EPÍFISE: GLÂNDULA DA VIDA MENTAL 

O mestre e codificador Allan Kardec, em seu preciosíssimo trabalho de ‘Espiritismo Experimental’, dentre tantos ensinos, reflexões, ditados e questionamentos os mais diversos para o bom êxito da prática mediúnica, ministra em dado momento que: 

“Aqueles que querem tudo conhecer numa Ciência, devem necessariamente ler tudo o que está escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, as coisas principais, e não se limitar a um só autor; devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como também as apologias, iniciar-se nos diferentes sistemas a fim de poder julgar por comparação. Sob esse aspecto, não preconizamos nem criticamos nenhuma obra, nem queremos influir em nada sobre a opinião que se pode delas formar; trazendo nossa pedra ao edifício, colocamo-nos nas fileiras; não nos cabe ser juiz e parte, e não temos a pretensão ridícula de sermos os únicos dispensadores da luz; cabe ao leitor apartar o bom do mau, o verdadeiro do falso”. (Vide: “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec – 1861 – Allan Kardec). 

De tal se pode extrair que: 

-Para se conhecer de tudo de uma Ciência, deve ou deverá o indivíduo conhecedor, ler de tudo sobre a mesma, as críticas e as apologias, as obras dos contras e dos prós, para se poder julgar por comparação. 

E, mais ainda, se pode retirar de tal texto que: 

-Kardec não tinha, em sua humildade, e, consoante suas palavras mesmas, a tola pretensão de ser o único dispensador da luz. 

De fato, mesmo antes de Kardec, precursores do Espiritismo, como, por exemplo, Emanuel Swedenborg (1688 - 1772), já o conhecia e o divulgava em diversas publicações como é do conhecimento de todos nós.

E, um tanto mais distante no tempo, sabe-se que Sócrates e Platão vieram a representar, igualmente, dignos precursores do Cristianismo e do Espiritismo, cujo termo (Espiritismo), afinal, fora estabelecido por Kardec para designar a nova Doutrina que surgia em meados do Século Dezenove, mais exatamente em 1857 com a publicação de “O Livro dos Espíritos”. Com relação a Swedenborg, mais ainda, um pequeno, mas importante livro, publicado pela Federação Espírita Brasileira, de título: “O Espiritismo Na Sua Expressão Mais Simples – e Outros Opúsculos de Kardec”, acentua que:    

“Swedenborg era um médium natural, extático, vidente e audiente; escreveu o que viu e ouviu e, como vivia só, não pôde controlar suas observações com outros testemunhos, donde se segue que sua doutrina é fundada sobre as impressões de uma só individualidade. O Espiritismo, ao contrário, é resultado de observações concordantes feitas com o concurso de milhares de médiuns em diversos países, o que permitiu estudar o mundo invisível em todas as suas fases, abstração das idéias e crenças individuais. Apesar das diferenças existentes em alguns pontos, entre as duas doutrinas, Swedenborg não deixa de ser um dos mais eminentes precursores do Espiritismo, tanto por seus trabalhos quanto por suas qualidades pessoais”. (Opus Cit.). 

E, de Kardec para cá, ou seja, dos clássicos do Espiritismo até aos maiores médiuns escreventes do século vinte, tais como os respeitáveis Chico Xavier, Pietro Ubaldi, Divaldo Franco, Yvonne Pereira, Raul Teixeira - bem como outros importantes nomes da escrita e da divulgação espírita - quanto não se fizera e não se realizara em torno dos aprofundamentos da Doutrina Espírita? 

Nada obstante, sabemos que, dentre os trabalhos da lavra mediúnica de Chico Xavier, uma sua coleção viera provocar o maior rebuliço ao seio do movimento espírita: trata-se da “Série André Luiz” com suas inéditas informações das coisas atinentes às colônias, verdadeiras e complexas cidades situadas no mundo paralelo ao nosso de matéria densa, no que se convencionara chamar de: Mundo Espiritual.

Entretanto, se suas duas primeiras obras: “Nosso Lar” (1943 – Feb) e “Os Mensageiros” (1944 – Feb), foram as razões principais de toda aquela discussão, uns aprovando e outros desaprovando, com a publicação da terceira representante da famosa “Série”, fora possível melhor aquilatar a seriedade e a confiabilidade de tais trabalhos. 

Pois que, em sua terceira obra: “Missionários da Luz” (1945 – Feb), os espiritistas, sobretudo aqueles que condenavam, puderam constatar o notável entrosamento que o referido autor engendrava entre o conhecimento acadêmico e o espiritual, apoiando-se, pois, nas mesmas bases da Ciência conhecida e divulgada pelo mundo terreno, principalmente nas áreas da Biologia e da Fisiologia. 

