INTRODUÇÃO: Atividade epidemiológica, ou vigilância de epidemiologia é o conjunto de ações que permeiam através do conhecimento, detecção e prevenção de qualquer mudança nos fatores condicionantes e que determinam o bem-estar, juntamente com a saúde individual e coletiva, conforme a lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (DANTAS, 2014). A influenza é uma doença popularmente conhecida como gripe, e denominada corriqueiramente como gripe sazonal. Trata-se de uma doença infecto contagiosa de transmissão direta que ataca as vias respiratórias, apresentando sintomas facilmente perceptíveis, tais como tosse, coriza, febre e dor no corpo. O padrão de manifestação é variável em cada indivíduo e costuma durar entre 04 e 15 dias (NETO, 2000). O presente trabalho teve por objetivo identificar e analisar dados quantitativos e qualitativos referentes à vacinação do vírus influenza, bem como, delimitar suas principais características epidemiológicas, como agente etiológico, transmissibilidade e população de risco no Estado do Rio Grande do Norte. REFERENCIAL TEÓRICO: Uma das maiores epidemias já conhecidas pela humanidade foi devido a uma variação do vírus da gripe, enquanto o mundo se preparava para a 1ª guerra mundial, uma patologia silenciosa atacava a população, foi o primeiro registro da gripe do subtipo H1N1, ou gripe espanhola, como ficou conhecida, sendo responsável, sozinha por matar grande parte dos soldados que participavam da guerra. A gripe espanhola, como ficou conhecida, teve seu fim em 1919, mas não o seu agente etiológico. Em 2009, no México, foi notificado um surto de um “novo” vírus, o H1N1, ou gripe suína, o então vilão estava de volta. A OMS classificou o surto como pandêmico e registraram 400.000 casos, aproximadamente 5000 óbitos (MEIRELLES, 2009). Uma das funções integradas à epidemiologia é o de notificar os casos de doenças graves e compulsórias, para que sejam aplicadas as medidas comuns ao controle. Um dos exemplos de doença de notificação compulsória é a hanseníase, que devido ao seu alto grau de transmissibilidade precisa ser informada para se buscar os procedimentos comuns ao controle. Estas notificações são feitas através do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAM), e fornecida pelo Centro Nacional de Epidemiologia, juntamente com o apoio do DATASUS, atuando nas unidades de saúde, possibilitando a coleta de informações em todo o território nacional (LAGRECA, 2014). A influenza é uma doença viral, febril, aguda, considerada benigna e autolimitada que ataca o sistema respiratório, os sintomas são febre, calafrios, tremores, dor de cabeça, mialgia e anorexia no corpo, dor de garganta, tosse seca e coriza, a infecção dura em média uma semana, às vezes persistindo por mais dias (BRASIL, 2015). Quanto a sua etiologia, trata-se de doença causada por um vírus generalizado chamado Influenza, que pertence à família Orthomyxoviridae, o mesmo tem por característica a presença de filamentos de RNA segmentado, subdividido em três tipos de vírus, o tipo A, B e C. O vírus tipo C normalmente está associado a infecções brandas, e não é caso de notificação pública e epidemias. O vírus da influenza A e B está ligado a grandes epidemias sazonais e é igualmente responsável pelas pandemias (MARTINEZ, 2009). A influenza do tipo A é classificado também de acordo com proteínas específicas de sua superfície, as Hemaglutinas (HA ou H) e Neuramidades (NA ou N), que normalmente servem de base para nomear o subtipo. Alguns deles são os H1N1 e H3N2, que circulam atualmente em organismos humanos, sendo outros de origem aviária, como o H5N1 e H7N9. Os reservatórios naturais de todos os três tipos podem ser os humanos, sendo que o tipo B e C são exclusivamente humanos (BRASIL, 2015). Ainda assim, a influenza não tem sintomatologia própria, sendo muitas vezes confundida com resfriados e as famosas rinites alérgicas. De uma maneira geral, o resfriado comum possui características patológicas semelhantes, porém sua duração varia entre 02 e 04 dias, também comprometendo as vias aéreas superiores. O resfriado comum é causado normalmente por vírus distintos da influenza, como