamente suscetível à sofrer o processo de erosão.

Fonte da foto: www1.agric.gov.ab.ca


Figura 2. O impacto da gota de chuva sobre o solo sem cobertura vegetal (erosão por salpico) destrói seus agregados.

Fonte da foto: www.ipm.iastate.edu

Figura 3. Encrostamento superficial do solo causando o selamento do mesmo.

Fonte da foto: http://www.ipm.iastate.edu/ipm/icm/files/images/20070507soil-crust.jpg

Visto isso, como proceder para evitar o selamento superficial do solo? A medida básica para tanto consiste em sempre buscar manter o solo coberto por alguma cobertura vegetal (viva ou morta). Com isso, a cobertura vegetal atua protegendo a superfície do solo do impacto direto das gotas de chuva. Dessa maneira, evita-se a formação de crostas superficiais.


Figura 4. Soja em sistema de plantio direto. Repare que os locais entre as linhas de plantio se soja permanecem cobertos com a palhada (cobertura morta) do antigo cultivo. Essa cobertura evita a erosão por salpico e o selamento superficial do solo.

Fonte da foto: www.cnpt.embrapa.br

Diante desse contexto, práticas de manejo do solo que mantenham a superfície do mesmo coberta, tal como o plantio direto, favorecem a conservação do mesmo e, conseqüentemente, protegem também os recursos hídricos como os rios que deixam de receber uma enorme quantidade de sedimentos que seriam produzidos pela erosão do solo, caso este estivesse descoberto.

Outra medida simples e de grande valia consiste em não preparar o solo, que é um momento em que ele fica sem cobertura vegetal, durante a estação chuvosa. A coincidência de tempestades e solos desnudos tem conseqüências desastrosas à agricultura e ao ambiente.

Preparado a partir de:

GALETI, P.A. Práticas de controle à erosão. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1984. 154p.

SPAROVEK, G. Notas de aula de Manejo e Conservação do Solo – módulo conservação. Piracicaba, [a.n.t.], ESALQ/USP, 2009.