A meu ver, todavia, julgo encontrar nas transcendentes funções da epífise, ou glândula pineal, o maior dos destaques de todos aqueles ensinos ali tratados. Para o notável autor, que se coloca como um aprendiz de Altos Planos, a epífise, respondendo pelos mais elevados fenômenos psíquicos - tais como o pensamento, a reflexão, o discernimento – é a glândula da vida mental, e, portanto, glândula intrínseca ao Espírito, e que, em suas múltiplas funções, se correlaciona, igualmente, e, como não poderia deixar de ser, com o exercício da faculdade mediúnica, em que a mente, através dela, intensifica o poder de emissão e recepção das correntes de pensamento de uma para outra esfera, estabelecendo a sintonia vibratória ideal. 

Mas tem mais: como faculdade potencial, em desenvolvimento, é na epífise que reside o novo sentido dos homens, frisa bem André Luiz. Sem esquecermos, todavia, e, dando a mão à palmatória, de que o grande espiritualista intuitivo Pietro Ubaldi, em “As Noúres” (1937 – Fundapu), já havia estudado tais técnicas de intercâmbio mediúnico e concluído que a citada glândula (ou corpo pineal) é o órgão central da ressonância psíquica e da sintonização noúrica.  Aprofundando mais, André Luiz informa que dita glândula irá despertar no organismo humano, durante a puberdade, suas forças criadoras, atuando, a partir daí, como o mais importante laboratório de elementos psíquicos da criatura encarnada. 

A epífise, que segrega hormônios psíquicos, é detentora de particular ascendência sobre todo o sistema endocrínico, dirigindo a cadeia glandular. Estando ajustada a mecanismos mentais por meio de princípios eletromagnéticos do campo vital, a epífise evidencia-se como órgão de vasta expressão nos domínios fisiológico e espiritual. 

Resumindo: 

-Como centro psíquico, o corpo pineal é o foco de distribuição das energias sutis provenientes da própria Alma;

-Que recapitula e desperta, com os gritos da puberdade, suas forças genésicas e criadoras;

-Que se correlaciona com os fenômenos nervosos da esfera emocional;

-Que dirige suas unidades glandulares e que, em suma:

-Controla as diversas repartições celulares, suprindo de energias psíquicas a todos os armazéns autônomos dos órgãos. 

Em tempos ora percorridos, o mundo acadêmico têm suas interpretações mesmas, e, sem dúvida, um tanto próximas da colocação espiritista do corpo pineal. Por exemplo, o especialista Aaron Lerner descobriu em 1958 que a epífise segrega a melatonina, substância que, passando para o sangue e agindo à distância tem a propriedade de regular o funcionamento das gônadas. Outros estudos vieram revelar que a epífise está comprometida não só com departamentos orgânicos, mas também com funções psíquicas, o que levou os renomados Thiéblot e Bars a declararem, em 1955, que os clínicos modernos estão constatando a verdade dos vôos intuitivos de Descartes no tocante a ser, dita glândula, a sede da misteriosa e insondável: Alma humana. 

Mas novas pesquisas mostraram que diferentes tonalidades de luz propiciam interferências no funcionamento da epífise, ou seja: muita luz inibe sua atividade, e obscuridade, ao contrário, promove o seu desempenho. Neste aspecto, deve-se ratificar o já exposto, explicitando com os Drs. Richard Wurtman e Julius Axelrod, que a pineal, atuando como um relógio biológico sensível e complicado converte a atividade nervosa cíclica, gerada por mudanças de luz no meio ambiente, em informação endócrina. 

Por outro lado, observações com o nível de melatonina no sangue, realizadas por Alfred Levy e coadjuvantes, vieram constatar sua importante relação com a dinâmica mental do paciente em tratamento. (Vide: Na Internet: estudos de tais pesquisadores, bem como artigos e livros diversos do nosso brilhante Dr. Jorge Andréa). Tais investigações, com efeito, demonstram existir uma relação direta entre a melatonina e numerosas doenças neurológicas (epilepsia, insônia, etc) e de fundo psiquiátrico (esquizofrenia, depressão, e outras). 

Por outro lado, cientistas citados por Ostrander e Schroeder (“Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro” – 1970 - Cultrix), afiançaram que a glândula pineal tem a propriedade de emitir e de captar ondas magnéticas. 

Ora, em sendo sensível à luminosidade e, se acrescente, às ondas magnéticas, será de compreender-se que o corpo pineal o seja, igualmente, à irradiação mental e perispirítica do Espírito comunicante, esclarecendo, assim, suas transcendentes funções no campo da mediunidade. De tal forma que, outra vez, a Ciência é convocada a confirmar, em seus amplos aspectos, a influência epifisária sobre todo o sistema nervoso humano postulado pelo Espiritismo recente (Pietro Ubaldi e André Luiz); como também suas atribuições metafísicas. 

E está confirmando! 

A epífise, pois, nesta versão psíquica de vanguarda, é uma complexa ponte entre o Espírito e a matéria, entre a vida espiritual e a vida orgânica que, além do mais, parece atuar tal qual avançado ‘chip’ de computador, porém, bio-psíquico, armazenando dados vitais do seu operador, e, no caso em questão, do Ente palingenésico, comandante supremo daquela minúscula cabine de instruções pretéritas e atuais do Espírito imortal, que se espraia pelo campo bioplasmático, energético e orgânico da composição material. 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocínio

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