ENSINO SUPERIOR E MEIO AMBIENTE

Este resumo busca justificar a presença de disciplinas referentes a Meio Ambiente e Saúde no Ensino Superior, partindo-se da análise de fatos históricos acontecidos em 1968 e 1992, no tocante à participação política da juventude.

Os universitários brasileiros estavam completamente engajados na luta contra a Ditadura Militar no final da década de 60 e a mobilização estudantil era mesmo intensa. Nas faculdades nasceram Diretórios Estudantis, Grêmios e Centros Acadêmicos.

Assim, ao lado dos “rebeldes sem causa”, dos anos 50, pintaram “os rebeldes com causa”, ansiosos para participar da política, de fazer uma revolução no Brasil, em mexer com a s velhas estruturas que sustentavam (e sustentam) os grupos que controlam o Poder. (MACEDO/OLIVEIRA, 1996:176)

A União Nacional dos Estudantes (UNE ), unificou as lutas estudantis em escala nacional quanto às reivindicações ligadas ao Ensino, à Política, em defesa da Democracia, em apoio às lutas dos operários, e em favor aos direitos humanos, entre outros.

O movimento estudantil dos anos 60 era de oposição ao capitalismo, ao imperialismo norte-americano e ao Regime Militar, e tal qual o movimento operário, foi pressionado, reprimido e aos poucos sofria a intentona  desmoralizadora dos militares, até mesmo com a força bruta: bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral, cassetetes e tanques. Imperava, então, o terrorismo cultural.

Por isso, cuidado, meu bem! Há perigo/ na esquina/Eles venceram e o sinal esta fechado/ pra nós que somos jovens/...Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo/ ao vento, gente jovem reunida/Na parede da memória esta lembrança é o quadro que dói mais/Minha dor é perceber que, apesar termos feito tudo, tido o que fizemos,/ ainda somos os mesmos e vivemos ,/ ainda somos os mesmos e vivemos  como os nossas pais. (BELCHIOR, Como os nossos pais. LP Alucinação, 1976, Philips, apud MACEDO/OLIVEIRA, 1996: 178)

 Entre 1966 a 1979, conforme relatório de pesquisa, 7367 pessoas foram levadas ao banco dos réus pelo Regime Militar, principalmente com a instalação do AI-5. “Entre os principais alvos dos órgãos repressivos estavam militares não-graduados, sindicalistas, políticos, jornalistas e estudantes universitários... muitos estudantes universitários”. (Iidem,1996:179).

Desde o início dos anos 80, o movimento estudantil se reorganizava por meio de entidades ou grêmios escolares.  Em 1992, os estudantes com as “caras pintadas” , nome que os rotulou, voltaram às ruas para o impeachment do então presidente Fernando Collor.

O formidável movimento popular que tomou conta das ruas e praças de Norte a Sul do Brasil, alem de possibilitar uma inédita demonstração de vigor das instituições democráticas, lançou por terra alguns mitos consagrados pelo cinismo e pelo conformismo na cultura brasileira. O maior deles é: não adianta protestar porque nada vai mudar mesmo, não é? Errado. (FRARE, apud MACEDO/OLIVEIRA, 1996:181)

 Conclusão

Quando o povo se une para exigir um direito ou lutar contra algo que considere injusto, pode conseguir muita coisa, até mesmo derrubar um presidente da República. Numa análise geral de todo o exposto fica nítido o poder que os estudantes do Ensino Superior podem exercer sobre os rumos de uma nação.

A atuação dos universitários concretizou-se a despeito de uma problemática sócio-política em caráter de emergência, ou seja, uma situação critica que se apresentava na década de 60 com um regime político que aniquilava direitos e podava a liberdade cidadã.

O efeito estufa, causando o aquecimento da temperatura global e elevando, assim, os níveis do oceano, as chuvas ácidas envenenando lagos e solos, e o buraco na camada de ozônio elevando os raios ultravioletas remetem a urgência, ou seja, aquilo que urge ser feito com rapidez, sem demora,  pois, afinal de contas,   refere-se à vida na terra.

Seja nas grandes cidades, seja nos pequenos vilarejos, nossos comportamentos e atitudes podem gerar problemas ou soluções. Desta feita, é possível enfrentar os desafios com comprometimento.

Espera-se que, entre outras, a força estudantil ressurja em defesa do Meio Ambiente, exigindo medidas mais enérgicas e eficazes tanto do poder público e autoridades, quanto da conscientização da sociedade com maior pungência

Nesse sentido justifica-se que se tenha Meio Ambiente como disciplina obrigatória em todos os cursos superiores, inclusive para que se posicione conforme o pensamento de Raul Seixas:  “Eu que não vou ficar com a minha boca escancarada e  cheia de dentes esperando a morte chegar”.