os Rhinovírus, Coronavírus, Parainfluenza, Vírus Sincicial Respiratório, Enterovírus e o Adenovírus. De maneira semelhante acontece a rinite alérgica, sendo esta dividida em sazonal, pois atinge a população em certas épocas do ano, com pouca umidade, bem como uma que dura o ano todo, sendo que frequentemente não se noticia caso de febre, somente quando associada a infecções (BRASIL, 2015). METODOLOGIA: O presente trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica quantitativa e qualitativa (MARKONI e LAKATOS, 2005), adicionalmente, foi realizado levantamento de dados epidemiológicos. A busca do material bibliográfico aconteceu entre os meses de setembro e outubro de 2015, utilizando como palavras chaves: Epidemiologia, Influenza, Vacinação contra influenza, etiologia da gripe, Boletim epidemiológico, dentre outros. As bases de pesquisa indexadas foram Biblioteca BIREME, Scielo e Ministério de Saúde. Os critérios utilizados na inclusão foram: artigos completamente publicados e revisados, escritos em língua portuguesa, inglesa, ou traduzidos, entre os anos de 2000 e 2015, livros disponíveis nas versões portuguesas ou traduzidas, nas suas versões mais recentes dentre os anos de 2000 e 2015, da mesma forma como textos disponíveis no Ministério da saúde do Brasil e boletins epidemiológicos disponibilizados pela Secretária de Saúde do Estado do RN. Ao final do levantamento bibliográfico foram utilizados 11 artigos selecionados de acordo com sua relevância para o trabalho. ANÁLISE E DISCUSSÃO: Concomitante ao crescimento populacional da humanidade vem à preocupação com o aumento das enfermidades, estas atacam silenciosamente a população e diminuem em número os indivíduos, como é o caso da epidemia da gripe espanhola citada anteriormente. No Estado do RN, os dados sobre a Gripe H1N1 disponíveis no boletim epidemiológico de Junho/2015, mostram que essa doença vem diminuindo ao longo dos últimos anos, desde sua a chegada e estabelecimento no Brasil, mostrando que o controle e a erradicação vêm se tornando positiva sobre a patologia. Desde 1999 o Ministério da Saúde vem realizando campanhas de vacinação contra a influenza, tanto com idosos, acima de 60 anos, como em gestantes e recém-nascidos. Esta vacina também faz parte do calendário de vacinações de populações indígenas, que está disponível no CRIE (Centro de Referência Imunobiológica Especial) de cada estado. A vacina é feita a partir do subtipo viral predominante de determinada região, onde se replica parte do vírus ou ele “atordoado” para conferir imunidade celular, sem necessariamente ter contato com a forma patológica. A vacina torna-se eficaz por cerca de um ano, pois, mesmo que ela traga imunidade para o subtipo dominante, o vírus é extremamente mutante, por isso, é necessária nova vacinação, visto que, o vírus que circulou no ano já não é o mesmo do ano subsequente (BRASIL, 2015). No Brasil, durante os anos de 2011 e 2013, foram monitorados os valores totais de vacinação, principalmente nos grupos de riscos. Esse monitoramento possui alguns pontos que podem ser destacados, os quais estão discriminados no parecer técnico geral epidemiológico do ano de 2014, onde, entre 1999 e 2010, apenas a população idosa e alguns grupos de risco eram vacinados. Considerando os idosos, entre 1999 e 2013, a cobertura de vacinas oscilava entre 64,78% no ano 2000 á 87,73% em 2013. A partir de 2011, novos grupos de risco foram adicionados ao programa, sendo administradas mais de 25 milhões de vacinas a cada ano, atingindo um valor de 80% da cobertura vacinação da população idosa no ano de 2011 (BRASIL, 2014). No Rio Grande do Norte, observando os dados de 2015, foram registrados até a data de 23/05, 61 pacientes com suspeita de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), porém nenhum deles foi confirmado para influenza tipo A (H1N1). Houve identificação de 01 caso de Influenza B, 02 casos de A/H3 sazonal e 19 casos de vírus de vírus sincicial respiratório (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO, 2015). No Brasil, foram aplicadas cerca de 152.218.727 doses da vacina contra a influenza sazonal, entre os anos de 1999 e 2009, sendo que desses valores, foram reportadas cerca de 1395 complicações, dos quais 89,4% não tinham repercussões graves, apenas casos de reações locais, mialgias, febre e artralgia. Nesse período foi verificado 01 caso de óbito (0,000001% das vacinações), porém, houve um grande aumento do número total de vacinações se comparado a décadas anteriores, revelando adesão pelos moradores das comunidades e profissionais de saúde (MARTINS, 2011). Esses valores também podem ser conferidos, para o ano de 2013, disponibilizados pelo Boletim técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra influenza. