Entre as propostas dos presidenciáveis, sob um olhar de fragmentos da Obra de Ellen Wood, Demoracia contra o capitalismo.

O que representa as tendências marxistas no discurso político, cultural e ideológico no Brasil hoje?
A partir desta questão pretende-se problematizar a direção em que caminha as novas propostas presidenciais ditas populares e para tanto é necessário situar as mudanças operadas historicamente nas propostas marxistas e entender esse fenômeno no Brasil e no mundo. Portanto o objetivo deste texto é expor brevemente elementos, que em linhas gerais, norteiem essa discussão que se faz necessária em tempos de eleições e de cerceamento de alternativas reais de superação do capitalismo.
Apresentamos ainda as características expostas por Wood para fazer compreensível a trajetória histórica do método materialista-histórico, visto como fundamento do pensamento e prático da esquerda.
Ellen Meiksins Wood, em seu livro "Democracia contra o Capitalismo", de imediato, afirma que a esquerda busca estratégias não opositoras ao capitalismo. A intenção dos intelectuais dessa área é se incluir nos espaços de poder e construir fragmentos de idéias de esquerda, como os discursos e identidades alternativas.
Nessa nova intelectualidade, a contradição capital e trabalho é substituída por uma suposta contradição entre estado e sociedade civil, e parecem aceitar as leis capitalistas como leis universais da historia.
Wood, relata que essa constatação atual não ocorre sem uma complexa formatação da teoria baseada na luta de classes em adaptações, a determinismos como o de Althusser e tendências humanistas e voluntaristas, vistas no stalinismo. Como parte disso, percebemos ainda em Habermas, uma abordagem do agir comunicativo que transfere da contradição econômica e historicamente construída a relativização pós- moderna.
A autora deste texto, pretendeu definir o capitalismo "como um sistema de relações sociais e como um terreno político" enquanto considera as mudanças ocorridas nos fundamentos do materialismo histórico.
E como terreno político o capitalismo faz da esquerda presente na realidade pós moderna novas formas de dominação e de poder, desmembradas de suas origens e objetivos, que tendem a ser não ?capitalistas.
O que mais chama atenção no texto de Ellen wood e que é destaque no titulo do livro, é uma possível alternativa ao que se apresenta conjunturalmente, a democracia como desafio ao capitalismo, e incoerente quando vinculado ao liberalismo. Fazendo avançar e inibir estritamente as características democráticas, já que não pode ultrapassar os limites reduzidos em que se adota.
Hobsbawn numa entrevista a Antonio Polito, cita os fatores que debilitaram a esquerda estruturalmente, dentre eles estão a sociedade de consumo; a liberdade sem referencia as conseqüências sociais, simplesmente como escolhas individuais.
Interessa-nos nesta entrevista, sua fala sobre a dificuldade no processo de sucessão de liderança que se dá por intermédio de organizações políticas. O autor considera essas formas como tradicionais nas "democracias". E mostra a perpetuação do poder, como ocorria antes nas monarquias pretende-se alimentar o capital com um exercito industrial. Na inclusão produtiva que considera a sustentabilidade, junto com a responsabilidade social, ou seja só espaços de poder, nenhuma contestação efetiva ao sistema. A esquerda busca alternativas de viabilizar o capital, enquanto o próprio capital se critica.
Apresentam-se como propostas correlatas dos referidos candidatos, apoio ao empreendedorismo, moradias populares, inclusão de consumo, qualificação educacional tecnica, segurança como aumento de apoio policial. Saude com upas e diferenciada, na medida em que se busca incentivos no sistema privado.
Atualmente a flexibilidade se firma pela desregulamentação do mercado de trabalho e enfraquecimento da rede de segurança. A esquerda se desenvolve nesse contexto onde se tenta viabilizar a cidadania, aprimorando os direitos sociais.
Discursos como o de Marina Silva e Dilma Roussef se encaixam no que Ellen wood explicita como mercado social, "um mercado capitalista com rosto". O que não percebem esses militantes de esquerda é que o mercado não é oportunidade, ele é um imperativo e é inerente ao capital a contradição entre as funções reguladoras do mercado e sua capacidade de socialização.
Todas propostas analisadas se inserem no contexto do mercado capitalista como espaço politico, assim como economico, um terreno não apenas de liberdade e escolha, mas tambem de dominação e coação.
Wood chama atenção para a necessidade de procurar novas formas de propriedade, mecanismos motores, novas racionalidades, novas logicas economicas, tendo como via ou caminho, a democracia de produção. Como pensamento de esquerda, nenhuma proposta se mostra coerente e atualizada de forma a considerar uma ruptura de fato com o sistema capitalista, pretendem como demonstra a autora do texto aqui, várias vezes citado é viabilizar meios de dominação que sustentem as vias de produção e reprodução das relações capitalistas.