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O vírus da influenza é bastante mutável, consegue se adaptar e coevoluir de acordo com o seu hospedeiro, sendo possível até mesmo a fusão de proteínas da membrana de tipos diferentes de organismos simplesmente pelo fato do vírus ter transitado entre eles. Isso confere a doença uma alta capacidade de resistir à vacina, sendo necessário que ela seja administrada pelo menos 01 vez ao ano, pois, o vírus que atuava durante época da vacinação, provavelmente não será o mesmo do ano seguinte. Por isso, a OMS convoca duas consultas anuais em fevereiro e setembro para recolher possíveis amostrais de vírus pandêmicos, tanto do Hemisfério Sul como Norte, para compor as vacinas que ficaram disponíveis para os governos, lembrando que as amostras colhidas no hemisfério Sul, só servirão para o lado Sul, do mesmo jeito no Norte. As amostras são escolhidas com base na similaridade com o vírus que está mais disseminado na região em humanos e cultivado em ovos de galinhas através da proteína ali contida. Devido a essa alta taxa de mutação se faz necessária vacinação anual. Todo ano o Ministério da Saúde lança campanhas de vacinação para os grupos de risco, como a população dos idosos e grávidas, ainda assim recebem gratuitamente a vacina. Mesmo assim, existe uma evasão muito grande da população contra a vacina, onde eles se esquivam da campanha, pois temem pegar a doença pela própria vacina, visto que, devido a falsas informações, isto consegue atordoar a população. De fato, como a vacina é composta pelo próprio vírus atordoado é esperado que se desenvolva alguns sintomas da doença, mesmo não estando doente, isto acontece devido ao sistema imune reconhecer os capsídeos dos vírus e reproduzir a doença em resposta ao “ataque” dessa sustância invasora, porém, o indivíduo estará imunizado contra a o vírus da influenza sazonal e a partir daí não sofrerá infecções com o vírus do ano. REFERÊNCIAS BRASIL. CAMPANHA NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRA A INFLUENZA. Informe Técnico. 35p. 2014. BRASIL. INFLUENZA (gripe). 2015. Disponível em Acessado em 31 de setembro de 2015. BRASIL. Portal da saúde. Influenza. 2015. Disponível em Acessado em 31desetembro de 2015. DANTAS, Sandra Maria de Morais Bezerra. et al. RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS PELA EQUIPE DO NÚCLEO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR REFERENTE AO PERÍODO DE JANEIRO A MARÇO DE 2014. Núcleo de vigilância epidemiológica hospitalar. 24p. 2014. GOVERNO DO RN. BOLETIM INFORMATIVO DA VIGILÃNCIA EPIDEMIOLOGICA/CPS/SESAP – RN: DIA 28/05/2015. Centro de informação estratégica em vigilância em saúde. 6p. 2015 LAGRECA, José Ricardo. et al. RELATÓRIO EPIDEMIOLÓGICO PRIMEIRO SEMESTRE/ 2014. Hospital universitário Onofre Lopes. 60p. 2014. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. FUNDAMENTOS DA METODOLOGIA CIENTÍFICA. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2005. MARTINEZ, José Antônio Baddini. INFLUENZA E PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS. J Bras Pneumol. v.35, n.5, p.399-400. 2009. MEIRELLES, Gustavo de Souza Portes. INFLUENZA: O VELHO INIMIGO ESTÁ DE VOLTA– E RENOVADO. Radiol Bras. v.42, n.6, p. V e VI. 2009 NETO, Vicente Amato; PASTERNAK, Jacyr. INFLUENZA SIM, GRIPE NÃO. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v.33, n.5, p.499-500. 2000. SUVIGE. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO JULHO/2015. Centro de informação estratégica em vigilância em saúde. 8p. 2015.